Mercado Livre quer chegar aos 16 mil desenvolvedores até o fim de 2023

Mercado Livre soma hoje 14,4 mil colaboradores em áreas de TI e Produtos na América Latina, sendo 3,2 mil no Brasil

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8:21 pm - 30 de agosto de 2023
Marcos Galperin, CEO do Mercado Livre, durante coletiva de imprensa no Mercado Livre Experience, em São Paulo (Imagem: Rafael Romer/IT Forum)

O Mercado Livre quer chegar aos 16 mil profissionais em seus times de tecnologia até o final de 2023. O número foi divulgado pela empresa nesta quarta-feira (30), durante a abertura do Mercado Livre Experience, evento para parceiros e clientes realizado pela companhia em São Paulo.

O número representaria um crescimento de mais de 16% em relação aos 13,7 mil desenvolvedores que a empresa registrou no ano passado. Considerando os times de TI e de Produtos, o Mercado Livre soma hoje 14.429 colaboradores na América Latina, sendo 3.276 no Brasil. Em 2019, as equipes eram de “apenas” 3,4 mil pessoas.

“Nossa visão é construir o futuro e, em uma empresa de tecnologia, os desenvolvedores são fundamentais para construir o futuro. A gente vê isso como uma vantagem competitiva, as empresas que tiverem os melhores times de tecnologia constroem mais diferenciação e com maior velocidade. Isso é um pilar muito importante para o Mercado Livre”, disse Fernando Yunes, vice-presidente sênior e líder do Mercado Livre no Brasil

Dentro da estratégia de tecnologia, um dos pilares atuais de crescimento para a companhia é no desenvolvimento de capacidades de inteligência artificial. “A inteligência artificial vai ser um fenômeno que vai ter um impacto grande e que vai mudar muito nosso produto e nossa plataforma nos próximos cinco anos. Sem dúvida”, disse Marcos Galperin, CEO do Mercado Livre.

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A tecnologia, no entanto, também atua no fronte de produtos. Durante o evento, a companhia anunciou mais detalhes sobre o Mercado Play, plataforma de conteúdo gratuito da empresa que promete um catálogo com filmes, séries, documentários, reality shows e conteúdos infantis. Disponível no site e aplicativo do Mercado Livre, o Play é um produto que tem como objetivo alavancar o potencial de monetização via o Mercado Ads, plataforma de publicidade digital da companhia.

“Neste ano, o Mercado Ads vai chegar a centenas de milhões de dólares em receita para o Mercado Livre. Nós podemos disponibilizar essa ferramenta para todos nossos parceiros que têm muito conteúdo, mas não têm a capacidade de gerar receita via publicidade. Nós temos tráfego, ferramentas e clientes dispostos a investir em publicidade”, disse Galperin, “Achamos que será uma combinação muito poderosa.”

Neste momento, o Mercado Livre afirma não ter interesse em entrar no mercado de produção de conteúdo original. Há, no entanto, objetivos de continuar evoluindo o Play. Uma das metas é ter a plataforma “em todas as telas” possíveis, o que deve incluir seu desembarque em televisores.

A companhia também anunciou o Meli+, evolução do antigo sistema de fidelização via Mercado Pontos que se aproxima mais de modelos como o Prime, da rival do e-commerce Amazon. Com uma mensalidade de R$ 17,99, o Meli+ dá acesso ao usuário aos streamings Disney+, Star+ e serviço de música Deezer, além de vantagens no frete de produtos e descontos em outras ofertas da plataforma.

Investimentos em logística e potencial brasileiro

Além dos investimentos em pessoal e novos produtos, o Mercado Livre tem expandido sua capacidade de mover mercadorias pelo país através de aportes em logística. A empresa já começou a operar um novo centro de distribuição no Rio de Janeiro, no bairro do Cordovil, que já permite entregas no mesmo dia na capital fluminense. No ano que vem, a companhia começará a operar outro centro em Recife, no Pernambuco, em local ainda a ser definido.

Os dois novos centros de distribuição elevam para 10 o número de CDs do Mercado Livre no país. Ainda existem discussões sobre um terceiro novo centro no estado do Ceará. Essa estrutura, no entanto, depende da aprovação de regulações locais que seriam do interesse da companhia para viabilizar o investimento.

“Estamos em conversas e queremos muito lançar um centro de distribuição no Ceará”, pontuou Yunes. “Existe a possibilidade de um decreto eventualmente ser publicado autorizando os modelos que a gente precisa para ter um centro de distribuição. O modelo é um que permite a uma empresa não ter que abrir uma filial e um novo CNPJ onde está o centro de distribuição. Isso complica, burocratiza e muitos vendedores acabam não indo.”

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Os centros de distribuição são parte dos R$ 19 bilhões que a companhia planeja investir no Brasil até o final deste ano – um volume que envolve também áreas como tecnologia e marketing, além da logística. Também na esteira da expansão, um novo avião de carga, o oitavo da companhia, começará a operar no Brasil ainda neste ano.

Na avaliação de Galperin, o Brasil está hoje “um ou dois patamares acima” do restante da América Latina, e o negócio da empresa no país continua sendo o de maior potencial de crescimento para a companhia. “Em penetração, sofisticação dos vendedores, dos compradores, na quantidade de players. A América Latina vem crescendo como o Brasil, mas o Brasil está alguns patamares adiante da América Latina nesse sentido”, afirmou. A expectativa do CEO é que continuamos vendo um crescimento do varejo online em ritmo mais alto que o varejo físico no país, seguindo uma tendência dos últimos anos.

Não explorado no Brasil, mas um dos potenciais de crescimento para a empresa é no chamado mercado “crossborder”, ou de importação de produtos. No México, hoje o segundo mercado para o Mercado Livre na América Latina, esse tipo de comércio já representa 15% dos negócios da plataforma. O país conta até com times dedicados, sistemas e logísticas que olham exclusivamente para essa modalidade, o que não ocorre no mercado nacional.

No Brasil, a importação não é um dos focos do Mercado Livre – não há sequer dados da empresa sobre a representatividade desse comércio por aqui –, mas pode ser uma avenida de crescimento caso mudanças ocorram nas regras de tributação nacionais. Yunes, líder do Mercado Livre no Brasil, defendeu a “isonomia” entre empresas locais e estrangeiras no imposto de importação no Brasil. Caso a situação permaneça favorável aos estrangeiros, com um imposto reduzido para produtos de fora, o executivo não descarta o crescimento de comerciantes de fora, em especial asiáticos, na plataforma.

“A gente acredita que o imposto de importação não volta para os 60%, mas deve se mover para voltar à isonomia”, disse. “Se não houver, o que vai acontecer é que estrangeiros vão ter vantagem frente aos locais. O Mercado Livre, enquanto marketplace, aborda parceiros que podem estar em qualquer local. A gente gosta de trabalhar com os parceiros locais, são nosso foco. Mas a partir do momento que parceiros estrangeiros têm uma vantagem e o mercado movimentar nessa direção, invariavelmente no Mercado Livre haverá um fornecimento de fora também.”

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Rafael Romer

Rafael Romer é repórter do IT Forum. É bacharel em Comunicação Social – Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Tem mais de 12 anos de experiência na cobertura dos segmentos de TI, tecnologia e games, com passagens pelo Olhar Digital, Canaltech, Omelete Company, Trip Editora e IG.

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