Inovação no setor público: segredo é envolver os cidadãos

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2:04 pm - 10 de novembro de 2016
Inovação no setor público: segredo é envolver os cidadãos

A TI tem se tornado cada vez mais estratégica em todos os setores e o cenário não é diferente no órgãos públicos. As ferramentas inovadoras surgem como opção para prestar melhores serviços aos cidadãos e otimizar diversos processos internos e, sobretudo, para o público externo. O desafio para o setor é dar velocidade e colocar em prática as ações para melhorar os serviços públicos.

Para Luis Felipe Schneider, CIO do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), os objetivos de governos são diferentes dos que a iniciativa privada busca e, por isso, a realização da chamada transformação digital exige um passo atrás. “Os governos precisam se preocupar primeiramente com a gestão, pois não estão tão avançadas quanto a iniciativa privada. Processos, contratos, governança, tem que ser preocupações dos órgãos para dar esse passo à frente com a transformação digital. A TI está sendo exigida demais, mas muitas vezes não se dá estrutura para elas”, declarou Schneider, durante debate no IT Forum Expo.

Alexandre Pacheco, CIO do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRF), também participou da discussão e ressaltou a enorme pressão interna e externa que o setor de TI vem sofrendo da sociedade atual, que demanda que o MP produza mais tecnologias para atuação em suas diversas frentes. Dentre as vantagens de adoção de soluções digitais, Pacheco destaca os números do novo sistema de ouvidoria, que impulsionou os atendimentos via internet a 86% do total – à frente de telefone e na sede (com 12% e 2%, respectivamente).

Roberto Agune, coordenador do I-gov/SP, acredita que nenhum governo conseguiu avançar nas fases de integração e participação do mundo digital, desde a chegada da internet no Brasil. “Governos continuam trabalhando de forma isolada, repartida. A sociedade exige que governo inove, que mude seu jeito de relacionar com a sociedade”, afirmou.

Foco nos cidadãos
A unanimidade entre os participantes é que o cidadão precisa estar no centro de tudo antes do desenvolvimento de novas soluções. Mas como trazer a população para as estratégias?

Schneider destaca a utilização de tecnologias como business intelligence e analytics para exploração de dados sobre os usuários. O executivo afirma que o TJRS tem trabalhado não apenas com iniciativas de BIs convencionais, mas também com predição. “Quando pensamos no cidadão, para conseguir ofertar o que ele precisa, precisamos permitir que ele possa acessar nossos serviços para fazer captação dos dados que ele está consumindo. O desafio é aproximar o cidadão cada vez mais. Pensamos em soluções móveis, aplicativo oficiais de justiça. O app pode ser sucesso ou fracasso, por isso quanto mais escutarmos os cidadãos por meio de análise de dados, maiores as chances de termos sucesso com o aplicativo, seja interno ou externo.”

Os cidadãos sabem o que querem. E, por isso, o fundamental é mudar a forma de relacionamento de governo com a sociedade. A opinião é de Agune, que se mostrou confiante na capacidade dos órgãos públicos de praticar de fato inovação.

“Estamos falando sobre isso (inovação no governo) há 10 anos. Inovação e governo dá para fazer, mas a inovação não é apenas usar a tecnologia, mas, sim, por meio da tecnologia, rever processos, aproximar-se do cidadão, usar métodos como desing thinking. Realmente envolver o cidadão no processo – ele é o usuário. É preciso trazê-lo para junto de si e ver o serviço que ele, quer, qual forma, e quais canais. E não simplesmente desenvolver sistemas como se eles fossem resolver necessidades”, concluiu.

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