Na gestão de Paula Bellizia, tecnologia assume papel transformador

Presidente da Microsoft no Brasil leva prêmio Executivo de TI do Ano na categoria Fabricante – CEO com Laboratório de Tecnologia Avançada, projeto que desafiou seu time e sua liderança

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10:18 pm - 27 de março de 2018

Em julho de 2015, Paula Bellizia ingressou na presidência da Microsoft Brasil em meio a uma grande transformação da empresa. Satya Nadella havia assumido há poucos meses o posto de CEO da gigante de tecnologia, a companhia reformulava seu modelo de comercialização de software e ingressava com força total na nuvem. O resultado da mudança foi positivo nos anos seguintes.

Para se ter uma ideia, a Microsoft manteve forte expansão de seu negócio global de cloud durante o quarto trimestre e no ano fiscal de 2017, encerrado em 30 de junho de 2017, se consolidando como a segunda maior provedora de cloud. A empresa fechou o quarto trimestre fiscal com lucro líquido de US$ 6,51 bilhões, o que representa crescimento de 109% frente aos US$ 3,12 bilhões apurados em igual período do exercício fiscal anterior.

E ao que tudo indica, tecnologias emergentes, como inteligência artificial (AI, na sigla em inglês), colocam a companhia na mesma trilha de sucesso. Foi nessa vertente que a Microsoft desenvolveu um projeto, batizado de Laboratório de Tecnologia Avançada, que desafiou não só Paula como todo o seu time, gerando inovações local e global. O lab é o único no Hemisfério Sul, e o quarto a ser criado no mundo, sendo pioneiro na tecnologia de visão computacional para vídeos em tempo real na nuvem.

“Queríamos estruturar um centro de desenvolvimento de pesquisa no Brasil que pudesse resolver problemas reais. A ideia não é nova, mas faz todo o sentido, porque buscamos empoderar pessoas e ajudá-las a fazer mais com a tecnologia”, explica a vencedora do Executivo de TI do Ano 2018 na categoria Fabricante – CEO, prêmio realizado pela IT Mídia em parceria com a Korn Ferry.

Poder transformador

Paula explica que o Laboratório nasceu com o foco inicial de dominar tecnologias de análises de imagens no setor de saúde. “Estamos próximos dos clientes. Conversamos com eles e entendemos que poderíamos ter uma oportunidade transformadora na área e aceitamos solucionar um dos desafios da Organização Mundial da Saúde (OMS)”, conta.

Assim surgiu a primeira aplicação do Laboratório, hoje em uso no Hospital 9 de Julho, em São Paulo. O objetivo dela é reduzir a queda em ambiente hospitalar, um problema mundial – um a cada quatro idosos cai dos leitos e muitos precisam de hospitalização – e por isso a prevenção de quedas é uma meta da OMS desde 2004.

O sistema de AI da Microsoft aprendeu a reconhecer visualmente um leito hospitalar. Para isso, pesquisadores da empresa gravaram milhares de imagens de pessoas deitadas, sentadas na cama, tentando se levantar e de pé. Uma análise desse banco de dados permitiu definir situações nas quais um paciente corre risco de queda.

Depois, uma câmera foi instalada no quarto e passou a gerar imagens em tempo real do paciente para o sistema. Caso uma das imagens sugira um movimento de sair da cama, um alerta é gerado para o enfermeiro, que pode verificar diretamente se a pessoa está mesmo tentando se levantar. Dessa maneira, é possível agir preventivamente e evitar uma queda. O monitoramento é inteiramente feito por máquinas, sem nenhuma intervenção humana, o que preserva a privacidade do paciente.

“Foi um processo desenvolvido a quatro mãos, nosso time e o do cliente, incluindo médicos, enfermeiros e corpo diretivo. Todos estiveram diretamente envolvidos no projeto”, destaca Paula.

Muito além do trivial

Paula reconhece que o Laboratório e o projeto desencadeado a partir dele estão longe de serem triviais. “Assumimos o risco de aprender mais sobre o ambiente de um hospital. De conhecer esse problema de negócios, que é global, e como poderia ser resolvido. O projeto surgiu no Brasil, mas já extrapola fronteiras”, aponta.

Segundo ela, o projeto ajudou a acelerar o processo de transformação digital do Hospital 9 de Julho e criou um caso de referência na indústria de saúde no Brasil. Agora, a tecnologia e a aplicação específica estão sendo exportadas para outros países, como China, e outras indústrias. “Todo esse resultado não teria sido possível sem o comprometimento do meu time. Esse trabalho é fruto de todos, não é da Paula”, ressalta ela.

Gestão próxima

A executiva assinala que a Microsoft é uma empresa que fomenta a inovação. Além disso, uma de suas fortes características é manter uma liderança próxima. Paula é assim. Ela gosta de estar perto dos times e entender se, efetivamente, eles vivem a cultura da empresa. “Procuro sempre inspirar as pessoas e fazer perguntas”, comenta.

E a proximidade de Paula não se resume ao ambiente de trabalho. Ela promove happy hours com o time para ouvir o que pensa, suas atitudes e culturas. “Faz toda a diferença uma liderança próxima, que inspira e remove barreiras. Se a liderança faz o microgerenciamento, tira o empoderamento do time e aí emperra. Meu papel é incentivá-los a seguir até o fim e terem sucesso”, conclui a presidente da Microsoft Brasil, resumindo em poucas palavras o significado de sucesso: legado e transformação.

Finalistas da categoria – Fabricante – CEO

1º Paula Bellizia – Microsoft
2º Laercio Albuquerque – Cisco
3º Cristina Palmaka – SAP

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