Manter Netflix no ar é desafio constante de Martin Spier

Arquiteto de Performance Senior da empresa garante bom funcionamento do sistema que atende a mais de 125 milhões de usuários no mundo

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1:13 pm - 09 de maio de 2018
Martin Spier da Netflix

Martin Spier é brasileiro e mora há oito anos nos Estados Unidos. Seis deles dedicados à Netflix como arquiteto de Performance Senior, cuidando com afinco do serviço de streaming da empresa, que atende a mais de 125 milhões de usuários globalmente, consumidores diários de 140 milhões de horas de conteúdo.

Em visita ao Brasil, foi Keynote nesta manhã do evento Qcon, que teve início hoje (9/05) em São Paulo e termina na próxima sexta-feira (11/05). O Qcon, em sua nona edição, é uma conferência voltada à comunidade de profissionais do desenvolvimento de software e de arquitetura de sistemas e plataformas, gestores de projetos e influenciadores de inovação.

Na abertura da conferência, Spier, que tem apenas 32 anos e iniciou sua jornada na Netflix aos 26, apresentou dicas técnicas de como ele e seu time monitoram e mantêm o gigante e complexo sistema da Netflix no ar.

“São centenas de bilhões de eventos que têm de ser processados todos os dias, centenas de milhões de horas de streaming que fazemos diariamentes. Transmitimos dezenas de terabytes por segundo. É muita gente no sofá assistindo ao Netflix”, brinca.

Segundo ele, o desafio é constante e tudo se baseia em “Winning Moments of Truth” – Vencendo Momentos de Verdade, na livre tradução. “Para que possamos proporcionar aos usuários o que eles querem, quando querem e no dispositivo que querem.”

“Temos de lidar com mais de 1,2 mil dispositivos únicos. E ainda que eles sejam muito antigos, ultrapassados, eles estão lá, não os descontinuamos”, garantiu.

E como tudo isso funciona? “Não temos um data center. Tudo roda na AWS. Tudo o que o usuário faz antes de clicar em ‘play’ vem da AWS. Depois disso, é com a Netflix, que possui máquinas altamente otimizadas para entrega de conteúdo”, explica.

Spier vive um monitoramento constante com seu time. “Contamos com métricas em real time e consigo vê-las com granularidade por segundo, o que garante rápida análise, ações e alta performance”, disse.

“Vocês não têm ideia do que é ‘cair’ o Netflix. Para algumas pessoas, o mundo acaba em escala global. Por isso, a importância de criar resiliência”, ressalta e acrescenta que para evitar impacto ao usuário, quando ocorre algum problema, rapidamente o tráfego da região afetada é direcionado para outra, que sempre trabalha com capacidade extra para suportar esses incidentes.

“Não nos prendemos imediatamente a identificar o que resultou a falha. Fazemos essa migração rapidamente e depois, sim, nos dedicamos a essa missão para evitar que se repita no futuro. Fazemos isso ativamente”, ensinou.

Inspiração

Spier, engenheiro formado na PUC de Porto Alegre (RS), quando ingressou na Netflix, a empresa tinha 500 funcionários e hoje contempla mais de 4 mil. Segundo ele, há seis anos, a função de Arquiteto de Performance, que, hoje, ainda é rara globalmente, era algo muito específico e quase ninguém tinha ouvido falar.

“Por isso, me interessei, pela inovação que essa especialização representava. E essa identificação é porque sou movido a desafios e gosto de resolver problemas, é meu dia a dia”, orgulha-se.

Ao ser questionado sobre como se sente, pelo fato de ser um brasileiro em tão importante função, em uma empresa de grande representatividade e popularidade global, ele respondeu: “É importante passar essa visibilidade, especialmente para os jovens brasileiros, que estão nas universidades, perseguindo objetivos. É gratificante estar aqui e poder falar para esse público, que pode fazer a diferença”.

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