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Inteligência artificial pode ser mais perigosa do que armas nucleares

A inteligência artificial (AI, na sigla em inglês) é como um belo pretendente conquistador: chega para depois desaparecer, levando esperanças e deixando para trás um amor não correspondido. É como o canto da sereia que mostra armadilhas adiante.

O visionário empresário Elon Musk acredita que AI pode ser mais perigosa do que armas nucleares. O físico Stephen Hawking adverte que AI “pode significar o fim da raça humana“. Mesmo Bill Gates, que geralmente é obcecado por tarefas prosaicas como a eliminação da malária, aconselha uma gestão cuidadosa das formas digitais de “superinteligência”.

Para G. Pascal Zachary, professor na Arizona State University e autor do livro Endless Frontier: Vannevar Bush, Engineer of the American Century (sem tradução para o português), a dúvida é: será que os medos exagerados de hoje em torno do tema serão a piada do amanhã?

Em artigo publicado no IEEE Spectrum, Zachary lembra que o passado da inteligência artificial assusta, mas hoje, ao olhar para trás, parece bobagem. Na década de 1950, com base no entusiasmo sobre o advento dos computadores digitais, os cientistas previram que máquinas iriam traduzir instantaneamente textos do Russo para o Inglês. Em vez de cinco anos, a tradução automática consumiu mais de 50 para ficar pronta. Enquanto isso, HAL, O Terminator, Ava, e outros rivais gerados por computadores, permanecem em Hollywood.

Nos últimos anos, alguns avanços no segmento foram realizados. Computadores agora podem identificar rostos em uma multidão e prestar serviços ao cliente por meio da simulação de uma conversação real. Carros autônomos e drones que entregam pacotes prometem revolucionar o mercado. Bombas que selecionam seus alvos e robôs que matam estão ao nosso alcance. A vida diária já parece impossível sem dispositivos digitais que gravam, alertam, e aconselham seus proprietários em ações e planos.

O belo pretendente está de volta, mais atraente do que nunca. Agora o abraço de robôs está mais perto, e provavelmente inevitável. Como traição é tema central de muitos romances, seres humanos passarão a ter ciúmes da inteligência artificial e a se preocupar com a perda de sua supremacia no mundo. Mentes digitais podem imitar, e, em seguida, se ressentem, e finalmente atacam os seres humanos.

Um gênio do mal pode conquistar o mundo com um exército de inteligência artificial malévolo. Para Daniel H. Wilson, autor do livro How to Survive a Robot Uprising, os seres humanos não precisam esperar pela primeira catástrofe de AI para instalar um “quarto do pânico de aço reforçado”, para onde as pessoas podem escapar de servos digitais desobedientes.

Fantasias do tipo, no entanto, diz Zachary, desviam a atenção de questões mais urgentes. Como a AI vai afetar empregos, especialmente os trabalhos mais bem remunerados? Quando escritores e artistas robôs vão alterar a forma como os seres humanos consomem conteúdos criativos? Quem será responsabilizado por acidentes quando os seres humanos não estiverem mais no ciclo de decisão ou ação?

Em vez de lobos do tipo Musk, os humanos precisam de uma discussão séria sobre novas normas e práticas que irão moldar a AI. Abaixo, Zachary lista três sugestões sobre como direcionar a conversa global de maneira frutífera, em vez de espalhar a cultura do medo:

1. Abrace o princípio da precaução
Proibições raramente funcionam. Testes cuidadosos e revisões técnicas são o caminho. A sociedade civil precisa de espaços seguros para realizar experimentos com sistemas inteligentes sintéticos. Governos devem encorajar testes controlados por empresas privadas com a condição de que os dados e as análises sejam amplamente compartilhados.

2. Diversidade
A verdade perturbadora é que a fronteira digital é dominada por pessoas que vivem na América do Norte, Europa, Japão e China. Aventuras em inteligência artificial deveriam refletir as aspirações de homens e mulheres e refletir a cultura e os valores de todas as nações.

3. Ajude os perdedores
A propagação da inteligência artificial vai doer um pouco, principalmente por meio da redução da demanda pelo trabalho humano. As respostas devem incluir ajudar as pessoas a usar o tempo de forma útil e atraente. Os governos também podem considerar dar aos seres humanos, como um direito legal, o domínio sobre um determinado número de robô. Tais políticas, pelo menos, criariam uma medida de equidade, porque as pessoas que têm mais posses certamente vão investir na montagem de seus exércitos de robôs.

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