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IT ForOn Breakouts fala sobre o real uso de IA hoje em dia e seu potencial

Na tarde de hoje aconteceu o segundo debate do IT ForOn Breakouts. O tema abordado pelos convidados foi “Inteligência artificial: o quão bem estamos utilizando e nos beneficiando dela para momentos complexos?”. Para enriquecer o debate, estiveram presentes Ailton Brandão, CIO do Hospital Sírio-Libanês; Fabricio Lira, Líder de dados e inteligência artificial da IBM Brasil; José Nilo, Vice-presidente da Huawei; Marcello Borges, CIO do grupo Queiroz Galvão; Raul Rentería, CTO da OLX, e Ricardo Cheida, Head de desenvolvimento de negócios e pré-vendas para América Latina da FICO. O bate-papo foi mediado por Vitor Cavalcanti, jornalista e sócio-diretor da IT Mídia.

Investimentos na área

A pandemia do novo coronavírus pegou o mundo inteiro de surpresa. Corporações que estavam adiando sua transformação digital perceberam que isso não é mais uma opção, mas uma urgência. Na área da Inteligência Artificial, movimentações também começaram a acontecer em decorrência da pandemia, no intuito de frear os avanços da COVID-19 pelo mundo.

Ailton Brandão, do Hospital Sírio-Libanês, afirma que o uso desta tecnologia já é algo comum na saúde, uma vez que a área é toda baseada em dados científicos. “Pesquisas e descobertas científicas são um modelo em uso há séculos pela medicina, e a IA e o big data permitiram que isso fosse levado a outro patamar. Primeiro, democratizando o acesso e permitindo mais gente a utilizar essas tecnologias. Depois, levando não só pra área clínica, mas para a área de gestão de todas as empresas”, explica.

Raul, da OLX, acredita que os investimentos em IA, independente da área, são geralmente muito altos, por isso precisam gerar retorno para se justificarem. “Hoje, são 7 milhões de pessoas que acessam nossa plataforma diariamente, gerando um petabyte por dia de dados. Por isso, geramos um data lake para desenvolvermos processos analíticos para toda essa base. Trabalhar com dados é uma jornada que no início é difícil, porque o resultado não vem rápido, então é preciso escolher bem as apostas, porque é uma área de um grande investimento”, diz o executivo.

Além de utilizar Inteligência Artificial para otimizar processos e recursos, a OLX também utiliza a ferramenta para gerar modelos preditivos e conseguir entender como as demandas dos usuários têm mudado durante a quarentena, por exemplo. Assim, conseguem eliminar da plataforma ofertas que sejam abusivas e oferecer aos usuários melhores experiências, preços e produtos.

Preparação

“A primeira coisa que se deve fazer para se preparar para utilizar Inteligência Artificial é um data lake com informações da empresa, considerando as diversidades do negócio. Aí sim, é possível tirar insights com as melhores ações”. Quem afirma é Marcello Borges. Para ele, uma grande vantagem do uso de IA na gestão dos negócios é poder captar padrões e aspectos que a olho nu não seriam possíveis. “Puxar insights a partir de dados é um diferencial, principalmente nesse momento”, diz.

Para José Nilo, as empresas já vem se preparando para IA há muitos anos, mas sob tecnologias com outras denominações. “Nos últimos anos, o uso ficou muito mais popularizada porque acompanhou o desenvolvimento das nuvens públicas. O que está faltando para a Inteligência Artificial florescer são quatro elementos: dados, cientistas de dados, infraestrutura e ambiente regulatório propício para usar esses dados de maneira positiva. Se o Brasil evoluir nessas quatro áreas, teremos casos impactantes do uso de IA.”

Ricardo Cheida, da FICO, levantou um aspecto importante do uso desta ferramenta. ” Pensam em IA como algo sofisticado, mas pode também ser usado para resolver problemas simples. Pra IA funcionar direito, tem que ter um envolvimento de negócios junto, envolvimento de pessoas. Não é só criar o algoritmo e juntar dados. Precisamos preparar pessoas para identificarem os melhores dados e características, treinar profissionais”, afirma.

Fabricio, da IBM, concorda que os pilares para o sucesso de projetos que implementem Inteligência Artificial sejam dados, infraestrutura e talento, mas adiciona mais um à equação:cultura organizacional. “A IA é pervasiva, ela não respeita como as organizações são montadas. Um chatbot de atendimento de uma empresa de telefonia, por exemplo: se oferece opção de 2ª via de conta, já está trabalhando com o departamento financeiro. Se agenda instalação, já é outro departamento afetado.”

Para o especialista, o caminho a ser percorrido deve ser incremental. “A cultura organizacional é uma grande aliada quando ela está alinhada, e uma grande inibidora quando não tá alinhada com o tema (de transformação digital). No momento em que estamos vivendo, de pandemia, estamos experimentando uma aceleração muito grande neste processo, porque a cultura está sucumbindo à necessidade de buscar uma solução.”

Ética

Algo que permeia a discussão sobre Inteligência Artificial é sempre a ética. Isso porque, no fim das contas, há sempre um ser humano – ou um grupo deles – por trás de qualquer decisão da máquina. “Quando a gente treina o modelo de IA, precisamos nos preocupar com a democracia da nossa plataforma. É preciso cuidado e ficar atento à população brasileira, que são os nossos usuários. É preciso representatividade na hora de gerar estes modelos”, garante Raul, da OLX.

Outra discussão que permeia a ética é a Lei Geral de Proteção de Dados, que entrará em vigor no próximo ano e mudará como a maioria das empresas trata as informações de clientes e usuários. “Todas as empresas tem que ter essa preocupação com os dados sensíveis, independente da lei. É preciso saber categorizar os dados e ter muito cuidado com ele”, continua Raul.

Marcello trouxe à discussão mais um ponto neste tema, que são os empregos que podem ser extintos com o uso frequente e mais avançado de Inteligência Artificial. ” Desde que surgiu a IA, fala-se que a tecnologia vai tirar empregos. A tecnologia pode ser usada de N formas, uma delas é salvar vidas. A ideia é utilizar IA para o que nós, humanos, não conseguimos fazer, como prever e prevenir acidentes. A tecnologia nos dá um potencial absurdo, e quem vai determinar como vai ser usado isso são pessoas.”

Fabricio – muitas mentes boas pensando nesse problema. “Se você pensa na evolução da tecnologia, ela acaba tendo esse tipo de fenômeno econômico, isso não é exclusivo da IA. O mesmo questionamento era levantado na adoção de mainframes ou ERP. A adoção da tecnologia vai fazendo com que, na medida que empregos antigos sejam eliminados, novos sejam criados. Isso tem que acompanhar o padrão de educação no Brasil. Não vai ser diferente na IA”, garante Fabricio, da IBM.

Para o executivo, “a máquina é boa em padrão, repetição, volume de dados, mas o ser humano é bom em coisas em que a gente não pode treinar a máquina. A tecnologia promove desenvolvimento na sociedade, e cabe a nós promover a readaptação da força de trabalho ao novo normal. A gente tem medo do novo, mas a história nos diz que o cenário é promissor. A discussão sobre Inteligência Artificial, em algum momento, vai deixar de ser protagonista e passar a ser algo normal no nosso dia-a-dia. Os Jetsons é algo muito mais próximo do que a gente pensa”, finaliza.


Ontem, na estreia do IT ForOn Breakouts, especialistas debateram sobre o futuro do big data no Brasil e as consequências da pandemia para a ciência de dados. Clique aqui e confira!

Para o terceiro episódio, o tema será Automação de Processos. Clique aqui para se cadastrar e acompanhar amanhã, ao vivo, às 16h.

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