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NASA premia brasileiros por IA que encontra manchas de óleo em oceanos

Um grupo de cinco desenvolvedores brasileiros foi o grande vencedor da categoria Impacto Galáctico da hackathon NASA International Space Apps Challenge 2019, ação global promovida pela agência espacial dos Estados Unidos para o desenvolvimento de soluções inovadoras usando dados da organização.

A celebração dos seis grupos vencedores do desafio era originalmente prevista para agosto do ano passado, mas acabou adiada por conta da pandemia da Covid-19 e aconteceu, de forma virtual, nesta sexta-feira (12). Durante o evento, o grupo apresentou sua solução para engenheiros da NASA, incluindo Jim Green, cientista chefe do órgão, e teve a oportunidade de continuar desenvolvendo o projeto através da mentoria.

Apelidado de Poseidon, o projeto elaborado pelo time Massa é uma solução que utiliza inteligência artificial e uma rede neural para analisar imagens de satélite e identificar manchas de óleo nos oceanos. O projeto foi originalmente criado em outubro de 2019, durante a edição regional da hackathon International Space Apps Challenge, em São Paulo, e desenvolvido em 48 horas.

Composto pelos desenvolvedores Joana Ritter (UX), Eduardo Ritter (backend), Ariel Betti (frontend), Felipe Ribeiro Tanso (negócios) e Ricardo Ramos (ciência de dados), o grupo de vencedores já se conhecia de outros hackathons, como a Maratona Behind the Code, da IBM. O desafio da NASA, no entanto, foi a primeira vez em que os cinco trabalharam juntos no mesmo projeto.

A equipe se inscreveu na categoria Smash Your SDGS da hackathon, que buscava soluções criativas que usassem observações da Terra para atender aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e para promover o desenvolvimento sustentável em todo o mundo. O ideal original, no entanto, era bem diferente do que o Poseidon acabou se tornando.

“A gente leu sobre as queimadas [no Brasil] e pensou em fazer uma inteligência artificial que monitora as queimadas, vendo onde tem fumaça e onde tem calor e, por satélite, achar as queimadas”, contou Eduardo Ritter ao IT Forum. “Aí a gente viu que tinha muitos projetos já assim”.

A mudança de planos veio por conta de outro desastre ambiental que afetou o Brasil em meados daquele ano: o derrame de petróleo cru que atingiu mais de 2 mil km do litoral das regiões Nordeste e Sudeste do país. “Deu esse estralo na gente”, disse. “Aí a gente começou a ir atrás de dados, porque não adianta ter a ideia e não ter a informação. Teve muitos, mais de 80 derramamentos de óleo no mundo inteiro na história”.

A solução, no entanto, não veio sem seus desafios. Antes mesmo do início da hackathon da NASA, o time ainda estava incerto se teria acesso aos dados necessários para colocar a ideia para rodar, já que entrou em contato com vários pesquisadores, mas não tinha conseguido acesso às imagens de oceanos que eram necessárias. Se o acesso não viesse, voltariam atrás para o plano das queimadas.

Foi só no dia de abertura do evento que Marios Krestenitis, pesquisador do Centro de Pesquisa e Tecnologia Hellas, na Grécia, salvou o grupo, disponibilizando dezenas de imagens de satélites das quais o grupo precisava. “A gente ia desistir, não tem como fazer sem essas informações”, explicou Eduardo.

Durante a desenvolvimento do projeto, uma série de problemas também precisaram ser resolvidos pela equipe  – incluindo alguns desafios inusitados, como a presença de plânctons bioluminescentes no mar. Conforme explicam Joana e Eduardo, a Poseidon utiliza imagens em infravermelho para identificar as manchas de óleo em oceanos, mas determinados grupos plânctons não só se movimentam igual manchas de petróleo como emitem um reflexo similar para câmeras infravermelhas de satélites.

Para resolver isso, foi necessário treinar a inteligência artificial da solução com imagens para que ela aprendesse a identificar o que exatamente estava nas imagens.

Ao final do hackathon, que foi vencido pelo time Massa com a solução Poseidon, veio mais uma surpresa. “A gente descobriu que poderia participar do mundial depois que ganhou o local”, contou Eduardo. A partir daí, a solução competiu contra outros 40 finalistas globais até ser escolhida a grande vencedora da categoria Impacto Galáctico, que premia maior aquela com maior potencial para “melhorar a vida na Terra ou no universo”.

Após a apresentação desta sexta-feira, o time pretende continuar evoluindo a aplicação para torná-la ainda mais complexa. Uma das possibilidades que a equipe vislumbra é integrar a leitura de queimadas à solução, como era originalmente imaginado pelo grupo. O lançamento do satélite brasileiro Amazonas-1, que entrou em órbita em fevereiro, também é uma ótima oportunidade para tornar a solução ainda melhor, já que o grupo considera as imagens que ele produz “incríveis” para a solução.

“Nosso interesse é dar continuidade a esse projeto”, contou Joana. “Nós fizemos esse projeto não pensando em dinheiro, a ideia é fazer algo público, solidário, que ajudasse a humanidade.”

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