Para especialistas, segurança para IoT ainda é tímida
A Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) vai ajudar a colocar o carro 100% autônomo nas ruas, conectar casas, criar cidades inteligentes e interligar bilhões de dispositivos, levando praticamente tudo do mundo físico para o digital. Como garantir que tudo isso funcione com proteção é o questionamento de especialistas em segurança da informação, que participaram dos debates durante o IT Forum Expo, realizado esta semana em São Paulo. Na visão deles, esse tema é tímido nos projetos da nova web.
“Teremos de pensar em tudo novo em termo de segurança da informação para a IoT. O que existe hoje não vai funcionar”, acredita Willian Caprino, consultor em Segurança da Informação. Ele destacou que os antivírus e firewalls podem não ter espaço na nova rede.
Paulo Espanha, vice-presidente de Educação da Associação de Profissionais e Empresas de Segurança da Informação (Segi), considera que as questões de proteção estão fora da pauta da IoT. Ele menciona o carro conectado da indústria automobilística que faz recall para defeitos de peças, mas que não chama os consumidores para corrigir falha de software embarcado.
“A indústria automotiva vai pensar nessa questão quando houver risco monetário”, diz o executivo, que foi um dos participantes do painel “Desafios da Segurança com a Internet das Coisas”. Entretanto, ele diz que o Congresso dos Estados Unidos já está questionando as questões de segurança da informação do carro autônomo.
Na visão de Jorge Maia, consultor em Segurança da Informação da Dev4Us, a segurança está sendo negligenciada na IoT. Ele observa que as empresas estão preocupadas mais é com o hardware. O executivo diz que os projetos de segurança na nova internet estão solitários.
Para o executivo, a despreocupação é porque as empresas acham que ninguém vai invadir sistemas de geladeira. “Vamos fazer os projetos para depois ver a segurança?”, questiona.
“Não estamos vendo os governos envolvidos na segurança da IoT”, diz Maia. Ele cita os projetos de cidades inteligentes, que podem quebrar um país, caso tenham seus sistemas invadidos por hackers.
Espanha acredita que a segurança da informação não entrou na pauta da IoT porque ainda não se sabe quais sistemas vão suportar a IoT. No setor automotivo, há um esforço da Microsoft, Apple e Google em conquistar espaço no carro conectado. Mas em outros projetos ainda não se sabe qual será plataforma.
Para Maia, a IoT não terá plataformas atuais pelo fator custo. Ele dá o exemplo dos chips Intel que inviabilizam alguns projetos. Ao mesmo tempo, os especialistas acham que a grande escala da IoT vai provocar queda dos preços dos componentes. Enquanto essas questões não são resolvidas, não se sabe quais mecanismos de segurança vão proteger a IoT.