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Qual lição o coronavírus oferece à Gestão de Compras?

No final de fevereiro, quando a expansão do covid-19, o novo coronavírus, ainda sequer havia sido declarada como uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o presidente da Câmara Europeia de Comércio na China, Joerg Wuttke, contou que muitas empresas médias do continente estavam quebrando.

“Tenho ouvido muitos pedidos de ajuda de todos os cantos. Essas empresas já estão em apuros”, declarou. Dentre os motivos estavam tanto as medidas do governo chinês em restringir drasticamente o movimento de pessoas – impossibilitando o consumo e o trabalho, por exemplo –, como a falta de insumos fornecidos pelos chineses.

Esse cenário não é só europeu: empresas de vários portes e em vários países do mundo estão preocupadas com a interrupção de suprimentos ou com a quebra de cadeias complexas de fornecimento encabeçadas na China. A região de Campinas, por exemplo, reduziu em 12% o volume de suas importações oriundas do país asiático, segundo o Observatório PUC-Campinas.

Apesar do imenso desafio e da grave situação que todos nós atravessamos por causa da pandemia do vírus, o setor de Compras como um todo pode tirar uma lição do momento: tornar seu olhar mais global.

Por muitos anos, os departamentos de Compras não foram mais do que áreas responsáveis por diminuir os custos de operação das suas empresas – um papel longe de ser estratégico. O objetivo era fornecer tudo o que elas precisavam para operar com o menor custo possível. Para consegui-lo, o setor se baseava sobretudo na relação com seus supridores que, assim, permaneciam os mesmos por muito tempo.

No entanto, esse lugar está mudando, não apenas porque as práticas precisam agora se adequar a novas demandas sociais, tais como os chamados à responsabilidade social e à sustentabilidade, como também porque gerenciar – não apenas reduzir custos – de forma inteligente e eficaz os fornecedores está se tornando uma atividade fundamental para a operação das organizações.

Hoje, muitas ferramentas tecnológicas estão disponíveis para esse novo lugar do setor, o de Strategic Sourcing. Plataformas de análise de dados que ajudam a mensurar riscos, fazer prospecções em grande escala, comparar indicadores, além de ambientes digitais de gerenciamento de entregas, preços, mudanças no mercado e ferramentas que ofereçam informações sobre estoques, contas e centros distributivos.

Sem contar que essas plataformas geram insights, ainda mais em períodos de crise, para que os departamentos de Compras deem conta de um momento de exceção à normalidade como o de agora.

A transformação digital em Compras era uma tendência há pelo menos meia década atrás: hoje, apesar de não ser uma realidade, é um passo inevitável para que o próprio setor ocupe o novo lugar para o qual está sendo convocado: o de ser parte estratégica das empresas. A crise decorrente do coronavírus pode tornar isso mais evidente.

*Erick Boano é vice-presidente e fundador da COSTDRIVERS

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