O que o Fórum Econômico Mundial indicou sobre o futuro do trabalho

Confira os quatro principais insights sobre o tema, a partir de discussões em Davos

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10:53 am - 28 de janeiro de 2019

O tema “futuro do trabalho” tem sido presença constante na pauta do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), nos últimos anos. São diversos pontos de vista apresentados pelas autoridades mundiais.

“Alguns temem que os robôs destruam muitos empregos, enquanto os otimistas olham para um futuro de workplaces mais benevolentes onde as habilidades humanas dominam e os trabalhadores são liberados das tarefas mundanas”, comenta Allen Blue, cofundador e VP de gerenciamento de produtos do LinkedIn.

Estudos estimam que até 65% das crianças que estão começando a escola hoje, depois de se formarem no ensino médio ou na faculdade, terão um emprego que ainda não existe. A maior parte da atenção neste debate concentra-se nos empregos em declínio – e não na criação de novos empregos.

As habilidades necessárias para o local de trabalho de amanhã estão mudando e as lideranças, políticas e econômicas, precisam ajudar a encontrar soluções.

“Muitos governos vêem o futuro da indústria – Indústria 4.0 – como envolvendo uma mudança geracional em habilidades e precisando de uma nova visão da segurança que vem com o emprego em tempo integral. Para o setor corporativo, a liderança precisará equilibrar a promessa de automação e dados avançados com a saúde financeira da força de trabalho. É um futuro desafiador”, diz Renee McGowan, diretora presidente da Mercer.

Mercados emergentes estão se tornando uma lente através da qual o futuro do trabalho pode ser visto. Na Indonésia, a tecnologia digital e a mobilidade compartilhada levaram ao surgimento da maior empresa da história do país, a Go-Jek. No Quênia, 48% do PIB do país é processado por meio de telefones celulares, criando uma indústria em torno da empresa de pagamentos móveis M-Pesa. Na Índia, a Bosch Consulting está entre as empresas internacionais que estão construindo culturas digitais e criando programas de imersão digital para facilitar o entendimento sobre a transformação digital . Mais trabalho precisa ser feito nos mercados emergentes.

“Precisamos mudar a maneira como estamos mudando de um antigo modelo de ‘desigualdade digital’ de desigualdade de acesso a um novo modelo, em que o uso de digital está criando novas oportunidades”, diz Richard Heeks, diretor do Centro de Informática para o Desenvolvimento e Senior Research Fellow no Instituto de Consumo Sustentável da Universidade de Manchester.

Mas como garantir que o futuro do trabalho seja abrangente e inclusivo? Os participantes das discussões em Davos respondem. Confira quatro insights:

1. É inteligente contratar pessoas mais inteligentes que você

Este é o principal conselho de Jack Ma, presidente-executivo do Alibaba Group Holding.

“Quando contratei pessoas, contratei pessoas mais inteligentes do que eu. Pessoas que, quatro, cinco anos depois, poderiam me chefiar. Gosto de pessoas que são positivas e que nunca desistem.”

As melhores pessoas são otimistas e não reclamam, diz ele.

Ma observou que ele sobreviveu ao mundo corporativo por 20 anos por ter sido um professor. “Você sempre quer que seus alunos sejam melhores que você.

Regra número um: ajude as pessoas a serem melhores do que você”, disse. “Precisamos ensinar as crianças a serem criativas e inovadoras, a fazer as coisas que as máquinas não podem fazer.”

“Para gerenciar pessoas inteligentes, você precisa usar culturas, o sistema de valores, para que eles acreditem no que fazem. Você controla pessoas estúpidas com regras e documentos.”

“As máquinas do futuro têm chips, mas os humanos têm corações. A educação deve seguir nessa direção.”

Regra número dois: abrace a mudança. Se você não pode mudá-la, abrace-a.

2, Os “colarinhos novos” são o futuro

A CEO da IBM, Ginni Rometty, diz que à medida que a automação continua, a lacuna de habilidades e os medos de insegurança no trabalho começam a se tornar reais.

A Quarta Revolução Industrial deixa muitas pessoas se sentindo marginalizadas. “Com as novas tecnologias, há um enorme problema de inclusão”, diz ela, referindo-se a como a inovação tecnológica está superando a qualificação.

“Quando falamos de uma crise de habilidades, realmente acredito que 100% dos empregos vão mudar”, diz ela.

Mas Ginni argumenta que a crise é possível de ser superada. Ela quer ver o desenvolvimento de um novo modelo de educação e carreira: novos colarinhos, em contraponto aos colarinhos azuis e aos colarinhos brancos.

“Mesmo que muitos procurem revitalizar as indústrias tradicionais, a criação duradoura de empregos exigirá uma compreensão de novas dinâmicas importantes no mercado de trabalho global. Não se trata de empregos de colarinho branco versus empregos de colarinho azul, mas de empregos de um “novo colarinho” que os empregadores de muitos setores exigem, mas que permanecem em grande parte não disponíveis.”

Os novos colarinhos estão relacionados a papéis em alguns dos campos que mais crescem no setor de tecnologia:  cibersegurança, computação em nuvem, negócios cognitivos e design digital, que nem sempre exigem uma educação tradicional. O que eles exigem é a combinação certa de conjuntos de habilidades.

Devemos investir no desenvolvimento dessas habilidades e responder em tempo real ao cenário de mudança, requalificando quem for diretamente afetado por ela. E nos libertarmos dos modelos tradicionais de recrutamento que privilegia a educação formal.

3. É preciso projetar e construir tecnologias da maneira certa

O cofundador e vice-presidente do LinkedIn, Allen Blue, observa que a inteligência artificial e o machine learning estão se tornando fundamentais para a forma como a tecnologia será construída.

“É importante, à medida que avançamos, projetar e construir essa tecnologia da maneira certa”, diz ele, refletindo sobre os vieses inerentes que muitos algoritmos têm porque foram projetados e construídos por homens brancos. Mas serviria também para a exigência legal do privacy by design e do security by design.

Blue argumenta que a tecnologia pode apoiar positivamente a flexibilidade do local de trabalho. E que as pessoas busquem um melhor equilíbrio de suas vidas, trabalhando remotamente.

4. Investir na formação dos jovens e desempregados

A ministra do Trabalho da França, Muriel Pénicaud, descreveu seu programa de requalificação, que inclui dar aos funcionários 500 euros por ano para escolher seu próprio programa de treinamento.

“Hoje, o acesso ao capital é mais fácil do que o acesso às habilidades”, disse ela, observando a necessidade de uma ação propositiva. “Muitos de nossos cidadãos pensam que são vítimas da globalização e da tecnologia. Quando você não está no comando, a mudança é sempre uma ameaça. Você precisa estar no comando, você precisa ser capaz de escolher o seu futuro.”

*Com informações do blog do Fórum Econômico Mundial

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