Ingram Micro vê oportunidade com PCs de IA em novo ciclo de renovação, mas virada só vem em 2026
Em conversa com o IT Forum, Flávio Moraes, presidente da Ingram Micro no Brasil, falou sobre barreiras e oportunidades dos PCs de IA
A gigante mundial de distribuição, Ingram Micro, não esconde seu entusiasmo com a chegada dos PCs de IA ao mercado. Isso ocorre porque, quatro anos após o início da pandemia de Covid-19, o mercado global se prepara para um novo ciclo de renovação dos parques de dispositivos empresariais. Isso, é claro, inclui o Brasil.
Nesta quinta-feira (03), a companhia realizou, em São Paulo, o Engage Experience, seu principal evento anual para clientes e parceiros, e deixou claro o potencial que o novo ciclo trará para os negócios da organização e de seus canais.
“A combinação de dois fatores – o pós-pandemia, com a necessidade de atualização de equipamentos, e a necessidade de novas configurações de máquinas por conta da inteligência artificial – faz com que a gente observe uma boa recuperação nesse segmento”, diz Flávio Moraes, presidente da subsidiária brasileira da Ingram Micro, em entrevista ao IT Forum.
O momento, no entanto, ainda não é o da “virada” dos PCs de IA no mercado. De acordo com o executivo, o Brasil está vivendo o “começo” da adoção desses dispositivos, em que muitas empresas ainda estão na fase de experimentação, enquanto outras já os inseriram no orçamento. O pico, ele avalia, deve chegar apenas em 2026.
“O volume de propostas relacionadas a esses equipamentos aumentou significativamente nos últimos dois trimestres. Isso ocorre muito por conta das tecnologias que os próprios fabricantes têm trazido, como o Copilot, da Microsoft, e o Watsonx, da IBM“, comenta. “Não há uma grande penetração no mercado de PCs de IA, mas a procura, hoje, é muito maior do que a de equipamentos tradicionais.”
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Moraes enumera alguns dos desafios que ainda têm segurado a demanda por esses dispositivos no mercado nacional. O custo de CAPEX é um deles. Com orçamentos restritos e linhas de crédito limitadas, muitas organizações ainda não embarcaram na tecnologia devido a impedimentos financeiros. “A barreira econômica é um desafio”, pontua.
Para enfrentar essa barreira, a Ingram Micro tem investido na modalidade de pagamento por serviço (aaS), que permite a transformação de investimento de capital em OPEX, além do chamado ITAD, serviço de recompra de equipamentos. Com esses serviços, organizações podem se desfazer do parque de dispositivos antigos de forma segura, com apagamento e destruição de dados, e reaver parte de seus investimentos anteriores.
Para se preparar para essa demanda, há dois anos, a Ingram Micro reforçou seus investimentos nessa área. Isso incluiu a ampliação de seu laboratório em Barueri, São Paulo, para o recebimento de máquinas e a adoção de novas ferramentas para ganhar escala e eficiência. “Nossa capacidade de recompra de equipamentos aumentou em cinco vezes em relação a 2021”, afirma. “Hoje, em todo processo de venda acima de 100 máquinas, o cliente já quer falar sobre o processo de recompra.”
Outro desafio é a própria inovação que esses dispositivos prometem para as organizações. Para tirar valor das capacidades de IA, as empresas devem combinar a adoção dos dispositivos com processos de letramento na tecnologia. Sem isso, diz o líder da Ingram, as empresas podem perder “boa parte” do ROI da tecnologia.
“A inteligência artificial não é uma linha de custo, é uma linha de oportunidade, mas ela só pode ser aproveitada se você tiver a experiência para o usuário. Em 2024, vimos uma maior demanda por equipamentos, mas a expectativa é que esse é só o começo.”
IPO e expansão no Brasil
Nesta segunda-feira (30), a Ingram Micro deu entrada com seu pedido de IPO nos Estados Unidos. O processo ocorre pouco mais de dois anos após a companhia ter sido adquirida pelo fundo Platinum Equity por U$ 7,2 bilhões. A expectativa é que o IPO levante o capital necessário para a companhia saldar dívidas.
Questionado pelo IT Forum, o presidente da companhia no Brasil não comentou os impactos do processo no mercado local. Há, no entanto, um interesse da empresa em expandir sua operação no Brasil.
Recentemente, a companhia contratou uma nova liderança em Belém, no Pará, que será responsável por uma carteira de clientes e revendedores. A empresa estava há anos sem uma presença física na região Norte, segundo o executivo. “Um dos nossos modelos de atuação é ter profissionais que atuem no cliente final, não com propósito de venda direta, mas com o propósito de abrir novas portas para fabricantes e revendas que não têm acesso a clientes dessas regiões”, explica.
Um movimento de expansão também foi feito na região Sul. A região já contava com profissionais atendendo seus três estados, mas recebeu uma nova liderança focada no setor público, que tem crescido na procura de soluções de transformação digital, incluindo nuvem, automação de negócios e inteligência artificial. “É uma vertical estratégica”, aponta.
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