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O apagão em meu smartphone revelou como é ser refém do digital

Sábado à tarde e meu iPhone XR carregava tranquilamente. Estava quase com a barra verde de bateria – afinal, todos sabem que bateria não é o ponto forte dos smartphones da Apple e, por isso, deixo-o sempre com o Modo Pouca Energia ativado. Quando fui checar novamente se já estava carregado, a surpresa: a tela estava apagada e eu não conseguia mais ligá-lo.

Pensei como era possível um apagão em tão pouco tempo de uso, já que ele completava sete meses comigo. Tentei, tentei e nada. Minha primeira reação foi ligar, então, para a Apple. Peguei meu notebook e procurei o telefone da loja no Shopping Morumbi. Do outro lado, uma gravação apresentava algumas opções em sua URA. Escolhi a de problemas com o aparelho.

O robô pedia o IMEI do aparelho, aquele que permite saber o código único que identifica cada smartphone fabricado. A gravação dizia que eu poderia localizar o número do aparelho no menu Opções ou atrás do smartphone. Nenhuma opção era viável para mim. Eu o comprei fora do Brasil e como ele não ligava não tinha como saber. Desisti da operação e fiquei procurando a nota.

Eu sempre envio a nota fiscal para meu e-mail. Mas aqui encontrei dois problemas. Primeiro que eu lembrava a senha do meu e-mail que sempre mando as notas – está tudo logado no smartphone e não é preciso de senha para acessá-lo, e, segundo, porque quando finalmente lembrei a senha eu não encontrava de jeito nenhum a nota.

Acessei novamente o site da Apple e procurei um horário para assistência na Loja do Shopping Morumbi, algo que os donos de produtos Apple sabem ser praticamente impossível de conseguir. Resolvi arriscar e ir até lá de qualquer forma.

A sorte é que tenho uma boa memória visual e sabia ir até lá sem precisar do Waze. Ao chegar no estacionamento do shopping, saquei o smartphone da bolsa para tirar uma foto do lugar que parei, como sempre faço. Putz, não tinha como. O celular estava apagado. Não tinha caneta, nem papel.

Cheguei até a loja da Apple, fiquei em uma pequena fila e o funcionário da loja informou que meu atendimento demoraria cerca de 4 horas. Me perguntou um telefone ativo. Não tinha. Então, resolvi confiar na estimativa e voltar à loja em 4 horas.

Eu tinha agendado de encontrar com meus pais neste dia e jantar com eles, mas não tinha como avisá-los que eu deveria me atrasar, então, loguei com meu usuário em um dos iPads da loja e fiz um Facetime. Mais uma das facilidades da tecnologia, que encontrei ali sem precisar do meu aparelho.

Então, ao voltar à loja, um funcionário supersimpático fez um diagnóstico e identificou que muito provavelmente ao atualizar os aplicativos automaticamente, um deles estava corrompido, esquentou o smartphone sobremaneira e, então, ele apagou. Fez algumas operações e ele voltou à vida, como se nada tivesse acontecido.

Tudo foi resolvido em um dia e eu voltei rapidamente à vida digital, mas o breve apagão me fez refletir sobre a nossa dependência digital e todas as conveniências desse universo. Somos reféns, já parou para pensar? Eu, por exemplo, não vou mais ao supermercado, compro tudo no Rappi. Não me desloco para uma agência bancária, faço tudo pelo celular. Não ligo mais para as pessoas, mando um Whats. Não reservo mais viagens por telefone, compro pelo Decolar e faço a reserva no app do Booking. É, definitivamente, a era da conveniência, um caminho sem volta.

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