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Mercado de celulares recua 8% no Brasil em 2020

O mercado brasileiro de celulares recuou 8% no ano passado em relação à 2019, anotando um total de 48.744.173 dispositivos vendidos, revelou a IDC Brasil nesta segunda-feira (22). Segundo a consultoria, o resultado, apesar de negativo, está em linha com o que foi observado no mundo inteiro, que teve uma redução média de 7% nas vendas de celulares.

“Quando a pandemia começou, projetamos três cenários: otimista, pessimista e provável. Em linha com o mercado, a tendência era de um cenário provável, com queda de 19%, mas felizmente o mercado reagiu muito melhor, o celular se mostrou como um dispositivo ainda mais indispensável e iniciativas de fomento ao consumo, como a liberação do auxílio emergencial, equilibram a categoria”, explica Renato Murari de Meireles, analista de pesquisa e consultoria da IDC Brasil.

Segundo o analista, fatores como a aceleração tecnológica provocada pela pandemia, a alta do dólar e os problemas de abastecimento de componentes em nível global influenciaram o resultado do mercado brasileiro neste ano. 

“No segundo semestre, por exemplo, o mercado apontou uma curva em ‘V’, com uma queda acentuada provocada pelo fechamento dos comércios, e uma rápida recuperação após a sua abertura”, pontua Meireles, acrescentando que o e-commerce foi um dos aliados que ajudaram na retomada da categoria. 

“Há uma relação fiel e cultural do brasileiro em buscar as lojas físicas como opção de compras, mas com o período de lojas fechadas ele se rendeu aos canais de vendas online, ainda que nem sempre tenha encontrado o aparelho que queria pelo preço que gostaria”, explica.

Por conta do impacto do aumento do Dólar em relação ao Real, o ticket médio cresceu 24% no ano de 2020, enquanto em 2019 essa média não passou de 3%. Ainda assim, os modelos que mais cresceram em vendas em 2020 na comparação com 2019 foram os da faixa de preço entre R$ 1.100 e R$ 1.999 (83%) e de R$ 2.000 a R$ 2.999 (88%). Por conta disso, a receita total do mercado de celulares no Brasil foi de R$ 71,7 bilhões, crescimento de 16% em relação a 2019.

“A pandemia acelerou a adoção da tecnologia em todos os sentidos. Para videoconferências de trabalho, aulas remotas, streaming nos momentos de lazer e até atividades simples como pedir comida aumentaram o uso de aplicativos. O celular ficou ainda mais indispensável. Idosos, por exemplo, que ainda resistiam, migraram do feature phone para o smartphone ou investiram em um aparelho melhor com o recurso do WhatsApp, por exemplo, para falar com filhos e netos”, disse o analista da IDC Brasil.

Do total de dispositivos vendidos, 46.176.185 foram smartphones e 2.567.988 feature phones, representando, respectivamente, quedas de 6% e 34% em relação a 2019. Os volumes levam em consideração também aparelhos comercializados no mercado cinza, que somaram 3,8 milhões de smartphones e 204 mil feature phones.

Projeções para 2021

Segundo a IDC Brasil, a expectativa para 2021 é que a pandemia da Covid-19 continue impactando o mercado de celulares no país, mas que responderá sozinha pelo desempenho do setor ao longo do ano. 

O valor do dólar, o repasse de preços e a desconfiança do consumidor também contribuirão para um crescimento tímido neste ano, de 3% no mercado oficial e 4,5% no mercado cinza, conforme a consultoria. “O consumidor está cauteloso, e a indústria e o varejo têm equilibrado melhor suas ofertas”, explica Meireles. 

Outra tendência que deve ganhar força neste e nos anos seguintes é demanda por feature phones, ainda que smartphones sigam como a mais forte. “A indústria tem investido no design, recurso e em tecnologias para manter os feature phone atrativos, como o KaiOS e aplicativos embarcados, mas o estudo IDC Consumer Behavior 2020 apontou que os consumidores planejam gastar mais no próximo celular em relação ao que gastaram em seu atual, mostrando a importância que os smartphones ganharam, às vezes até como substituto dos computadores”, diz o analista.

O IDC Consumer Behavior 2020 foi realizado entre dezembro de 2020 e janeiro deste ano, com mais de 1200 representantes das gerações Z, Y, millenials e baby boomers, de ambos os sexos e de todas as regiões do país.

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