Low-code versus programação baseada em código

Low-code é alternativa para produtividade com baixo custo de desenvolvimento e entregas de melhorias contínuas

Author Photo
11:45 am - 25 de outubro de 2021
low-code Imagem: Shutterstock

Os fabricantes de software, desde de sempre, buscaram alcançar a alta produtividade com baixo custo de desenvolvimento, com a finalidade de realizar entregas e promover melhorias contínuas. No mundo atual do desenvolvimento de aplicações empresariais, principalmente quando o assunto é agilidade, o desejo das empresas usuárias é poder contar com produtos de software com evolução tecnológica garantida – a prova de futuro – para ajudar em seu crescimento.

Os primeiros computadores pessoais surgiram na década de 1970, com o lançamento do Apple I, criado por Steve Jobs e Stephan Wozniak, e logo depois com o IBM PC (Personal Computer) em 1981, que se tornou sucesso comercial. Alguns birôs de informática, que realizavam serviços de informatização de algumas rotinas de negócios para empresas, passaram a criar sistemas para serem utilizados em larga escala rodando nesses PCs, com destaque para o IBM AS/400, um computador de médio porte que passou a ser o sonho de consumo de muitas empresas em todo o mundo.

Nesta época surgiram várias linguagens de programação, que se tornaram sonho de consumo dos jovens que desejavam ser um “bom programador”, mas que, no entanto, se mostraram não preparadas para o futuro e muitas ficaram pelo caminho, entre elas Clipper, DBase, Access, Fox-Pro, Visual Basic, Delphi, entre outras. O desenvolvimento nestas linguagens consumia vários meses – e até alguns anos – para se concluir um sistema de rotinas básicas e, a cada nova versão, trazia enormes esforços de reescrita de todo o sistema. Imagine isso hoje com a alta volatilidade dos negócios”.

Estas linguagens perderam espaço para plataformas de desenvolvimento que eliminam a necessidade de executar milhares de linhas de códigos de programação para rotinas simples de programação. Quanto mais complexa a rotina, mais linha de código era necessária.

Os sistemas mais desejados pelas empresas usuárias eram aqueles que pudessem informatizar rotinas de escritório, tais como contabilidade, contas a pagar e a receber, gestão de funcionários, entre outras, o que deu origem aos primeiros sistemas de gestão empresarial, em inglês Enterprise Resource Planning (ERP). Grandes marcas de ERP de hoje, como SAP, Totvs (antigo Microsiga), CIGAM têm origem nesta época. Outras boas marcas surgiram mais tarde.

Não demorou muito para um problema aparecer para os desenvolvedores de ERP: as linguagens de programação utilizadas estavam fortemente vinculadas aos sistemas operacionais de interface baseada em texto (MS-DOS e UNIX), o que impedia sua sobrevivência nos novos ambientes gráficos que passavam a ser o desejo de todos.

O surgimento do desenvolvimento low-code

Hoje, muito se fala em desenvolvimento de aplicações low-code (baixo código) como se fosse uma novidade. Na verdade, ferramentas com esta capacidade começaram a surgir já no início da década de 1980, o que chamou a atenção de alguns fabricantes de ERP, que perceberam que outras empresas de software começaram a ser afetadas pelas limitações das linguagens de programação da época.

A preocupação se mostrou acertada porque não demorou muito para que muitas destas linguagens fossem descontinuadas, fazendo com que muitas fabricantes de ERPs fechassem as portas por não conseguirem reescrever seus códigos. Esta situação traumatizou muitos desenvolvedores de sistemas, mas houve quem saísse ileso disso, como a CIGAM, que evoluiu com um sistema imune a este tipo de “acidente” ao mudar para o desenvolvimento low-code. Na época a CIGAM era uma pequena software house, mas essa decisão os ajudou a chegar hoje a ser um dos 5 ERPs mais usados no país.

Na época, os sócios da CIGAM passaram a procurar uma ferramenta que pudesse garantir a evolução de seu sistema, que rodava em MS DOS e UNIX. Robinson Klein e Luís Rogério Dupont tinham em mente uma solução com alta produtividade e evolução tecnológica contínua, com baixo risco de ser descontinuada para evitar ficarem “na mão”, sem suporte técnico ou que fossem obrigados a reescrever todo o software em outra linguagem, perdendo tudo que já havia sido feito até então.

A opção pelo low-code possibilitou rapidamente uma reescrita do ERP aproveitando a experiência e a idéia do projeto do que já havia sido feito no ERP da CIGAM, desenvolvido em Joiner, que operava no padrão xBase, semelhante ao Clipper, e que executava em DOS e UNIX. Além disso, a nova ferramenta low-code era fácil de usar, com apenas 13 comandos, capaz de criar o novo ERP aproveitando o que tinha de melhor da antiga versão do sistema e promover a migração em menos tempo do que se imaginava.

Esta capacidade técnica do low-code se comprovou eficaz ao permitir às constantes evoluções do ERP e com as customizações facilitadas para diferentes clientes ao longo dos anos. Quando surgiram a computação em nuvem e as aplicações mobile, a ferramenta low-code já estava preparada e permitiu a criação de aplicações para estas plataformas.

Sem penduricalhos, sem add-on’s, mais ágil e com entrega contínua

Com a “morte” de algumas destas linguagens de programação tradicionais, muitos fabricantes de software foram obrigados a “inventar” complementos ou frameworks tradutores para linguagens mais modernas para evitar reescrever todo o núcleo do sistema. Mesmo assim, ainda enfrentam muitos problemas de entrega porque são feitos em ferramentas que não possuem a mesma produtividade de desenvolvimento que o low-code oferece e na prática ainda trazem as limitações de suas linguagens de origem e ultrapassadas.

Low-code e as metodologias ágeis

Outro grande benefício do low-code para o mundo empresarial atual é que as novas ferramentas de desenvolvimento permitem melhorias contínuas, o que atende às necessidades das empresas alinhadas com as metodologias Ágeis e DevOps. A entregas contínuas acontecem sem erros de código, evitando que a equipe de QA – Quality Assurance perca tempo com testes recorrentes em larga escala. Assim, o sistema pode evoluir continuamente com foco nas regras de negócios dos clientes.

Integração facilitada: outra vantagem do low–code

Outro desafio que os fornecedores de sistemas enfrentam ao implementar o seu sistema é como integrá-lo a sistemas legados do cliente e com aplicações desenvolvidas em outras plataformas. Uma ferramenta low-code facilita esta tarefa quando ela possui uma tecnologia de integração nativa e quando possui conectores prontos e homologados com os principais fabricantes de ERP e CRM (Customer Relationship Management), como SAP, Salesforce, SugarCRM, Oracle, Microsoft Dynamics, entre outros. Praticamente, quem criou o seu sistema em low=code leva vantagem quando necessita atender ao seu cliente com as suas customizações e integrações.

Como pudemos ver, quando se fala em low-code, não podemos nos esquecer dos “desbravadores” deste mercado. A inovação de hoje tem a sua origem nestes pioneiros

*Rodney Repullo é CEO da Magic Software Brasil

Newsletter de tecnologia para você

Os melhores conteúdos do IT Forum na sua caixa de entrada.