IT ForOn Breakouts: como ficam os projetos digitais a partir de agora?

Bate-papo discute os projetos digitais das companhias agora, mais de um mês depois de declarada a pandemia de coronavírus no mundo

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6:49 pm - 22 de abril de 2020
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Há mais de 40 dias a Organização Mundial da Saúde declarou pandemia de coronavírus. Muitas empresas, a partir de então, se viram na necessidade de mudar completamente seus planos para 2020 e começaram a implantar estratégias de emergência e em tempo recorde.

Para falar sobre esse cenário, o tema do IT ForOn Breakouts de hoje foi “Transformação acelerada: como ficam os projetos passado o susto inicial?”. Participaram do bate-papo Mauricio Mazza, CIO da Mercedes Benz; Andre Costa, CIO da CCR; Simone Okudi, CIO da Stanley Black & Decker; Luzia Sarno, CIO da Fleury; Cristiano Felicissimo Soares, Diretor de Pré-Vendas da Seal Telecom; Paulo Breitenvieser, Diretor de Vendas da Huawei; Renato Castro, Diretor Geral da Microcity; Luis Banhara, Country Manager Brasil da Citrix, e Katia Ortiz, Country Manager Brasil da Servicenow. Quem mediou a discussão foi Vitor Cavalcanti, jornalista e sócio-diretor da IT Mídia.

Primeiros impactos

Luzia, do Fleury, conta que essa mudança repentina causada pelo coronavírus teve, obviamente, um impacto muito grande no setor da saúde. “Para nós, foi uma quebra de paradigma em todos os níveis. Até do ponto de vista governamental, onde a telemedicina foi liberada, por exemplo. Por causa da crise a gente acelerou a realização de projetos que tínhamos internamente mas que não eram prioridade ainda. De repente, tivemos que realizar um avanço fenomenal em várias iniciativas que já vínhamos desenvolvendo”, explica a executiva.

Para Mauricio, da Mercedes, os impactos são diferentes em cada segmento da companhia. “Quando falamos de veículos comerciais, percebemos um grande impacto por causa da crise. Mas os supermercados ainda funcionam, farmácias, então a gente não percebeu uma dinâmica no transporte e logística diminuindo. Por outro lado, há uma série de efeitos na fabricação de novos veículos que atrapalha o caixa das empresas”, diz.

Já para a Stanley Black & Decker, o maior impacto que a pandemia trouxe foi na área de construção civil. “Nós precisamos rever todo o portfólio de projetos, e alguns foram freados. A jornada para o e-commerce se tornou prioritária nesse momento. Isso porque, com o coronavírus, nossos representantes não podem fazer visitas em campo, então temos que apoiar eles nas vendas. Agora, toda a nossa capacidade está voltada para avançar o digital para dar apoio à força de vendas e apoio ao B2C”, explica Simone Okudi.

O Grupo CCR, de concessão de infraestrutura, transportes e serviços, se viu frente a um novo desafio. “Mais de 2.500 pessoas da nossa equipe tiveram que começar a trabalhar remotamente em três dias. Houve um aumento da incidência de tentativas de ciberataques, por isso a gente tem que conseguir uma colaboração segura para o colaborador continuar trabalhando de casa”, conta Andre Costa, CIO do grupo.

Prioridades

Com o atual momento, em que a sociedade enfrenta uma crise de saúde sem precedentes, a indústria precisou repensar as prioridades, planos e estratégias para 2020 e se readequar para atender o momento. Para algumas companhias, entretanto, pode ter sido mais desafiador que para outras.

Luis Banhara, da Citrix, conta que a empresa já contava com um plano de trabalho remoto, por isso os impactos dessa mudança não foram tão difíceis nesta questão, mas outros segmentos merecem uma atenção especial. “O nosso portfólio é feito para sustentar a experiência do usuário. Sempre que passamos por grandes acelerações nos processos, tendemos a deixar de lado alguns aspectos importantes. Mas a experiência do usuário é essencial. A experiência do funcionário também é fundamental no ecossistema de transformação digital das companhias. É preciso apoiar esse funcionário, que está em casa, para que ele continue sendo produtivo agora.”

Agora, passado o momento inicial de emergência e levando em conta a incerteza de quanto tempo essa situação de crise durará, as empresas estão investindo mais em tecnologias como nuvem, big data e inteligência artificial. Paulo, da Huawei, acredita que estes investimentos continuarão a acontecer, mas de forma mais cautelosa. “Projetos de operação começam a ter mais força, cada vez mais trazem uma nova discussão de decisão de negócio. Ainda precisamos entender o que e como será esse mundo novo pós-coronavírus, o que ele traz, quais são os dados gerados nele.”

Katia, da ServiceNow, enfatizou a importância das companhias continuarem colocando o cliente como centro das operações, especialmente em um momento como este. “A gente já passou do momento desta crise de precisar ter o básico para operar, agora estamos na fase da priorização.Com a nova fase, novos problemas apareceram. Como encaminhar para o digital os processos, como continuar se relacionando com o cliente, como fluir o processo de backoffice digitalmente… Essa realidade não vai acabar amanhã.”

Aceleração

Além de se adequarem a novos processos digitais, as empresas também terão que se adaptar ao novo perfil do cliente, que já estava mudando cada vez mais rápido. Agora, depois do coronavírus, o consumidor estará ainda mais exigente.

Renato, da Microcity, conta que quando aconteceu o “boom” do coronavírus, a demanda da empresa aumentou exponencialmente, mas ainda assim foi possível atender a demanda de clientes da base e alguns novos. “Daí em diante, quando se apagou o incêndio inicial, nós começamos a perceber que os investimentos ficaram mais cautelosos, mesmo com a demanda acelerando. A tomada de decisão pra esses investimentos ficou mais rápida e mais simples, o que acabou trazendo para a gente uma redução no tempo de negociação de um novo projeto. A velocidade de decisão de projetos essenciais está acontecendo”, explica.

Cristiano, da Seal Telecom, conta que, por ter um portfólio grande, a companhia teve algumas estratégias aceleradas. “Precisamos acelerar a colocação no mercado de produtos para ciberataque, manutenção preventiva, comunicação unificada… Sentimos alguns clientes parando alguns projetos, mas colocando em prática outros. Muitas empresas queriam colocar projetos em prática, mas esperavam algo que as empurrasse para isso. E o coronavírus empurrou”, conta o executivo.

Para Luzia, o foco da sociedade e das empresas não será o mesmo a partir de agora. “O novo normal vai ter muito mais velocidade. A gente nunca teve uma situação semelhante no mercado como agora. Nesse cenário, o que é o normal? O comportamento do consumidor vai mudar, as prioridades vão mudar, a sociedade vai exigir outras coisas que antes estavam em escala menor de prioridade. As escolas podem começar a ter também o home office, por exemplo. Então, como a sociedade vai se organizar? Acredito que teremos velocidade nas mudanças porque temos foco”, afirma.

Para Mauricio, o momento é de canalizar energias para que, apesar de tudo, possam sair alguns bons resultados dessa experiência no futuro. “É preciso achar o balanço, no sentido de como se reposicionar para gerar valor. Se você tiver predominância de uma visão mais conservadora, você pode colocar o futuro do negócio a risco. Mas se for inconsequente, também pode colocar o futuro da empresa em risco. Vamos ter que reler o portfólio de projetos, as estratégias e discutir os caminhos”, completa.


O bate-papo de amanhã discutirá a conveniência durante a pandemia. O encontro acontece às 16h, ao vivo, pelo YouTube. Clique aqui e confira detalhes.

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