IDC faz alerta sobre mercado cinza de wearables no Brasil

Quantidade de pulseiras e relógios inteligentes vendidos no Brasil cresceu 145% no mercado cinza e caiu 12% no oficial

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1:00 pm - 21 de julho de 2021

O mercado brasileiro de dispositivos vestíveis está crescendo, mas chama a atenção pela alta participação do mercado cinza na equação das vendas, revela a IDC Brasil no Tracker Brazil Wearables do primeiro trimestre de 2021. Segundo os dados do estudo, o crescimento no segmento de pulseiras fitness e smartwatches foi de 28% no trimestre, em relação ao mesmo período do ano anterior. Fones de ouvido wireless com conexão cresceram 19% no mesmo período. Considerando as duas categorias, a alta foi de 24,39% ano a ano.

O alerta, no entanto, vai para os números do mercado cinza no país: das 615.721 pulseiras e relógios inteligentes vendidas, mais da metade (397.936) foi adquirida no mercado cinza. Já os consumidores de fones de ouvido sem fio e integrados a outros dispositivos também recorreram ao mercado não oficial, mas em menor número. Dos 348.316 fones de ouvido truly wireless comercializados nos três primeiros meses de 2021, 161.990 foram via mercado cinza e 186.326 no mercado oficial.

Segundo a consultoria, os produtos do mercado cinza oferecem risco aos consumidores já que podem ser dispositivos falsificados ou sem nenhuma garantia legal. “A penetração de dispositivos vestíveis no grey market está tomando uma representatividade próxima ao tamanho do mercado oficial e isso é bem preocupante, tanto do ponto de vista da indústria, como do varejo legal e do usuário, pois não se trata apenas de comprar produtos que entraram no país ilegalmente. Principalmente na categoria de fitbands, há muitos produtos falsificados e de qualidade duvidosa, que comprometem a credibilidade da tecnologia e a segurança das informações dos usuários”, diz Renato Murari de Meireles, analista de pesquisa e consultoria em Consumer Devices da IDC Brasil.

Segundo o analista, os números do primeiro trimestre de 2021 refletem o cenário do período, marcado pela piora da pandemia, o fechamento das lojas, principalmente as de material esportivo, e o fim do auxílio emergencial. “Wearables não dependem muito do varejo físico, mas ainda assim foram impactados. Além disso, as vendas no segundo semestre de 2020 foram muito boas, e depois de um período forte chega a ser natural uma desaceleração. Fitbands e smartwatches, por exemplo, tiveram vendas expressivas na black friday e não surpreende que no começo do ano o movimento tenha sido mais conservador”, pondera Meireles. Já o mercado oficial de fones de ouvido, de acordo com a IDC Brasil, cresceu 64% em relação ao primeiro trimestre de 2020, impulsionado por novos entrantes, pela continuidade do home office e do ensino remoto.

Também no período, o preço médio dos vestíveis caiu. Nos três primeiros meses de 2021, o ticket médio das fitbands e smartwatches foi de R$ 1.269,37 no mercado oficial e de R$ 347,49 no grey market, e dos fones de ouvido truly wireless de R$ 867,38 e R$ 364,50, na mesma ordem. Em receita, o mercado total de wearables no primeiro trimestre de 2021 somou R$ 635.394,650.

Para 2021 e até 2024, a expectativa da IDC Brasil é otimista, com crescimento anual de dois dígitos. “A pandemia colocou a saúde e a boa forma na mente de muitos consumidores, e aumentou a adoção dos vestíveis para monitorar a frequência cardíaca, medir a temperatura e até para programas de condicionamento físico em casa. Esse comportamento deve crescer, assim como no mercado corporativo o BYOD tende a ficar ainda mais forte, inclusive com as próprias empresas comprando os acessórios para uso de seus funcionários”, prevê o analista da IDC Brasil.

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