Por que o Brasil ainda não é um País conectado?

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1:46 pm - 06 de setembro de 2017
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A pesquisa TIC Domicílios 2016, divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), mostra que 54% dos domicílios no Brasil estão conectados à internet. A porcentagem representa 36,7 milhões de residências – um crescimento de apenas três pontos percentuais em relação a 2015.

Os padrões de desigualdade revelados pela série histórica da pesquisa persistem e mostra que o Brasil está longe de ser considerado um país conectado: apenas 23% dos domicílios das classes D/E estão conectados à internet, enquanto em áreas rurais esta proporção é de 26%. O acesso à internet está mais presente em domicílios de áreas urbanas (59%), e nas classes A (98%) e B (91%). No total, o Brasil conta com 107,9 milhões usuários de Internet.

Mas qual o motivo de ter pouco mais da metade dos domicílios conectados? Segundo o estudo, a principal razão para a falta de internet nos domicílios no Brasil, para 26% dos domicílios desconectados, é o preço alto da conexão, enquanto 18% mencionam falta de interesse.

Em sua 12ª edição, o estudo realizou entrevistas em mais de 23 mil domicílios em todo o território nacional, entre novembro de 2016 e junho de 2017, com o objetivo de medir o uso das tecnologias da informação e da comunicação nos domicílios, o acesso individual a computadores e à internet, atividades desenvolvidas na rede, entre outros indicadores. Confira o raio-x do acesso à internet no Brasil.

Internet fixa vs móvel

A banda larga fixa é o tipo de conexão utilizada por 23 milhões dos domicílios, mesmo patamar de 2015. O acesso à internet móvel, por sua vez, tem se destacado: é a principal forma de conexão para um quarto dos domicílios brasileiros com acesso, estando presente em 9,3 milhões de domicílios.

Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, explica que os resultados indicam maior presença dos acessos móveis nos domicílios brasileiros, que ocorrem principalmente por meio do uso de telefones celulares. “O crescimento da banda larga móvel, contudo, ocorre com maior intensidade entre os domicílios das classes sociais menos favorecidas e em regiões que tradicionalmente apresentam conectividade mais restrita, como é o caso da região Norte e das áreas rurais”, destaca.

Entre os usuários de internet pelo telefone celular, o Wi-Fi se mantém como o tipo de conexão mais mencionado: 86% dos usuários afirmam utilizar o Wi-Fi, enquanto 70% utilizam a rede 3G ou 4G. Além disso, um em cada quatro usuários afirma ter se conectado exclusivamente por meio de Wi-Fi (25%), hábito que é mais comum entre os de 10 a 15 anos (42%). Outros 11% acessam apenas por redes 3G ou 4G, proporção que é maior entre os de classes D/E (18%).

Internet compartilhada?

Um dado curioso que a pesquisa revela é que em 18% das residências conectadas à internet também é utilizada pelo domicílio vizinho. Essa prática de compartilhamento da conexão é mais comum em domicílios localizados em áreas rurais (30%) e na região Nordeste (28%).

O que os brasileiros fazem na internet?

Já no que diz respeito às atividades on-line, as mais mencionadas continuam sendo o uso da internet para envio de mensagens instantâneas (89%) e uso de redes sociais (78%) – proporções que se mantém estáveis em relação à edição anterior da pesquisa. Em 2016, observou-se que 17% dos usuários usam rede para divulgar ou vender produtos ou serviços, enquanto essa proporção era de apenas 7% em 2012.

A pesquisa também mostra que há diferenças quanto ao consumo de bens culturais on-line entre os residentes em áreas urbanas e rurais. Enquanto 70% dos usuários de internet de áreas urbanas afirmam assistir a vídeos, programas, filmes ou séries on-line, essa proporção é de 56% nas áreas rurais. Ouvir música on-line é uma atividade realizada por 64% dos usuários de áreas urbanas e 53% de áreas rurais. “O indicador revela a existência de desigualdades também quanto ao tipo de atividade realizada pelos usuários a depender de condições de infraestrutura, sobretudo, quando se trata de aplicações que requerem velocidades de banda mais alta, como é o caso de streaming de vídeo. Esse é mais um ponto importante para garantir uma plena inclusão digital”, completa Barbosa.

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