Liderança remota: 5 habilidades fundamentais para o gestor de TI

Jornadas flexíveis vieram para ficar e discussão já atingiu outro patamar: qual o melhor equilíbrio para o trabalho híbrido em cada organização?

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8:04 pm - 25 de maio de 2021

A habilidade de gerenciar uma equipe a distância se tornou fundamental em 2020 por conta da pandemia do novo coronavírus e as medidas do isolamento social. Elas fizeram com que muitas empresas passassem a adotar o modelo remoto ou até mesmo o trabalho híbrido (que alterna na semana dias em home office e dias presenciais).

Essa quebra de paradigmas no mundo corporativo colocou em xeque as dúvidas que existiam sobre a efetividade do home office e fez com que, ao longo desse ano, as empresas se adaptassem a uma cultura de trabalho remoto, adotando rituais e novos processos para tornar a liderança remota possível e produtiva.

Empresas e gestores que não acreditavam no potencial e a eficiência do trabalho remoto foram obrigados a adotá-lo e a grande maioria, certamente, se surpreendeu com os bons resultados. Diante deste cenário, o Gartner (uma das maiores consultorias em TI do mundo) sugeriu 10 dimensões de atenção para CIOs em 2021, com o objetivo de mover o foco da liderança para três aspectos: efetividade, progresso e autoconhecimento. A seguir, destacamos duas:

Consciência de líder: enquanto líder é necessário entender que não existe apenas uma forma de fazer as coisas e que essa nova cultura do trabalho está sendo construída praticamente em tempo real.

Ambiente virtual: por conta da súbita mudança para o trabalho remoto e as incertezas que esse período gerou, muitos aderiram às mudanças mas não se comprometeram de fato com esse modelo, até mesmo porque não se sabia ao certo quanto tempo seria necessário trabalhar em home office.

Ao que tudo indica, as jornadas flexíveis vieram para ficar e a discussão atual já atingiu outro patamar: qual o melhor equilíbrio para o trabalho híbrido em cada organização? O trabalho remoto pode ser mais integrado e menos solitário? Como garantir que as lideranças consigam avaliar o trabalho dos times à distância? Apesar de ainda não termos todas as respostas, uma certeza temos: a liderança remota vai continuar.

De acordo com o relatório da Microsoft, os colaboradores querem “o melhor dos dois mundos”: 70% deles querem que o trabalho remoto flexível continue, sendo uma opção; enquanto 65% gostariam de ter mais tempo presencial com o time. Já 66% dos entrevistados em cargos de liderança estão considerando reestruturar os espaços físicos para criar ambientes para o trabalho híbrido.

Por isso, gestores precisam estar presentes no ambiente virtual, seja para realizar reuniões e manter o fluxo de comunicação contínuo, ainda mais falando em equipes de desenvolvimento que precisam que esse fluxo esteja bem estruturado para entregar bons projetos.

Habilidades fundamentais

Com este cenário, elaboramos uma lista com as cinco habilidades fundamentais para você praticar uma boa liderança remota com sua equipe de tecnologia. Deve-se observar que estas habilidades já eram muito relevantes antes e agora, com o trabalho híbrido, ganharam ainda mais importância.

Confiança – uma pesquisa realizada pela Gartner mostrou que nas organizações em que há altos níveis de confiança a média de engajamento dos colaboradores é 76% maior em relação às empresas que apresentam níveis menores de confiança.

Construir um ambiente de confiança mútua no trabalho, portanto, é fundamental, porque isso demonstra que você, como líder, acredita no potencial da sua equipe e que também está disponível para auxiliar no que for necessário. A criação e manutenção de um ambiente de confiança está muito ligada à uma boa liderança.

Transparência – o trabalho remoto traz um obstáculo óbvio para a liderança: não é possível, literalmente, ver o que o time está fazendo. Portanto, já percebemos aqui como a confiança é necessária.  Entretanto, para além disso, é importante que na liderança remota sejam criados ambientes em que as equipes possam ser transparentes, possibilitando que os líderes saibam no que as equipes estão trabalhando, até para que possam avaliar as entregas, identificar algum gargalo ou impedimentos nos processos e auxiliar os colaboradores.

As famosas dailys, que vêm dos frameworks ágeis como o Scrum, são ótimas para a transparência, justamente porque são reuniões rápidas, nas quais todos os envolvidos em um determinado projeto compartilham o que fizeram no dia anterior, o que pretendem fazer no dia e se precisam de ajuda do líder ou de outro colaborador para resolver uma pendência.

Colaboração – “Quando as conexões se perdem, você para de inovar. É mais difícil ter novas ideias e a criação de ‘grupos de pensamento’ se tornam uma possibilidade a ser seriamente considerada”, afirma Nancy Baym, Senior Principal Researcher at Microsoft, no relatório já mencionado acima.

Portanto, menos colaboração significa menos produtividade. Isso acontece porque, em home office, o time pode se sentir mais isolado, entendendo que seus esforços não estão sendo reconhecidos. Sem transparência e confiança, isso faz com que o time fique mais retraído e esteja disposto apenas a entregar a sua própria parte e não colaborar com os outros pares do time.

Os frameworks ágeis normalmente propiciam esse ambiente de colaboração e troca entre os participantes do projeto, que são fundamentais para a inovação.

Além disso, ferramentas de comunicação podem ser utilizadas para estar mais próximo do time, promover conversas com a equipe, ou atender a necessidades individuais caso alguém precise. Vale a pena mencionar também os impactos que a pandemia causou em nossas vidas e que influenciam também no nosso trabalho. Assim, é possível criar ambientes para compartilhar vivências e, consequentemente, ser transparente e estreitar os laços de confiança.

Feedback e reconhecimento – é importante dar feedbacks de forma periódica, seja fazendo uma atualização do status geral de um projeto, de uma entrega finalizada que foi um sucesso, para reconhecer a boa participação de um colaborador em um projeto.

Até mesmo porque, o home office permite a contratação de talentos que vão além da geografia da sede da empresa. Portanto, o reconhecimento e os feedbacks também fazem parte do processo de acompanhamento, já que eles ajudam o novo colaborador a saber se ele está evoluindo de acordo com as expectativas e também começam a criar um relacionamento de confiança e transparência.  

Comunicação – A comunicação está presente na natureza de todas as habilidades anteriormente discutidas e é um dos elementos fundamentais do mundo corporativo. No home office, por conta da distância, esta importância ficou ainda mais evidente. Tenha em mente que o líder acaba sendo a principal ponte entre o time e as outras áreas da empresa.  

Outra questão importante quando o assunto é home office é que a exaustão mental tem sido apontada como um dos principais pontos de atenção para as organizações. No relatório divulgado pela Microsoft, 54% dos entrevistados disseram se sentir sobrecarregados em uma rotina de trabalho 100% remota.  

Assim, as habilidades aqui citadas são elementos importantes para que a liderança remota consiga, com o apoio da empresa, preservar de forma pró-ativa a saúde dos colaboradores e criar uma cultura organizacional remota mais saudável.

* Edison Kalaf é sócio-diretor da OPUS Software

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