IT Forum: Coragem e conexões são chave para retomada, afirma Cortella

No IT Forum Grande Encontro, professor trouxe lições para o momento de retomada e reencontros presenciais

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3:18 pm - 24 de novembro de 2021
Mário Sergio Cortella Professor Mário Sergio Cortella participa da abertura do IT Forum Grande Encontro, evento híbrido da IT Mídia realizado nesta quarta-feira (24) (Imagem: YUCA Estúdio Criativo)

“O que a vida quer da gente é coragem”, lembrou o professor e filósofo Mário Sérgio Cortella em palestra de abertura do IT Forum Grande Encontro, evento híbrido realizado nesta quarta-feira (24) pela IT Mídia. A frase, parte da obra Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa, destacou Cortella, é importante para este período de retomada, seja dos encontros presenciais ou para o desenho de planos pós-pandemia.

Em sua fala, Cortella propôs uma reflexão dupla ao público do evento. As provocações, ele afirmou, também são resultado de reflexões sobre o que vivemos ao longo do último ano e meio. Na primeira parte da reflexão, um alerta sobre arrogância humana: “Nossa arrogância é perigosa”, provocou. “Imaginarmos que estamos protegidos de qualquer coisa é um equívoco impressionante”.

Exemplo disso, disse o professor, é a própria natureza da pandemia de Covid-19. “Um ser que nem é considerado vivo interrompeu nossas trajetórias, nossos sonhos e planos. A arrogância pode ser perigosa quando a gente deixa de lado esse saber”.

Na segunda parte da reflexão, uma nota mais otimista: “Não somos tão fracos assim”, disse. Mesmo ameaçados por um vírus inédito e absolutamente letal, disse Cortella, que colocou em risco nossos negócios, pessoas queridas, sonhos, projetos e processos, perseveramos.

“Nós fizemos isso por urgência, premidos pela necessidade imediata de saída”, pontuou. Para marcar esse ponto, recorreu novamente à Guimarães Rosa. “O sapo não pula por boniteza, pula por precisão (sic)”, citou, em referência ao trecho de A Hora e a Vez de Augusto Matraga, de Sagarana.

Na prática, as lições trazem um par de saberes, disse Cortella. O primeiro é uma lição de humildade. É preciso se compreender que não sabemos de tudo neste momento de redescoberta criativa, e também tempo de “reaprender o que não imaginávamos que seria necessário”, pontuou o professor.

“Muito do que estamos levando adiante, trouxemos do nosso modo anterior. Mas muitos dos nossos modos anteriores se tornaram anacrônicos”, completou, reforçando a necessidade de reinvenção.

O segundo dos saberes é a necessidade da colaboração. Exemplo disso, ele colocou, é o triunfo das vacinas: um esforço de homens e mulheres cientistas que, em tempo recorde, desenvolveram a ferramenta que nos tem permitido a retomada atual. “Reconectar é preciso”, disse.

Para exemplificar, o professor relembrou da Ilíada, obra grega que versa sobre a história do herói mitológico Aquiles. Invulnerável, a não ser pelo seu calcanhar, Aquiles sempre julgou se bastar a si mesmo – até que, durante o cerco de Tróia, foi ferido e morto por uma flecha que atingiu seu ponto fraco. “A melhor maneira de desabar é achar que isso não acontecerá”, anotou Cortella. “A gente só consegue sustentar situações com apoio”.

Para encerrar sua fala, deixou mais uma provocação para o público: “O futuro é o passado em preparação”, disse. É neste momento de retomada, afirmou o filósofo, que vamos desenhar o que virá nos próximos 20 ou 30 anos. “Em 2041, essa geração de homens e mulheres será olhada como?”, questionou. “Que nós juntamos e realizamos ou nos distraímos?”

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