Mobilidade digital: transformação e oportunidade
A engenharia como disciplina terá um papel determinante nas transformações dos próximos anos
Ante aos crescentes movimentos disruptivos, pesquisas que apontam para um futuro em que consumidores preferirão usufruir de um automóvel a possuí-lo, e poucas certezas além da que é preciso tomar decisões agora, os OEMs do setor automobilístico fazem alianças para o atendimento das demandas de 2030.
Segundo as consultorias especializadas, as fusões e aquisições são praticamente inevitáveis por causa das mudanças que vêm por aí, e que apontam para o aumento da segurança nos carros, para a quebra de paradigma na propulsão e para a conectividade.
Os desafios do futuro encorajam as fábricas a repensar seu papel no presente. Já foi dada a largada para a corrida por uma nova orientação de negócios relacionados à sua atividade fim, como serviços de compartilhamento de carros, parcerias para outros novos serviços e colaboração mais próxima com planejadores urbanos.
O ambiente foge da zona de conforto e até pode parecer hostil, mas é esse o lugar onde a oportunidade se revela. Para começar, existe uma infraestrutura construída pelos OEMs e suas concessionárias que, combinada às ofertas de players digitais, pode facilitar as premissas da mobilidade futura.
A combinação de novas tecnologias e consumidores, altamente conectados, sinaliza em âmbito mundial que as fórmulas tradicionais serão substituídas. E a transformação, que envolve diretamente a engenharia, pode começar pela via da regulação. Sabe-se, por exemplo, que bater as metas de emissão de poluentes apenas com motores de combustão interna será cada vez mais desafiante.
Nesse escopo, a solução mundial recai sobre a eletrificação como saída. A tendência tem apontado para o crescimento gradativo da utilização dessa tecnologia como a mais provável para o carro do futuro por meio da lógica do compartilhamento, que pode mitigar o custo de aquisição pela economia obtida por km rodado em relação ao motor a combustão.
O processo de transformação é complexo e está atrelado a expectativas quanto ao comportamento do consumidor e a amplitude das mudanças ficará mais clara a cada dia. Tudo isso afetará profundamente o modelo de negócio que conhecemos, com questões e desafios que terão de ser resolvidos localmente.
Há muito trabalho a ser feito e a engenharia é protagonista dessa revolução, reinventando-se a partir das novas relações de negócios que nascem da compreensão sobre o que os consumidores do futuro enxergam como mobilidade.
*Mauro Correia é presidente da SAE BRASIL