Por dentro dos laboratórios da Dell Technologies, na sede da empresa, em Austin (EUA)

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12:41 pm - 19 de outubro de 2016
Por dentro dos laboratórios da Dell Technologies

Próximo de onde nasceu, em um dos dormitórios na Universidade do Texas, em Austin, nos Estados Unidos, a Dell Technologies construiu seu império. É em Round Rock, no Texas, que a empresa mantém sua sede e grande parte de seu time de desenvolvimento espalha-se por lá em salas com enormes equipamentos que apoiam a construção de tecnologias.

Um dia antes da abertura do Dell/EMC World, evento anual da companhia realizado em Austin (EUA), a fabricante convidou alguns jornalistas para conhecer seus laboratórios. Em um deles, foi possível ver de perto inovações que a organização de Michael Dell está criando para solucionar problemas como resfriamento de servidores, que tem sido desafio do mercado há anos. Confira como foi a experiência a seguir.

Energy Smart Research Lab 

O primeiro laboratório do qual o IT Forum 365 teve acesso tem como foco o desenvolvimento de soluções para ajudar no resfriamento de servidores, que, geralmente, consomem grande quantidade de calor e a energia utilizada por esses equipamentos é dissipada no ar. Por isso que grande parte dos data centers conta com sistemas de ar-condicionado com temperaturas baixas. Essa estratégia, contudo, está com os dias contados.

O lab foi construído há cerca de dez anos e desde então recebeu investimentos da ordem de US$ 1 milhão. Nele, a empresa reúne, além de profissionais da Dell, startups ou pesquisadores interessados em criar soluções para resfriamento. 

Um dos trabalhos apresentados pelo estrategista de resfriamento da Dell, David Moss, foi o resfriamento usando água, projeto iniciado há cerca de seis anos, promovendo mais eficiência e performance para o data center, garantindo, ainda, redução de custos.

O executivo explicou que até pouco tempo, uma das técnicas usadas no centro de dados para resfriamento incluía pegar ar de fora. Essa operação, no entanto, gera problemas de controle da humidade e corrosão. Atualmente, a maioria dos sistemas refrigerados a água existentes é de sistemas híbridos que usam água para resfriar os componentes principais e ar fresco para o restante do sistema. 

“Com resfriamento com água, conseguimos levar a água diretamente para cada servidor e com isso tornar o processo mais eficiente”, sintetiza o executivo, completando que o processo elimina a necessidade de trocadores de calor líquido-líquido caros e pouco eficientes, tubos de resfriamento ou sistemas de canos que a maioria das soluções de refrigeração necessita.

Outro estudo interessante é com o uso de óleo especial para garantir o resfriamento do servidor. Assim, não é necessário nenhum tipo de resfriamento no data center. A solução é interessante, uma vez que o servidor fica todo submerso em óleo – que, por enquanto, é bastante caro, custando US$ 300 por galão. 

Segundo Moss, um cliente da Dell em Houston, nos Estados Unidos, do setor de óleo e gás, usa o método para 40 servidores e um dos benefícios observados foi a redução de falhas. “A maioria das falhas acontece por corrosão. Com o óleo, não há esse problema”, disse. Essa, contudo, ainda não é uma solução comercial e pode demorar a chegar ao mercado. O executivo conta que a companhia Green Revolution Cooling trabalha em uma versão que poderá ser lançada em 2018. 

Global Command Center

É no Command Center da Dell que a empresa monitora, em todo o mundo, constantemente status dos sistemas e eventos como atrasos em voos, furacões, condições meteorológicas ou até mesmo um evento especial que podem afetar a capacidade da empresa para lidar com uma chamada de suporte. São seis centros do tipo em todo o mundo, que suportam 113 milhões de sistemas, e, anualmente, realizam 17 milhões de despachos. 

“Nossa missão diária é garantir que a infraestrutura do nosso cliente esteja funcionando como deveriam, não importa como”, observa Dick Jinks, project management consultant da Dell. Sua equipe trabalha como um time de RPG para se certificar de que nada fique no caminho de resolver o problema do cliente, independentemente se a tecnologia é Dell, Oracle, HP ou de outro fornecedor. 

Para exemplificar esse trabalho árduo, Jinks lembrou de um episódio em 2012, quando Oklahoma, nos EUA, foi atingido em cheio por um tornado. Sabendo que o perigo se aproximava especialmente do data center principal e de contingência de um dos clientes da Dell no setor de educação, Jinks traçou um plano. 

Depois de se certificar que as famílias de funcionários de ambas companhias estavam seguras, ele mandou um time para lá. A empresa que seria afetada permitiu que a Dell retirasse sistemas físicos críticos do data center rapidamente. Em 48 horas, foi possível reconstruir todo o centro de dados do cliente no ambiente de testes da Dell e garantir a continuidade dos negócios.

High Performance Computing (HPC) & Engineered Solutions Lab

Quem entra no HPC & Engineered Solutions Lab, da Dell, depara-se com uma série de caixas pretas. São servidores que rodam informações que demandam grande poder computacional. 

É nesse espaço que engenheiros da Dell EMC reúnem, em um único rack, tecnologias de armazenamento e de rede para construir soluções de grande poder computacional em parceria com empresas como SAP, VMware, agora parte da família Dell, Microsoft e Red Hat. 

“Aqui, desenhamos o sistema para que o cliente não precise fazê-lo”, contou Onur Celebioglu, diretor de soluções de HPC & SAP Hana, Soluções de Engenharia e nuvem da Dell. Segundo ele, há alguns anos, a Dell iniciou a construção de soluções para problemas específicos de algumas verticais, uma delas saúde. O executivo mostrou um rack completo com tecnologia Dell + Microsoft que ajuda no estudo de genoma, reduzindo de sete semanas para quatro horas a análise de um genoma. 

Com a compra da EMC, Celebioglu contou que será possível levar novos experimentos para o lab, usando ScaleIO e Isilon para beneficiar mais mercados. “No próximo ano, podemos esperar mais tecnologias integradas nesse sentido”, garantiu. 

Extreme Scale Infrastructure (ESI)

A evolução constate das necessidades dos clientes da Dell molda o trabalho do grupo Extreme Scale Infrastructure e fazem o time desenvolver tecnologias de ponta para sistemas hyperscale, que definem a capacidade de uma arquitetura para dimensionar adequadamente à medida que aumenta a procura ao sistema. 

Depois de ter passado pelo Energy Smart Research Lab, é no ESI que o sistema de resfriamento com água no servidor ganha vida. O projeto, contudo, não é massificado e é colocado em pratica sob demanda, dependendo da necessidade do cliente.

No vídeo abaixo (em inglês), o arquiteto da Dell Austin Shelnutt explica como funciona a projeto, batizado de Triton, e os benefícios para os clientes.

*A jornalista viajou a Austin (EUA) a convite da Dell Technologies

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