Liderança remota: 5 habilidades fundamentais para o gestor de TI
Jornadas flexíveis vieram para ficar e discussão já atingiu outro patamar: qual o melhor equilíbrio para o trabalho híbrido em cada organização?

A habilidade de gerenciar uma
equipe a distância se tornou fundamental em 2020 por conta da pandemia
do novo coronavírus e as medidas do isolamento social. Elas fizeram com que
muitas empresas passassem a adotar o modelo remoto ou até mesmo o trabalho
híbrido (que alterna na semana dias em home office e dias presenciais).
Essa quebra de paradigmas no mundo
corporativo colocou em xeque as dúvidas que existiam sobre a efetividade do
home office e fez com que, ao longo desse ano, as empresas se adaptassem a uma
cultura de trabalho remoto, adotando rituais e novos processos para tornar a
liderança remota possível e produtiva.
Empresas e gestores que não
acreditavam no potencial e a eficiência do trabalho remoto foram obrigados a
adotá-lo e a grande maioria, certamente, se surpreendeu com os bons resultados.
Diante deste cenário, o Gartner (uma das maiores consultorias em TI do mundo)
sugeriu 10 dimensões de atenção para CIOs em 2021, com o objetivo de mover o
foco da liderança para três aspectos: efetividade, progresso e
autoconhecimento. A seguir, destacamos duas:
Consciência de líder:
enquanto líder é necessário entender que não existe apenas uma forma de fazer
as coisas e que essa nova cultura do trabalho está sendo construída
praticamente em tempo real.
Ambiente virtual: por conta
da súbita mudança para o trabalho remoto e as incertezas que esse período
gerou, muitos aderiram às mudanças mas não se comprometeram de fato com esse
modelo, até mesmo porque não se sabia ao certo quanto tempo seria necessário
trabalhar em home office.
Ao que tudo indica, as jornadas
flexíveis vieram para ficar e a discussão atual já atingiu outro patamar: qual
o melhor equilíbrio para o trabalho híbrido em cada organização? O trabalho
remoto pode ser mais integrado e menos solitário? Como garantir que as
lideranças consigam avaliar o trabalho dos times à distância? Apesar de ainda
não termos todas as respostas, uma certeza temos: a liderança remota vai
continuar.
De acordo com o relatório da
Microsoft, os colaboradores querem “o melhor dos dois mundos”: 70% deles querem
que o trabalho remoto flexível continue, sendo uma opção; enquanto 65%
gostariam de ter mais tempo presencial com o time. Já 66% dos entrevistados em
cargos de liderança estão considerando reestruturar os espaços físicos para
criar ambientes para o trabalho híbrido.
Por isso, gestores precisam estar
presentes no ambiente virtual, seja para realizar reuniões e manter o fluxo de
comunicação contínuo, ainda mais falando em equipes de desenvolvimento que
precisam que esse fluxo esteja bem estruturado para entregar bons projetos.
Habilidades fundamentais
Com este cenário, elaboramos uma
lista com as cinco habilidades fundamentais para você praticar uma boa
liderança remota com sua equipe de tecnologia. Deve-se observar que estas
habilidades já eram muito relevantes antes e agora, com o trabalho híbrido,
ganharam ainda mais importância.
Confiança – uma pesquisa
realizada pela Gartner mostrou que nas organizações em que há altos níveis de
confiança a média de engajamento dos colaboradores é 76% maior em relação às
empresas que apresentam níveis menores de confiança.
Construir um ambiente de confiança
mútua no trabalho, portanto, é fundamental, porque isso demonstra que você,
como líder, acredita no potencial da sua equipe e que também está disponível
para auxiliar no que for necessário. A criação e manutenção de um ambiente de
confiança está muito ligada à uma boa liderança.
Transparência – o trabalho
remoto traz um obstáculo óbvio para a liderança: não é possível, literalmente,
ver o que o time está fazendo. Portanto, já percebemos aqui como a confiança é
necessária. Entretanto, para além disso, é importante que na liderança
remota sejam criados ambientes em que as equipes possam ser transparentes,
possibilitando que os líderes saibam no que as equipes estão trabalhando, até
para que possam avaliar as entregas, identificar algum gargalo ou impedimentos
nos processos e auxiliar os colaboradores.
As famosas dailys, que vêm dos
frameworks ágeis como o Scrum, são ótimas para a transparência, justamente
porque são reuniões rápidas, nas quais todos os envolvidos em um determinado
projeto compartilham o que fizeram no dia anterior, o que pretendem fazer no
dia e se precisam de ajuda do líder ou de outro colaborador para resolver uma
pendência.
Colaboração – “Quando as
conexões se perdem, você para de inovar. É mais difícil ter novas ideias e a
criação de ‘grupos de pensamento’ se tornam uma possibilidade a ser seriamente
considerada”, afirma Nancy Baym, Senior Principal Researcher at Microsoft, no
relatório já mencionado acima.
Portanto, menos colaboração
significa menos produtividade. Isso acontece porque, em home office, o time
pode se sentir mais isolado, entendendo que seus esforços não estão sendo
reconhecidos. Sem transparência e confiança, isso faz com que o time fique mais
retraído e esteja disposto apenas a entregar a sua própria parte e não
colaborar com os outros pares do time.
Os frameworks ágeis normalmente
propiciam esse ambiente de colaboração e troca entre os participantes do
projeto, que são fundamentais para a inovação.
Além disso, ferramentas de
comunicação podem ser utilizadas para estar mais próximo do time, promover
conversas com a equipe, ou atender a necessidades individuais caso alguém
precise. Vale a pena mencionar também os impactos que a pandemia causou em nossas
vidas e que influenciam também no nosso trabalho. Assim, é possível criar
ambientes para compartilhar vivências e, consequentemente, ser transparente e
estreitar os laços de confiança.
Feedback e reconhecimento – é
importante dar feedbacks de forma periódica, seja fazendo uma atualização do
status geral de um projeto, de uma entrega finalizada que foi um sucesso, para
reconhecer a boa participação de um colaborador em um projeto.
Até mesmo porque, o home office
permite a contratação de talentos que vão além da geografia da sede da empresa.
Portanto, o reconhecimento e os feedbacks também fazem parte do processo de
acompanhamento, já que eles ajudam o novo colaborador a saber se ele está
evoluindo de acordo com as expectativas e também começam a criar um relacionamento
de confiança e transparência.
Comunicação – A comunicação
está presente na natureza de todas as habilidades anteriormente discutidas e é
um dos elementos fundamentais do mundo corporativo. No home office, por conta
da distância, esta importância ficou ainda mais evidente. Tenha em mente que o
líder acaba sendo a principal ponte entre o time e as outras áreas da
empresa.
Outra questão importante quando o
assunto é home office é que a exaustão mental tem sido apontada como um dos
principais pontos de atenção para as organizações. No relatório divulgado pela
Microsoft, 54% dos entrevistados disseram se sentir sobrecarregados em uma
rotina de trabalho 100% remota.
Assim, as habilidades aqui citadas
são elementos importantes para que a liderança remota consiga, com o apoio da
empresa, preservar de forma pró-ativa a saúde dos colaboradores e criar uma
cultura organizacional remota mais saudável.
* Edison Kalaf é sócio-diretor
da OPUS Software

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