Pix perto de superar cartão, mas ainda esbarra em falta de recompensas

Segundo estudo da Capco, há outras barreiras que impedem maior popularidade do pagamento instantâneo. Sensação de insegurança é uma delas

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5:18 pm - 30 de junho de 2022
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Apesar da crescente popularidade do Pix como meio de pagamento, há algumas barreiras que têm o colocado atrás de métodos tradicionais como o cartão de crédito ou débito. Segundo um estudo realizado pela Capco, o Pix ainda precisa de ajustes para atingir seu potencial como meio de pagamentos no varejo.

O estudo ouviu cerca de 1.000 pessoas em todo o Brasil, além de pequenos e médios empreendedores das principais capitais do país.

Um dos principais insights obtidos pela pesquisa é o de que 66% dos entrevistados disseram preferir fazer pagamentos com cartões de débito ou crédito ao invés de Pix principalmente por causa dos sistemas de recompensas. Um total de 82% dos entrevistados indicou que prefere pagar com cartão de crédito por causa do programa de fidelidade e 70% migraria para o Pix apenas em troca de descontos ou cashback.

“Alguns entrevistados relataram que ao pagarem com Pix, estão assumindo um processo que antes era feito pela loja ou comércio. Afinal, o celular e a internet usados durante o pagamento são de responsabilidade dos clientes. Por isso, esperam que sejam recompensados por assumir este novo papel através de algum tipo de desconto, cashback ou pontuação”, explica Mathias Mattos, consultor da Capco Brasil.

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Outro entrave para o Pix diz respeito a impossibilidade atual de usá-lo para parcelar pagamentos, com 40% dos entrevistados indicando que ficariam mais propensos a migrar seus pagamentos de cartão para o Pix com a possibilidade de parcelar suas compras. Mattos, entretanto, lembra que essa funcionalidade, batizada de “Pix Garantido”, tem revisão de implementação pelo Banco Central ainda em 2022.

Segundo o estudo, o Pix também acaba não sendo escolhido na hora dos pagamentos do dia a dia por conta do maior número de etapas até a efetivação da compra.

“Nossa análise indica que o tempo que o cliente leva para realizar um pagamento via Pix pode ser até 2 vezes maior na comparação com outros meios de pagamentos físicos. É essencial, portanto, que as instituições financeiras otimizem suas jornadas de operação do Pix, reduzindo o tempo necessário para a realização de pagamento por este meio”, destaca Aline Lemos, consultora da Capco Brasil.

Os pagamentos por “Pix por QR Code” ou “Por Chave” acrescentam quatro ou cinco etapas a esse momento da compra. O usuário precisa entrar no aplicativo do banco, procurar a opção ‘pagar com QR Code’ ou ‘Pagar com Pix’’, apontar a câmera do celular para o QR Code ou digitar a chave do Pix Vendedor, conferir os dados, inserir a senha ou digital e apresentar o comprovante ao vendedor.

Melhorar a experiência

Alexandre Bueno, head da Capco, destaca que na pesquisa foi verificada uma falta de homogeneidade na percepção do cliente sobre a aceitação do Pix pelas empresas e prestadores de serviço. “Os entrevistados disseram que o sistema é mais aceito ou incentivado em sites na internet, pequenas lojas de rua, prestadores de serviço formais ou informais e campanhas de doação. Por outro lado, notamos uma menor aceitação em mercados, lojas de rede e em shopping centers”, destaca.

Para que o ecossistema do Pix como meio de pagamento seja mais usado pelo comércio há alguns pontos a serem aperfeiçoados, segundo o estudo. Entre eles a vulnerabilidade a fraudes e garantia de recebimento. “As instituições financeiras como prestadoras de serviço financeiro precisam entregar soluções em segurança para os envolvidos, como por exemplo, um modelo de prevenção que possa detectar antecipadamente quaisquer atividades suspeitas. Outra ação importante sugerida é o redesenho dos comprovantes de pagamento que dê maior destaque do tipo de operação realizada e um alerta imediato e efetivo no sistema no recebimento de valores da conta do lojista”, indica a Capco.

Reduzir a fricção e otimizar o processo de pagamento por meio do Pix é outra barreira a ser superada. O estudo mostra que 28% dos entrevistados disseram que nunca efetuaram um pagamento por meio de QR Code, embora já tenham utilizado o Pix e 57% dos entrevistados não se recordam de ter visto qualquer aviso sobre aceitação de pagamento pelo sistema em supermercados.

“A eficiência do processo de pagamento por Pix, especialmente com o QR Code, está ligada diretamente a uma jornada de telas bem desenhada. Muitas instituições financeiras oferecem um processo para pagamento que exige mais passos. Sendo assim, em processos de pagamento que exigem atendimento rápido, como filas de mercados por exemplo, o pagamento via Pix não tem sido incentivado pelas empresas”, lembra a pesquisa.

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