Inteligência artificial e o setor jurídico: AI pode substituir advogados?
Saiba quais serão as principais mudanças que as tecnologias de automação trarão para esta área
Um estudo recente realizado pela LawGeex analisou as habilidades de 20 advogados experientes e comparou com a inteligência artificial. A tarefa consistia em analisar os riscos contidos em cinco contratos de confidencialidade. O grupo participante incluía diretores jurídicos, advogados autônomos e associados de grandes empresas globais, como Goldman Sachs, Cisco e Alston & Bird.
A inteligência artificial alcançou 94% de precisão, enquanto os advogados obtiveram a média de 85%. Em relação à velocidade, a AI ganhou em disparada, analisando todos os contratos em apenas 26 segundos contra 92 minutos dos advogados.
Tecnologia na esfera jurídica
A tecnologia e a esfera jurídica já estão caminhando juntas. A quantidade de dados jurídicos no Brasil cresce exponencialmente, fazendo-se necessária a análise rápida e eficiente dos documentos produzidos, principalmente em relação ao contencioso de massa. Desse modo, a computação cognitiva é crucial para que os advogados possam focar em demandas mais importantes.
O McKinsey Global Institute estima que quase 1/4 do trabalho de um advogado pode ser automatizado com o uso da IA. Além disso, algumas pesquisas sugerem que a adoção da tecnologia legal (incluindo AI) reduziria as horas de trabalho dos advogados em 13%.
Muitas empresas e escritórios de advocacia estão utilizando a inteligência artificial como um assistente virtual que coleta dados e analisa diferentes tipos de documentos, a fim de alavancar os negócios e diminuir custos. Ela permite, por exemplo, que os advogados se concentrem nas seções mais relevantes dos contratos, superando os mecanismos de buscas atuais e tornando o trabalho desses profissionais menos repetitivo e mais produtivo.
As principais mudanças da AI no campo jurídico que ocorrerão em breve são:
– Eliminação de alguns cargos que realizam um trabalho mecânico, como assistente de pesquisa, já que a máquina exercerá essa atividade, possibilitando que os advogados se concentrem em outras tarefas;
– Criação de novos cargos que entendam de tecnologia e direito, como engenheiros legais, uma vez que é necessária a existência de profissionais que saibam desenvolver e conferir se os resultados estão corretos;
– Diminuição da quantidade de processos por meio da automatização.
A inteligência artificial pode substituir o advogado?
A adoção cada vez maior da inteligência artificial causa um receio em muitas pessoas em relação à substituição dos humanos pelas máquinas. Mas isso não passa de um grande mito. A tecnologia é usada para auxiliar os profissionais e não substituí-los. Segundo Bruno Feigelson, presidente da AB2L e CEO da Sem Processo, “a tecnologia vem para substituir aquele trabalho de menor valor agregado, então isso vai impactar o mercado, mas não desvalorizando o advogado. Pelo contrário, pois o advogado vai deixar de fazer aquele trabalho repetitivo”.
Uma pesquisa realizada em 2014 pelo Canadian Bar Association constatou que a chave para o exercício de uma profissão jurídica viável, competitiva e relevante é a inovação, necessitando maiores investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
A tecnologia deve ser nossa aliada. Portanto, é importante que o profissional jurídico use a IA a seu favor para realizar suas atividades de forma mais consistente e com melhor acurácia e, assim, tornar-se mais competitivo e aprimorar a área do Direito.
*Anderson Paulucci é CTO da Semantix