Novo cenário da TI desafia CIO. Como ele se posicionará no futuro?
Líderes de TI compartilham sua visão sobre o tema e discutem as mudanças no seu papel como agente transformador dos negócios
A transformação digital está mudando consideravelmente a condução dos negócios e eliminando a fronteira entre os setores de indústria. Para que o investimento em transformação tecnológica seja efetivo aos negócios, é essencial haver sinergia entre as áreas de negócios e a TI.
Se antes as discussões sobre o projeto ou o software tinham foco operacional, agora a ser baseadas em estratégias voltadas em como novas tecnologias garantirão mais competitividade e valor aos negócios.
Diante desse cenário de constante evolução, o CIO se torna o principal responsável por administrar e liderar tais mudanças. Esse profissional, além de questionar seu papel, agora muito mais estratégico e integrado aos demais departamentos das empresas, deve refletir sobre os rumos da TI e os modelos disruptivos de negócios.
“Acredito que daqui alguns anos não haverá mais essa divisão de TI, já que todos os serviços técnicos estão sendo terceirizados, levados para cloud. A área passará a ter a função estratégica de negócio e não demandará mais profissionais com capacitação técnica”, opina Marcos Paulo Corrêa, CIO da Della Via Pneus.
Já para Ubirajara Nascimento, diretor de TI do Grupo ABC, a questão, embora pareça simples, não é fácil de ser respondida. “O futuro da TI é uma incógnita no mercado. O fato é que ela vai demandar cada vez mais profissionais com multiconhecimento e DNA de inovação grande. Sem qualificação, eles provavelmente estarão fadados a perder o tempo do negócio”, comenta.
O novo CIO
Com a potencialização de alguns conceitos que estão ganhando cada vez mais investimentos como cloud, internet das coisas (IoT), inteligência artificial (AI, na sigla em inglês) e mobilidade, Mara Regina Maehara, CIO da Totvs, acredita que esse movimento trará mais desafios aos líderes de TI na agilidade e na entrega de soluções. “O CIO do futuro será mais cobrado para pensar fora da caixa e ter maior habilidade de implementação de ideias inovadoras”, avalia.
Nesse sentido, não terá como executar tecnologia sem a integração com estratégias das áreas de negócio, completa Mara. “Dessa maneira, forma-se um time muito produtivo. A comunicação é simplificada e agilizada, fazendo com que entreguemos os projetos mais rápido.”
Corrêa, da Della Via Pneus, destaca que a função do CIO nos próximos anos passa a ser mais estratégica do que meramente técnica. “Aqueles CIOs que hoje são excelentes técnicos vão começar a perder sua funcionalidade se não tiverem o conhecimento mais focado no negócio, entendendo melhor a empresa e o cliente”, afirma o executivo que atua há 18 anos como diretor de TI da maior revendedora de pneus Pirelli da América Latina.
Apoio do CEO
Contar com o suporte do presidente da empresa é fundamental para ter sucesso em diversas iniciativas, incluindo as de tecnologia. No entanto, uma falha de comunicação pode causar conflitos entre CEO e CIO e minar importantes projetos. Para evitar esse tipo de impasse, é importante estabelecer uma gestão da TI que se comunique menos por meio da linguagem operacional e mais a partir da linguagem do negócio voltada a processos e geração de valor.
Há 35 anos atuando no mercado de varejo, atacado, postos de combustível e transportes em Minas Gerais, o Grupo ABC investe constantemente em inovação para continuar a crescer. A equipe de TI da companhia tem total apoio do CEO para atuar não só com a operação de sistemas como acompanhando todas as áreas de negócio da empresa.
“Temos um respaldo muito grande do CEO e de toda a empresa, o que vemos como valor para nosso crescimento. Recebemos uma verba anual que fica a nosso critério para utilização”, conta Nascimento, em relação ao budget de TI. O executivo acrescenta ainda que, como CIO, tem o papel de integrar a empresa e os negócios. “Somos um elo entre o cliente e a parte operacional. Temos de buscar sempre inovar para que a empresa não fique parada no tempo.”
Na Totvs, de acordo com Mara, não é diferente. “Por ser uma empresa de tecnologia, o nosso CEO tem bastante claro o papel de um CIO, o que facilita muito o trabalho da TI. Contamos com um forte patrocínio que acaba refletindo em todos os outros times”, declara, acrescentando que em 2017 a TI teve um papel fundamental na entrega de um ambiente de trabalho transformado, com uma série de atributos digitais. “Não tem como ficar de fora da transformação digital. Ela já é uma vertente integrada ao dia a dia na empresa e na forma de se relacionar com os clientes”, finaliza.