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Pronto para iniciar uma carreira internacional?

Os profissionais brasileiros estão cada dia mais interessados em carreiras no exterior. Nos últimos anos, foi perceptível esse movimento, principalmente em se tratando do segmento de tecnologia. De acordo com um levantamento feito pelo Ministério da Fazenda, em 2017 houve um aumento de 165% no número de brasileiros que deixaram o país (21.717) na comparação com 2011 (8.170). Na área de TI, os países que mais requisitam brasileiros são Estados Unidos, Canadá e Austrália.

O curioso é que o interesse não parte apenas dos profissionais, mas também das empresas estrangeiras. Os brasileiros são vistos como versáteis, criativos e resilientes. Essas são habilidades cada dia mais valorizadas no atual cenário econômico, onde os ciclos de mudanças estão mais curtos e a realidade das empresas mais volátil. Nesse cenário, somos vistos como ágeis, objetivos e pragmáticos na resolução de inúmeros problemas.

Mas muitos profissionais não sabem por onde começar a planejar esta saída ou do que é preciso para embarcar nisso. Pesquisar bem o mercado internacional, as nuances culturais do país em questão e planejar cada passo da jornada são fundamentais, portanto se novas oportunidades profissionais mundo afora são seu maior desejo, fique atento às dicas que um funcionário e um instrutor da Udemy, ambos com carreiras na Europa, dão e comece a traçar suas metas!

No geral, os profissionais que tem maior interesse em tornar a carreira internacional e, consequentemente estão entre os mais cotados para cargos no exterior, são jovens de 23 a 33 anos.

O designer brasileiro Felipe Luize vive desde o começo de 2017 em Dublin, atuando como Designer de Produto Sênior no escritório irlandês da Udemy. “A ideia de morar fora já era algo que eu sonhava e, diferente de algumas pessoas, não era para fugir do Brasil mas sim pela experiência: crescer a mentalidade, trabalhar o dia todo em inglês… Isso expande sua cabeça. Estudei muito, principalmente inglês. Fiz várias entrevistas, mais para testar e ver qual é, se o idioma estava bom e para ir percebendo os gaps que tinha em habilidades que gostaria de aprimorar, o que me orientou no sentido do que estava sendo valorizado pelo mercado. É um skill set diferente, então pesquisei e li bastante”, conta Felipe.

Após algumas entrevistas, Felipe se viu atraído pelo projeto e missão da Udemy. “Das opções que tinha em mãos, a da Udemy era a que mais brilhava meus olhos. Trata-se de uma start-up em ascensão, então era um ambiente com muitas possibilidades. Em um mês, já estava na Irlanda”, lembra, acrescentando: “Vejo a chance de morar fora como uma grande oportunidade de olhar o mundo por perspectivas diferentes. Como designer, sempre procuro possibilidades para resolver problemas e morando fora do Brasil eu tenho a chance de ver como outras pessoas vão visualizar caminhos para uma solução. Isso é algo que só um ambiente multicultural pode proporcionar”.

Na Udemy em Dublin, são cerca de 20 nacionalidades diferentes, “uma verdadeira Torre de Babel, algo muito interessante”, comenta Felipe, que trabalha com outros cinco colegas brasileiros. E a principal diferença ao trabalhar com estrangeiros? “Aqui, por termos um escritório com tantas culturas distintas, eles são mais racionais, pragmáticos. Então tem essa diferença em abordar as coisas. Essa transição de softs skills foi o mais difícil pra mim. Como conduzir uma reunião, ou saber a hora de fazer uma piadinha… aqui a reunião precisa terminar no horário, precisa ser objetiva, ter um roteiro. E eles não estão errados, essa é a leitura que fazem”, acredita.

