Receita Federal possibilita preenchimento da declaração do Imposto de Renda na nuvem

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11:40 am - 14 de julho de 2015
Receita Federal possibilita preenchimento da declaração do Imposto de Renda na nuvem
Quando Claudia Andrade, CIO da Receita Federal, ingressou na entidade há 22 anos como auditora fiscal, grande parte dos processos era manual e essencialmente controlado em papel. A internet comercial surgiu pouco tempo depois e a partir de então revolucionou a gestão do órgão, evolução acompanhada de perto pela executiva, que há seis anos está à frente de sua TI.

“Trabalho conhecendo muito bem a casa e tenho amor pelo meu trabalho”, orgulha-se Claudia que veste a camisa da Receita Federal e até aceitou mudar de São Paulo para Brasília para conduzir a área. Claudia, que levou o prêmio Executivo de TI do Ano na categoria Serviços Públicos, promovido anualmente pela IT Mídia, lembra dos tempos em que a Receita Federal tinha dois terminais burros, um computador e recebia declarações do Imposto de Renda em papel. Depois, passou a aceitar disquetes e já há alguns anos tudo é feito na web, com a possibilidade de uso de dispositivos móveis.

“Acompanhei de perto essa transformação e especialmente a tarefa de agilizar e desburocratizar os processos internos e externos”, conta. Com talento para liderar equipes, Claudia incentiva que seus quase 1,1 mil funcionários, entre profissionais que estão em Brasília e nas delegacias em outras localidades no Brasil, sejam criativos e participativos.
“Se eu não tenho esse lado participativo, perco talentos e isso é muito prejudicial”, reconhece. 

Ela define seu time como altamente qualificado, talentoso e brioso. Admiradora de esportes, e Corinthiana roxa, Claudia usa o futebol para fazer uma analogia de sua relação com a equipe. “Trata-se de um esporte coletivo, no qual todos têm de ter garra e, se não der certo, na próxima partida vai dar. Aqui, meu papel é o do treinador: tenho de ter olhar crítico e tirar o melhor de cada um”, assinala.

Foi com esse espírito que a executiva deu início a um projeto audacioso: o aplicativo Rascunho. Ele permite que o contribuinte que faz a declaração do Imposto de Renda inicie o preenchimento dos dados referente ao Imposto de Renda Pessoa Física à medida que os fatos acontecem. “Fazemos a gestão de 600 sistemas corporativos, mas o Imposto de Renda é o nosso projeto de maior visibilidade”, relata, explicando a importância interna e externa da iniciativa.

Os dados ficam organizados e podem ser recuperados diretamente pelo cidadão quando ele dá início à elaboração da sua declaração no ano seguinte. Claudia explica que o Rascunho é um sistema on-line, baseado na nuvem, que pode ser acessado por computadores ou dispositivos móveis. Além da mobilidade, o contribuinte conta com o compartilhamento das informações, ou seja, ele pode continuar o preenchimento do Rascunho, mesmo depois do envio da declaração, de qualquer computador ou dispositivo móvel.

A ideia da iniciativa era simplificar o preenchimento e facilitar a gestão das informações, além de promover mais flexibilidade ao cidadão. Outra vantagem apontada por Claudia é a redução de chance de cair na malha fina, já que as informações não ficam perdidas ou desencontradas durante o processo. “Temos uma administração futurística. Entendemos que o mundo é cada vez mais móvel e imediatista e o relacionamento com a sociedade tem de se espelhar nessa tendência”, avalia a executiva.

O sistema ficou disponível de outubro de 2014 a 28 de fevereiro de 2015, quando a Receita abriu o processo de envio das declarações. Até a data, mais de 100 mil pessoas usaram o recurso, afirma. A ideia é aplicar melhorias, que estão em avaliação no momento, para que os contribuintes possam usar a ferramenta para a declaração do próximo ano.
Como benefício do projeto, Claudia lista mudança na percepção da imagem da instituição pelo cidadão em razão da melhoria na prestação do serviço, avanços nos processos de trabalho em relação ao atendimento ao cidadão e desburocratização.

Aprendizado
Claudia afirma que, mesmo experiente no setor, aprendeu muito durante todo o projeto. “O mais importante no processo é ser inovador, sem ser aventureiro”, sintetiza. Ela lembra que todos de sua equipe têm ideias brilhantes, mas seu trabalho é baseado em recursos da União e, por isso, as atividades de TI devem ser muito bem pensadas e executadas para que deem resultados. “Temos de trabalhar com zelo e respeito ao cidadão. Isso é algo que aprendo muito em cada iniciativa”, completa. 

Para ela, o desenvolvimento de projetos inovadores culmina na maturidade do planejamento e da governança de TI, além de proporcionar novas oportunidades de crescimento profissional e reconhecimento do trabalho realizado pelos pares da TI na instituição e na sociedade.

“O impacto na carreira de todos os integrantes do projeto Rascunho foi positivo, pois houve o reconhecimento da alta administração e dos pares em decorrência da ousadia em inovar”, afirma a executiva que deixa claro seu semblante de ‘missão cumprida’ ao menos por enquanto, até iniciar o próximo projeto.

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