O que lideranças do setor de tecnologia pensam sobre diversidade?

Executivas e executivos comentam qual deve ser o papel dos gestores para uma TI de fato inclusiva

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10:02 am - 18 de agosto de 2018

Diversidade tem deixado de ser uma simples causa social para virar de fato estratégia de negócios das empresas. Mais do que meramente cumprir determinadas cotas ou ganhar holofotes com ações sociais, organizações estão entendendo o quanto o tema em sua essência pode ser poderoso.

Estudo da consultoria McKinsey, por exemplo, mostra que empresas com maior diversidade de gênero têm 21% mais chances de apresentar resultados acima da média do mercado, comparadas com empresas com menor diversidade do grupo.

A Tecnologia da Informação (TI) é um dos setores que têm sido “desafiados” para mudar o cenário. Não é preciso uma pesquisa muito extensa para encontrar uma empresa do setor apostando em programas de inclusão, seja com incentivos à participação de mulheres no setor, de pessoas com necessidades especiais ou de profissionais LGBT – casos mais populares.

Como lideranças do setor de tecnologia têm abordado o tema diversidade? Profissionais responderam a essa e outras perguntas sobre o assunto durante painel no IT Forum+, evento promovido pela IT Mídia e realizado nesta semana na Praia do Forte, Bahia.

Karla Leite, CIO da Farmoquimica, acredita que diversidade só acontece de fato quando todos se sentem confortáveis e respeitados. “O mais importante é pensar de dentro para fora. O que eu faço no mundo para incluir e fazer com que a pessoa se sinta respeitada e confortável? É importante a reflexão do líder: qual é o meu papel?”, indagou.

Conscientização de lideranças é também uma das bandeiras levantadas por Andrea Barranha, superintendente de TI da Assurant. “Temos programas de liderança que abordam esse tema. A diversidade é um trabalho de formiguinha, com a conscientização de todos.”

Também em linha com o engajamento de lideranças, Luiz Guimarães, profissional de TI, que até pouco tempo respondia pela TI da Unimed Volta Redonda, diz que a receita para o sucesso de empresas deve ser a diversidade. “A companhia que tem mais diversidade, melhor se relaciona com os clientes. A questão cultural está se quebrando. É um trabalho constante”, apontou.

Cassio Pantaleoni, presidente do SAS Brasil, destacou uma cena que infelizmente ainda acontece em diversas ocasiões no mundo corporativo. “Uma coisa é falar que respeita homossexuais, afro-descendentes etc. Outra é a atitude. O preconceito acontece de um jeito inconsciente.”

Ele cita o caso de uma reunião em que há um profissional homossexual. Muitas vezes, outros participantes escolhem não sentar ao lado daquela pessoa. “Por quê? Não que seja obrigado a sentar-se ao lado – tem também o tema liberdade -, mas tem a importância de perceber pequenos pensamentos intuitivos”, comentou Pantaleoni.

Para o executivo, aliás, a palavra inclusão já é uma forma de discriminação. “Quando você fala em inclusão, admite que existem dois grupos – um incluído e outro não. Essa divisão mostra que falta a palavra mais importante: respeito. É preciso respeitar o outro, sendo mulher, afrodescendente, PCD etc. Nada importa. A palavra que vai quebrar de vez o problema é respeito”, completou.

Mulheres na TI

Valter Ferreira da Silva, coordenador de gestão de TI do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, comenta que a instituição é formada majoritariamente por profissionais mulheres, mas a TI do HCPA é exceção. “Apenas 30% do total são mulheres. Não por discriminação no processo seletivo, mas porque as mulheres não chegam para ocupar cargos de tecnologia”, disse.

Para ele, o cenário está mudando, mas ainda vai levar um tempo para que as jovens que estão se formando de fato cheguem ao mercado e, sobretudo, a cargos de liderança.

Uma das iniciativas destacadas pelo executivo é o grupo Women in IT, liderado por Maria Luiza Falsarella Malvezzi, profissional do setor de TI que ocupou o cargo de gestora de TI no HCPA antes de Silva.

O projeto, como sugere o nome, visa incluir mulheres no setor, apostando principalmente na atuação com meninas dos ensinos fundamental e médio. “Isso vai fazer diferença. Não no curto prazo, mas nos médio e longo prazos”, concluiu.

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