Por ter cidadania europeia, Felipe diz que isso facilitou sua ida, apesar de que ele não ache que isso é um diferencial na Europa, pelo menos nas empresas com quais teve contato. “O que eles querem é um bom profissional. Em relação a isso, as fronteiras da Europa são bem mais abertas do que as dos EUA, por exemplo”, relata Felipe, acrescentando que, assim como é o caso da Udemy, existem muitas empresas que estão se tornando globais atualmente, com escritórios em muitos países diferentes, o que expande a oportunidade para pessoas que procuram trabalhar em diferentes locais e se expor a diferentes culturas.

Vale ressaltar, no entanto, que cada país tem um processo de imigração diferente, portanto é importante pesquisar isso a fundo antes de tomar uma decisão. No entanto, os números evidenciam essa abertura de fronteiras: a quantidade de vistos concedidos para brasileiros nos EUA foi para mais de 3,3 mil em 2017, o dobro de 2008. Os pedidos de cidadania portuguesa também aumentaram – só no consulado de São Paulo foram 50 mil concessões desde 2016, com aumento em mais de 35% na solicitação de vistos de estudante em 2017. Já na Irlanda, a quantidade de brasileiros aumentou quase 60% nos últimos cinco anos, indo de 9 mil para mais de 15 mil.

O currículo perfeito
Entre as facilidades que a internet trouxe, está a possibilidade de mudar de continente com muito mais praticidade e segurança, sabendo exatamente onde você vai morar e/ou trabalhar, além de poder buscar informações que podem ser o diferencial na hora da entrevista em outro idioma.

Eduardo Giansante, instrutor na Udemy com o curso “Como Criar Um Currículo Para Trabalhar No Exterior”, além de atuar como Global Community Manager no Dropbox e ser um dos fundadores do premiado site E-Dublin, está há mais de uma década na Irlanda e sabe bem da necessidade de um profissional brasileiro chegar no mercado europeu devidamente preparado. 

“Assim como hábitos e idiomas diferentes, nosso currículo precisa sempre ser customizado para o mercado onde você está se candidatando. Atualmente, um dos erros mais comuns dos brasileiros aplicando para vagas no exterior é a falta de preparação, tanto emocional como de materiais, como currículo, perfil profissional online e portfólio (no caso de designers, programadores, publicitários, etc). É extremamente importante ter seu currículo e materiais atualizados e até personalizados para determinadas vagas de emprego que você vai aplicar”, informa.

De acordo com Eduardo, o currículo e perfil profissional online é tão fundamental quanto as qualificações, portanto a ferramenta mais importante atualmente para quem busca emprego no exterior é uma plataforma que exiba seu perfil/currículo online. “Com a facilidade de acesso a cursos online hoje em dia, fica muito mais fácil se preparar tanto técnica como emocionalmente”, afirma Eduardo.

Segundo ele, não é nenhuma surpresa que muitas áreas que estão em alta no Velho Continente estão relacionadas à tecnologia. “Nessa área, as coisas mais importantes são o seu raciocínio lógico, sua habilidade em resolver problemas e analisar dados. Isso significa que as áreas em alta são: Visualização e Análise de Dados, Big Data, operações em escala (automação/otimização de processos), marketing (inbound e outbound), engenharia de software (programação SQL, JavaScript, Java e Python estão super em alta) e, claro, Inteligência Artificial”, diz. 

Os primeiros desafios
Quando perguntado quais os maiores desafios ao (re)começar uma carreira no exterior, Eduardo lista três: “O maior talvez seja o burocrático. Caso você não tenha cidadania europeia, como é o meu caso, você precisa se enquadrar em uma área que chamam de ‘critical skills’ (habilidades críticas) – isso significa que você tem experiência em uma área que está em demanda na Europa. Há 10 anos, ter conhecimento do mercado brasileiro mas morando na Europa era considerado uma habilidade crítica. Hoje em dia não é mais. É necessário estar em constante aprendizado para se manter atualizado de novos termos da sua área”, ele diz, portanto é fundamental saber quais habilidades são críticas para o mercado de trabalho para o qual você está tentando se mudar e estudar com base nisto.

