Mercado de TI pode apresentar déficit de 290 mil profissionais em 2024

De acordo com estudo divulgado pela Brasscom, instituições de ensino precisariam formar 70 mil alunos por ano para evitar apagão técnico

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6:39 pm - 23 de agosto de 2019

Maior fomento para graduações em tecnologia e expansão de políticas de incentivos estudantis são algumas das medidas necessárias para aumentar o número de mão de obra qualificada na área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). A recomendação foi apresentada pela Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), em relatório divulgado recentemente.

O estudo “Achados e Recomendações para Formação Educacional e Empregabilidade em TIC” apresenta um panorama de oportunidades de emprego no setor, bem como indicativos de gargalos, habilidades mais solicitadas pela indústria, panorama sobre a diversidade da área e estimativas de números de novas graduações.

Abaixo,  alguns dos pontos principais presentes no documento:

Déficit de mão de obra

Existem atualmente 845 mil empregos no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação no Brasil, sendo que a maioria (42,9%) está concentrada em São Paulo. A demanda anual por novos talentos projetada entre 2019 e 2024 está em 70 mil profissionais. Porém, apenas 46 mil pessoas se formam ao ano no Ensino Superior com o perfil necessário para atender essas vagas.

Do total de graduados, o principal curso finalizado é o de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, com 32% de formados. Sistemas de informação está no segundo lugar (20%), seguido de Ciência da computação (19%), Gestão de tecnologia da informação (11%), Redes e internet (8%) e Engenharia da computação (5%). Os 5% restantes compõem outras graduações como Banco de Dados e Engenharia de Telecomunicações.

Gargalos e incentivos

Quando se analisa a taxa de evasão dos cursos (ou seja, o número de alunos que desistem dos estudos), o relatório identifica que o maior percentual de  abandono (26%) acontece nos casos em que os estudantes se encontram em faculdades privadas e sem acesso a programas como FIES e PROUNI.

Quando as pessoas possuem ao menos um desses benefícios, o número de desistências cai mais da metade, ficando em 9,8% nos casos de alunos que utilizam alguma modalidade do PROUNI e 9,7% para quem está inscrito no FIES. Concessão de bolsas de estudos e estímulos a contratação desses estudantes são as sugestões apresentadas pelo estudo para reduzir esse número.

Habilidades desejadas

O relatório também elencou as especializações do setor de TIC que serão mais requisitadas a médio e longo prazo, de acordo com a capacitação do profissional:

  • Desenvolvedores mobile: programação em Linguagem Java e conhecimentos de Agile, Design Thinking, UX e Full Stack
  • Computação na Nuvem: conceituação e Aplicação em Virtualização de Máquina, AWS, Azure, outras
  • Data Analytics: conhecimentos em Gestão da Informação, Big Data e Ciência de Dados.
  • Segurança Cibernética: entendimento do nível básico ao avançado das ferramentas empregadas na área.
  • Inteligência Artificial: habilidades com redes Neurais, Aprendizado de Máquina, Computação Cognitiva e Algoritmos Avançados

Em conversas com os associados, a Brasscom também ressaltou que a maior demanda do momento é por desenvolvedores mobile com formação Full Stack.

Representatividade desproporcional

Situação ainda comum no cenário brasileiro, o número de profissionais de tecnologia negros ou mulheres ainda é bem pequeno quando comparado com a média.

Segundo dados do report, 37% do público pesquisado é composto por homens brancos, seguidos por mulheres brancas (22%), homens negros ou indígenas (19%) e mulheres negras, pardas ou indígenas (11%).

Estimativas para o futuro

Reunindo o total de alunos do Ensino Superior, Ensino Médio Profissionalizante e Regular, a perspectiva do estudo é ter, até 2024, formado 229 mil alunos e empregar quase 126 mil profissionais em alguma área no setor de TIC. Em 2017, cerca de 77 mil alunos saíram da faculdade como diploma na mão, sendo que, desse total, 26,6 mil encontraram um trabalho nesse setor.

O que não significa que o restante se encontra desempregado: profissionais com essas qualificações também são contratados por outras indústrias.

 

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