Pandemia e quarentena trazem momento decisivo para o comércio eletrônico

Por causa da crise causada pelo novo coronavírus, o e-commerce precisará quebrar barreiras

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4:00 pm - 09 de abril de 2020
e-commerce comércio eletrônico

O mundo passa por tempos profundamente incertos. O que é certo, no entanto, é o impacto que a COVID-19 terá na sociedade nos próximos anos. Um aspecto que vem dominando cada vez mais as manchetes do mundo todo é a tensão que o vírus causou à comunidade de varejo. Em todas as partes do planeta, as prateleiras dos mercados e lojas foram esvaziadas por consumidores preocupados em estocar certos produtos por um motivo ou outro.

Nesse cenário, quem possui experiência em compras pela internet e deseja evitar o contato com outras pessoas recorre aos grandes varejistas online. No Brasil, uma pesquisa da NZN Intelligence aponta que 71% dos consumidores pretendem comprar mais em plataformas digitais durante a quarentena.

2020: o ano em que a adoção do e-commerce quebra as barreiras etárias

Nos Estados Unidos, muitos especialistas apontavam que o comércio eletrônico representaria cerca de um oitavo (12,8%) do total de vendas anuais no varejo do país, uma tendência que deve ser refletida em muitos outros países desenvolvidos. No entanto, a mudança generalizada no comportamento de compra do consumidor que vimos neste trimestre certamente fará com que esse percentual aumente consideravelmente.

Essa situação será encarada como um acelerador improvável para toda a indústria e provará ser um verdadeiro catalisador para a mudança, seja bem-vinda ou não. Ou seja, estes são tempos importantes.

Se o setor varejista conseguir gerenciar esse processo com eficiência, a confiança do consumidor com as compras online aumentará em todas as idades, entre jovens e idosos. Atualmente, as compras online estão atreladas ainda ao domínio do conhecimento técnico. No Reino Unido, 97% das pessoas de 25 a 34 anos compram online, enquanto apenas 54% das pessoas com mais de 65 anos o fazem. 2020 pode ser o ano em que as taxas de adoção do comércio eletrônico vão quebrar as barreiras da idade.

Até os maiores varejistas estão sentindo a tensão

Falar é fácil, mas fazer é difícil. Até os maiores varejistas estão sentindo a tensão. A gigante do comércio eletrônico Amazon suspendeu recentemente remessas de comerciantes independentes, além de suprimentos médicos ou produtos de “alta demanda”. Embora os produtos que já estão a caminho dos armazéns sejam aceitos e enviados, nenhum produto novo será aceito por algumas semanas. Para ajudar no aumento da demanda, a empresa está contratando 100 mil trabalhadores para armazenagem e entrega somente nos EUA.

A demanda sem precedentes por mercadorias é realmente um problema global. Os varejistas começaram a limitar a quantidade de certos produtos que podem ser comprados a qualquer momento para aliviar a pressão na cadeia de suprimentos.

Com os provedores de Internet relatando um aumento surpreendente de 30% no tráfego da Internet, é importante que os varejistas otimizem suas práticas de negócios online. Agora pode ser a hora de reduzir também as taxas de remessa, especialmente para itens essenciais, como mantimentos ou remédios.

Grande potencial para o desenvolvimento do comércio eletrônico global

Há uma década, o varejo teria sido muito menos capaz de lidar com um aumento acentuado dos consumidores que recorriam aos ambientes de compras digitais. Não apenas a infraestrutura tecnológica teria sido incapaz de lidar, mas também os sistemas de pagamento em uso na época.

O comportamento do consumidor nos últimos tempos tem sido fortemente influenciado pelos avanços tecnológicos. O sucesso de plataformas como Spotify e Uber é uma prova disso e não teria acontecido sem a onipresença do telefone celular. No entanto, o comportamento do consumidor também é influenciado por fatores ambientais, econômicos e sociológicos – todos os três são evidentes na COVID-19.

É justo dizer que o que está acontecendo no mundo mudará permanentemente o comportamento dos consumidores no futuro. Embora seja verdade que a situação atual esteja apresentando à comunidade de varejo vários desafios, não há razão para acreditar que nem todos possam ser superados. De fato, as empresas teriam que resolver todos esses problemas ao mesmo tempo para continuar a sobreviver. É claro que ainda há um enorme potencial para o comércio eletrônico global se desenvolver para melhor na próxima década.

A segunda onda do comércio eletrônico é agora

A rápida mudança para o comércio eletrônico provocada pela crise da saúde pública está longe de ser suave e certamente foi imprevisível. No entanto, é o que acontece nesta segunda onda que definirá o varejo dos próximos anos. À medida que a experiência de comércio eletrônico se torna mais intuitiva e onipresente, o lado digital do varejo será forçado a acelerar a um ritmo mais rápido do que as projeções anteriores.

*Susanne Steidl é CPO da Wirecard

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