E quais dicas Eduardo e Felipe podem dar a quem está com uma mudança internacional em mente? “Pesquise, estude e se prepare. Há 10 ou 15 anos era mais simples chegar, começar a estudar e entrar no mercado de trabalho. Hoje esse mercado cresceu e, consequentemente, o número de pessoas qualificadas. Com isso é importante pesquisar bem sobre o destino escolhido, se manter atualizado na sua área de atuação, preparar ‘ferramentas’ como o perfil profissional online e o currículo em inglês e se preparar para enfrentar diferenças culturais, mas sem desanimar”, diz. Já Felipe faz um alerta: “Para trazer um profissional do Brasil, essa pessoa precisa ser muito boa no que faz, precisa ser melhor do alguém que está aqui no país do lado. Porquê para trazer alguém que já mora na Europa, gasta-se 1/3 do que trazer alguém do Brasil, então precisa ter realmente algum diferencial que chame a atenção”, finaliza.

Sergio Agudo, Country Manager da Udemy no Brasil e que viveu quase 15 anos nos Estados Unidos, completa: “Morar fora é uma experiência incrível, que realmente expande seus horizontes e te prepara para muitas coisas na vida. Aprender outro idioma, ter contato com outra cultura, viver com mais qualidade de vida faz você crescer como pessoa. E sem contar que, posteriormente, quando pensar em voltar ao Brasil, volta com uma bagagem cultural e profissional muito maior, o que faz você se destacar no mercado nacional também”.

Como planejar?
Em artigo recente publicado pela CIO, Paulo Exeldiretor de operação da Yoctoo, diz que a primeira coisa que o aspirante a uma carreira internacional deve fazer é pesquisar sobre o país em que deseja atuar. Entender os hábitos locais e o clima político são questões fundamentais para analisar o nível de compatibilidade entre o que você espera e o que o país pode te oferecer.

Tendo essa decisão em mente, é hora de analisar as regras e as questões práticas. Identificar se a graduação que tem é aceita no país. Hoje em dia é fácil encontrar essa informação e validar o diploma dentro dos órgãos competentes. Caso a graduação não seja aceita, saber se existe algo que seja equivalente e começar a atualizar o currículo a partir daí.

Ter dupla cidadania poderá ajudar nesse processo e é algo que deve ser evidenciado no currículo internacional. Logicamente, é imprescindível o domínio em um segundo idioma. Mesmo não tendo domínio sobre a língua local, saber se comunicar bem em inglês, o idioma universal, é fundamental.

“Mesmo para trabalhar em países onde o inglês não é a língua nativa, todos os profissionais nesses países falam inglês fluentemente e é o principal idioma falado dentro das empresas. O terceiro desafio é a adaptação cultural. Saber lidar com as diferenças, talvez a ‘falta’ do calor e a objetividade em reuniões, projetos e conversas de trabalho. Temos costume de enrolar para falar algo, dar voltas, contar da nossa vida, mas aqui muitas reuniões duram 15 minutos ou menos e tratamos de um assunto específico do começo ao fim. Foi algo que tive que me adaptar, mas que hoje acho super normal”, acrescenta Eduardo Giansante.

Além disso, Paulo Exel aconselha ao interessado na carreira internacional fazer uma breve pesquisa de pré-requisitos, habilidades e características que são exigidos do profissional que ocupa o cargo que deseja exercer no exterior. Se essa posição estiver dentro da sua área de atuação e de acordo com seu perfil, o caminho tende a ser mais fácil. Outros elementos, como cursos de especialização que sejam válidos, podem ajudar. Caso contrário, serão necessários mais tempo e esforço para atingir o objetivo.

Se o aspirante à carreira internacional já trabalha em uma empresa multinacional, com políticas estruturadas de expatriação, o caminho pode ser bem mais curto. Na opinião de Paulo Excel, o que ele deve fazer é externalizar essa intenção para o seu gestor imediato e procurar entender quais são os procedimentos necessários para aplicar para uma oportunidade em outra localidade. Se isso não for possível, ou se a empresa não for uma multinacional, acionar sua rede de networking e buscar ajuda nesse sentido.

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