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Para ser criativo, é preciso reduzir resistências, acredita Domenico de Masi

Pergunte aos líderes o que eles esperam de seus times e a primeira palavra que eles citam é criatividade. Mas o que acontece na prática é que a cultura corporativa muitas vezes não permite que seus funcionários façam além do esperado, do que está dentro da zona de conforto, e tragam novas ideias. E mesmo quando eles desenvolvem esse lado e algo dá errado, são crucificados por não terem acertado.

Para ser criativo, é preciso reduzir resistências”, acredita Domenico de Masi. O sociólogo e autor de diversos livros falou na abertura do IT Forum+, que acontece de 19 a 23 de agosto na Praia do Forte (BA), que empresas idolatram os criativos, mas o profissional com essa característica demanda liberdade e a empresa precisa dar esteira para a geração desse sentimento.

Segundo ele, é possível contar com equipes criativas. “Há centenas de livros sobre o tema e eu mesmo escrevi alguns, mas minha convicção é de que empresas podem ter criatividade ao aliar fantasia e concretude”, reflete.

O sociólogo conta que a fantasia leva a ter ideias, mas isso não é suficiente: é preciso realizá-las. “Se tivermos ideias e não conseguirmos colocá-las em prática, somos animais”, assinala, completando que Edward Norton Lorenz, filósofo e matemático, escreveu uma obra na qual lista os instintos animais e entre as características observa-se a ausência de criatividade. “É isso que diferencia homens de animais.”

De Masi relata que a criatividade mudou da era industrial para a pós-industrial – a que vivemos atualmente. Antes, a criatividade era praticada de forma individual e agora é de conduzida por grupos. “É por isso que a ideia de equipes fantasiosas e concentras funciona”, explica.

Nunca como agora, a criatividade esteve na lista de prioridade de pessoas e empresas, por ser a matéria-prima da sociedade pós-industrial. “Quem a tem, vence.” Para chegar a essa conclusão, De Masi revisitou diversos momentos da história da humanidade, desde do período Antes de Cristo até os dias atuais.

Na era industrial, o combustível era o trabalho braçal, e, portanto, operário. Hoje, o cenário já não é realidade e grande parte (66%) dos profissionais na Europa e nos Estados Unidos desenvolve trabalhos intelectuais. E qual o impacto disso, pergunta De Masi à plateia. A resposta é simples. A criatividade não depende de horário, geralmente imposto pelos empregadores. Ele observa que algumas pessoas são mais criativas à noite, outras de dia. Outras ainda ao misturar trabalho com lazer. “Agora, por exemplo, estamos trabalhando, estudando e nos divertindo. Isso é o Ócio Criativo”, explica, fazendo referência ao tema criado por ele.

Esse novo contexto, de acordo com De Masi, está criando paradoxos no mundo corporativo. “A questão do teletrabalho poderia resolver a questão do deslocamento, mas os chefes querem que seus funcionários estejam fisicamente na empresa o tempo todo. É o que batizei Síndrome de [Bill] Clinton, que queria sua estagiária sempre por perto”, brinca.

Ao citar o conceito de Ócio Criativo, o sociólogo lembra que a criatividade está em qualquer lugar, mas, segundo ele, as empresas continuam com estratégias carregadas de controle e falta de motivação. “Criatividade precisa de autonomia e liberdade. Ela não tem regras. Mas as companhias não se preocupam”, alerta, propondo uma reflexão. Para mudar o quadro, ele indica que pessoas e empresas atuem de forma a nutrir a curiosidade intelectual.

Para ele, a famosa frase de Gilberto Freire, polímata brasileiro, deveria permear os negócios e ser a frase mais usada e seguida pelos executivos. “Se depender de mim, nunca ficarei plenamente maduro, nem nas ideias, nem no estilo, mas sempre verde, incompleto, experimental”, conclui.

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