Inteligência Artificial brasileira reduz testes de indústrias em animais

Desenvolvida no Brasil, a iS-Tox elimina a síntese dos compostos químicos e tem um banco de dados com parâmetros como referência.

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2:09 pm - 03 de outubro de 2019

No Brasil, não existe um lei que proíbe o uso de animais em testes laboratoriais de novos cosméticos ou medicamentos. Os números sobre o uso de animais em testes do tipo também são desconhecidos no país.

No total, nove estados promulgaram leis que não permitem essa prática: SP, MS, AM, PR, PA, MG e RJ. De acordo com a ONG Cruelty Free International, globalmente são utilizados cerca de 115 milhões de animais em testes de novos produtos.

A proibição também é um assunto duramente discutido, tal qual o seu uso real. Desde 2009, a União Europeia não permite esse tipo de prática. Em 2013, foi proibida a importação de produtos de empresas que incluem animais em seus testes.

No meio dessa discussão, a Altox desenvolveu uma plataforma online chamada iS-Tox (In Silico Toxicology Platform), capaz de minimizar a prática.

A ferramenta utiliza inteligência artificial, que avalia o nível de toxicidade de compostos em cosméticos, medicamentos e produtos agrícolas.

Ela tem como base um banco de dados com milhares de parâmetros nacionais e internacionais. Assim, a síntese da substância química deixa de ser, com a prática, necessária.

Ferramenta brasileira

Carlos dos Santos, diretor técnico da Altox e mestre em Saúde Pública pela USP, explica que o processo é inovador “por ser o primeiro laboratório virtual de toxicologia em tempo real da América Latina”.

Santos ainda cita que “vários diferenciais competitivos foram implementados” na plataforma. Dentre eles, a interface amigável “ao report altamente transparente, com design gráfico moderno e facilmente interpretável”.

A ferramenta iS-Tox foi desenvolvida ao longo de dois anos por uma equipe de especialistas, empresas e núcleos de pesquisa de universidades.

O projeto de pesquisa foi aprovado em 2016 no edital da Pesquisa e Inovação Tecnológica/PIPE FAPESP. Santos afirma que o próximo passo “é fechar parcerias com empresas de diferentes ramos” para “revolucionar os processos de segurança”. A meta mais ambiciosa, segundo ele, é “eliminar o teste com animais em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos”.

Com a ferramenta, é possível testar riscos como potencial para irritação da pele, toxicidade, irritação dos olhos, toxicidade do fígado, sensibilização, alergia e outros.

A plataforma também é escalável. Assim, é possível implementar novos núcleos específicos, atendendo normas de segurança que possam surgir futuramente para avaliação de moléculas.

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