Pesquisadores da USP criam protótipo de robô para combater Covid-19

Equipe atua em uma startup na cidade de São Carlos e desenvolveu projeto para automatizar entrega de alimentos e remédios a pacientes

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1:00 pm - 02 de abril de 2020

Em meio às ações criadas para diminuir o potencial de contágio do novo coronavírus (Covid-19), destaca-se o trabalho dos profissionais da área da saúde, que estão sobrecarregados em tarefas com cuidados com os pacientes em diversos estágios de evolução da doença. 

Com o objetivo de construir uma solução tecnológica para ajudar esses profissionais, seis pesquisadores que atuam dentro da Universidade de São Paulo (USP) criaram o protótipo de um robô autônomo para auxiliar em tarefas operacionais. 

“O objetivo é dar suporte na distribuição de remédios e alimentos aos pacientes doentes em hospitais e, com isso, além de diminuir a carga de trabalho, também será diminuído o contato entre profissionais da saúde e pessoas com a Covid-19”, explica a doutoranda Daniela Ridel, integrante do grupo de pesquisa.  

Busca empreendedora 

Ridel atua no Laboratório de Robótica Móvel do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) do campus que a USP possui na cidade de São Carlos, interior de São Paulo. Foi no local em que a pesquisadora conheceu os outros cinco pesquisadores com quem está desenvolvendo o projeto.  

A jornada empreendedora começou há dois anos, quando ela fundou a startup 3DSoft em parceria com dois outros doutorandos do Instituto. “Nós temos a capacidade técnica de fazer esse projeto acontecer, no entanto, falta ajuda para que o robô chegue nas mãos de quem precisa”, explica Ridel. 

Para dar os primeiros passos, a startup contou com o apoio do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), para criar um sensor de baixo custo, adequado à realidade nacional.  

“Depois que o projeto encerrou, decidimos desenvolver um robô de serviços para entregas, que deveria ficar pronto nos próximos meses. Mas, devido ao cenário do coronavírus, fizemos uma mudança radical e criamos o protótipo para ajudar os profissionais da saúde”, conta Patrick Shinzato, que fez mestrado, doutorado e pós-doutorado no ICMC e que trabalhou junto com Ridel. 

Diante do novo desafio, a busca é por parceiros especializados em saúde, que possam ajudar a equipe a compreender melhor a demanda de quem está na linha de frente de combate ao coronavírus.  

Assim, os pesquisadores conseguirão avaliar a necessidade de fazer algum ajuste no projeto. “O ideal seria um parceiro que conseguisse tanto nos colocar em contato com hospitais quanto investir na montagem de mais robôs. Como todos nós somos da área de computação, precisamos de pessoas com outras habilidades que apresentem o projeto a investidores e a quem mais possa nos ajudar”, revela Ridel. 

 Potencial de suporte

A outoranda estima que, com todos os recursos à disposição, bastariam cerca de dois meses de trabalho para ter um protótipo funcional pronto.

O custo unitário da primeira versão do robô foi de cerca de R$ 17 mil, considerando as peças utilizadas para a construção do chassi, que é a base do equipamento, os sensores e a carenagem, que é a peça colocada em cima da base, e pode ser uma superfície plana ou um baú de armazenamento.  

“Em larga escala, certamente esse custo seria reduzido significativamente. Além disso, esse conjunto de sensores pode ser alterado de acordo com a aplicação. Por exemplo, se pudéssemos colocar marcadores no chão do hospital para o robô se guiar, seria viável usar um sensor de baixo custo, assim como a carenagem poderá ser modificada de acordo com a aplicação”, completa Ridel. 

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