Rendimento melhora quando atividade é ligada ao talento

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10:58 am - 19 de abril de 2015
Rendimento melhora quando atividade é ligada ao talento
O que será que a vida tem de ter para valer a pena? Foi com essa provocação que Clovis de Barros Filho, professor livre docente de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP), filósofo e consultor, abriu o segundo dia do IT Forum 2015, realizado até o dia 21 na Praia do Forte (BA). A pergunta causa inquietude e desde que o mundo é mundo o homem se faz essa pergunta que não tem prazo para ser respondida em sua plenitude.

“Não há nenhum assunto que tenha merecido mais a atenção do homem do que esse”, observou o filósofo, completando que dali em diante usaríamos nosso tempo para oferecer respostas relevantes para ela. 

Para isso, de forma brilhante, Barros Filho se baseou em quatro pensadores para traçar uma linha de raciocínio para solucionar a questão, começando pelo pensamento grego de Aristóteles

Inventor da botânica, da astronomia e primoroso em suas observações sobre ética e psicologia, Aristóteles responde de forma simples a essa dúvida. “Ele compara nossa vida a uma planta, que recém-nascida, espetada no solo, cresce porque tem todos os recursos de que precisa para se tornar uma grande árvore”, explicou, completando que para o pensador excelência é a palavra-chave.

O que isso significa na vida dos negócios? Uma samambaia, disse, em busca de excelência, quer ser a maior samambaia, isso se tiver condições adequadas. “É preciso de um pouco de sorte também para buscar suas potencialidades”, assinalou. Barros Filho usou o famoso jogador de futebol Neymar para trazer o conceito para a realidade. “Aos oito anos, ele fazia maravilhas com os pés e procurou excelência com esse talento. Aristóteles aplaudiria Neymar”, brincou.

Adepto do pensamento ordenado, com começo, meio e fim, Aristóteles acreditava que o papel de cada um estava em seu talento, sua natureza. Seu dever nada mais é do que fazer participar do Cosmos e fazer ele funcionar. Barros Filho usou um exemplo próprio para ilustrar como ele encontrou seu talento que o levou a completar 30 anos como professor.

Aos 13 anos, tinha de fazer uma apresentação na escola sobre Petróleo, parte do programa de Geografia. Até então, seus dias eram monótonos e sua vida se resumia a preparar a mochila 15 minutos antes de acabar a aula na escola para ir embora. 

“Na apresentação, diante de centenas de alunos, pela primeira vez eu não queria que aquilo acabasse. Fazia todo o sentido eu estar lá. A felicidade é isso: quando você se encaixa nos Cosmos e encontra sua praia”, contou. Nesse momento, Aristóteles contribuiu para o entendimento da liderança. “As pessoas rendem mais quando desempenham atividades alinhadas aos seus talentos e habilidades”, ensinou. 

O filósofo usou, então, Jesus Cristo para explicar o papel do líder. “Para Jesus, tudo girava em torno do amor ao próximo”, disse. O líder para Jesus é aquele que não teme seus liderados, ele, inclusive, faz de tudo para que seu liderado o supere.

Mas e a felicidade nesse cenário? Baruch Espinoza, racionalista do século XVII, define essa emoção por meio do que chamou de “potência de agir”. Por meio dessa característica é que se tem a vontade de fazer e ser criativo. “Encontre algo que te alegre, um sorriso, um abraço, um incentivo”, aconselha.

Barros Filho, no entanto, não é adepto das fórmulas prontas de alegria. Ele não acredita nelas. “Eu não sou você. Cada um tem de procurar a sua. Se “Dez lições de alegrias’ garantissem felicidade, a tristeza já teria sido erradicada no mundo”, provocou, promovendo uma reflexão afirmando ainda que uma fórmula da felicidade não é eterna, ela não dura para sempre. “O que te alegra hoje, pode não ter o mesmo efeito amanhã.”

Para fechar com chave de ouro o pensamento sobre o papel de cada um na sociedade e suas buscas por satisfação, liderança e felicidade, Barros Filhos citou Jean-Jacques Rousseau, filósofo do iluminismo que acreditava que a vida valia a pena na liberdade e no respeito a valores de convivência.

Rousseau acredita que o homem é livre e pode inventar, característica que o diferencia do animal. “O gato já nasce com respostas, não inventa moda. Se ele estiver com fome e colocarem alpiste para ele comer, ele não arrisca. Você não é gato e faz da vida do que quiser. Não há limite”, comparou. 

Barros Filho lembrou que da mesma maneira que a vida é decidida por nós, assim também é a convivência. “Nossa convivência sem dúvida pode ser melhor do que é. Cabe usar a inteligência para aperfeiçoar, e essa é e definição contemporânea de ética”, finalizou.

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