Robô Pepper: tecnologia para todos, mas estamos atrasados

Conversamos com Gil Giardelli e com a humanoide Pepper sobre o futuro da inteligência artificial e robôs.

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5:34 pm - 24 de setembro de 2019

A inteligência artificial tem estado cada vez mais presente no nosso dia a dia. Essa popularização está em diversos setores, como em produtos de consumo, no marketing.

Nós trocamos uma ideia com Gil Giardelli, um dos fundadores da PlugInBot e referência no mercado, sobre AI, robótica, futuro, Sociedade 5.0.

Segundo ele, hoje o nosso país ainda está um tanto quanto atrasado neste aspecto, mas devemos nos atentar ao fato de que, não importa o quanto devemos avançar, as pessoas devem estar em primeiro plano.

“Hoje o Brasil está muito atrasado nessa economia da Inteligência Artificial”, disse Giardelli. “O que estamos discutindo ainda é a Quarta Revolução Industrial, mas já estamos falando de uma Sociedade 5.0″, afirmou.

Ele cita, também, que é importante parametrizar o que é a Sociedade 5.0. Durante o IT Forum+, Yoko Ishikura, professora emérita da Universidade Hitotsubashi, nos trouxe mais detalhes sobre o conceito nascido no Japão.

“A tecnologia só pela tecnologia não se sustenta”, disse Giardelli, relacionando que o ser humano precisa estar no centro da discussão. Este é, exatamente, o principal ponto da Sociedade 5.0.

Conexões, só que humanas

Em paralelo, na Ásia, ele conta que há uma mudança de paradigma interessante onde o ser humano tende a valorizar mais as conexões naturais e humanas.

Giardelli explica que esse tipo de conexão acontece quando a sociedade “cansa” da digitalização, então a vida real volta ao primeiro plano.

Segundo Giardelli, que teve uma experiência de 90 dias recentemente na China, “as pessoas lá estão indo muito para a natureza” e “experimentando muito essa desconexão”.

Ele ainda relaciona que na China as pessoas já experimentam muitas tecnologias com certa antecedência, “mas que ao mesmo tempo, as pessoas querem se conectar com os seus valores da humanidade”.

Mas, claro, no mundo digital as coisas nem sempre saem como a gente quer ou espera. Existem comportamentos, e o uso de AI para determinar o que é bom ou ruim também gera discussões.

Novos dispositivos baseados em inteligência artificial são esperados para o futuro, como explicou Giardelli. A ideia é que tais dispositivos se tornem facilitadores para diversos setores, mas também para o uso diário.

Como exemplo prático, ele nos mostra um tradutor quase que simultâneo para outros idiomas e diz que “você já está vivendo essa nova era”. “A barreira de idiomas está acabando”, disse, antecipando que ainda teremos dispositivos do tipo funcionando no modelo machine-to-machine, “de máquinas conversando com máquinas”.

Nesse caso, o futuro pode nos trazer muito mais robôs e interações com máquinas do que esperamos. A premissa é de que eles não venham a “roubar” trabalhos, mas sim substituir atividades rotineiras.

Devemos ter medo… ou não?

A própria Pepper diz que a gente não precisa ter medo dela, mas tudo é baseado em AI, e a gente já viu sistemas bem intrigantes que “aprenderam do jeito errado”.

Esta nossa conversa com a robô Pepper aconteceu em um ambiente controlado, mas foi bem legal pra gente entender onde, ao menos agora, este tipo de tecnologia pode ser aplicada.

“Ela” nos diz que foi criada “para ajudar as pessoas”. E colocando “ela” (entre aspas, mesmo), significa que as suas respostas foram controladas. Entretanto, este fato não elimina o conceito original da humanoide, que é de ser aplicada em diferentes setores como forma de apoio.

Algo mais… “casual” seriam os assistentes virtuais, como Google Assistente, Siri, Alexa, Bixby. Eles são mais populares do que robôs, em si, porque estão até mesmo no seu smartphone.

Em dispositivos como o Google Home, as aplicações já estão indo além de pedir uma música, organizar agendas e toda a boa gama que já é possível. Isso significa um pouco mais de interação, ou um meio mais assertivo da tecnologia auxiliar a gente.

Citando o exemplo de livros interativos, Giardelli mostra que as crianças podem aprender de uma nova forma. Neste caso, elas podem ler o conteúdo e, ao mesmo tempo, efeitos sonoros são reproduzidos no dispositivo. “É uma nova forma de educação”, diz ele.

Sobre o futuro…

Ainda sobre o lance dos empregos, Giardelli volta a comentar que a ideia é fazer os robôs desempenharem as atividades que já podem ser automatizadas.

Com isto, pode sobrar mais tempo e espaço para que os humanos desenvolvam suas próprias habilidades. E habilidades que necessitam de mais tato humano, no caso, sem tanta repetitividade – algo que as máquinas podem fazer.

“Todo emprego é muito nobre, mas tem alguns que não cabem mais no século XI”. Como exemplo, Giardelli questiona se “a gente ainda precisa” de pessoas para recolher lixos no banheiro. “A gente precisa de uma pessoa que fique de madrugada limpando o escritórios? Os robôs já podem fazer isso”, afirma.

Para ele, “nosso desafio como sociedade é ajudar essas pessoas com empregos, digamos, frágeis, a dar esses novos passos”.

Também está implícita a educação. As pessoas precisam entender como essas tecnologias serão aplicadas, quais áreas serão beneficiadas; como sociedade, é possível entender essas evoluções, ter infraestrutura, e saber que aplicar tudo isso de uma vez não é um passo tão simples.

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