IA é usada para descobrir informações de vítimas do Holocausto

Projeto da Accenture e da Arolsen Archives aplica tecnologia para digitalizar e estruturar dados pesquisáveis sobre pessoas perseguidas pelo nazismo

Author Photo
4:11 pm - 29 de abril de 2022
Imagem: Divulgação

A Arolsen Archives, organização que preserva a maior coleção de documentos relacionados à perseguição nazista, contou com o apoio de um time de voluntários da Accenture para revisar documentos de vítimas do nazismo usando Inteligência Artificial. Uma solução baseada em IA ajuda a extrair informações sobre as vítimas 40 vezes mais rápido do que iniciativas anteriores.

Parte essencial do trabalho feito pela Arolsen Archives é garantir que esses documentos se tornem acessíveis para todos que desejam procurar por vestígios de vítimas e sobreviventes do Holocausto. Todos os documentos que estão nos arquivos precisam ser revisados e suas informações colocadas em um banco de dados. Para facilitar este processo, a Arolsen Archives criou o #everynamecounts, projeto de crowdsourcing em que voluntários extraem informações de documentos manualmente.

Sem uso de tecnologia, entretanto, a tradução, leitura, transcrição, catalogação e validação desses documentos manualmente poderia levar décadas. Ian Lever, voluntário da Accenture e membro do Grupo de Recursos para Funcionários Judeus, recorreu, então, à IA para acelerar o processo. Em apenas dez semanas, ele e outros voluntários estabeleceram uma solução de IA capaz de indexar os documentos. Como a IA captura as informações de forma mais rápida e precisa, quatro voluntários validam aproximadamente 160 documentos em uma hora.

Com a ajuda do time Solutions AI da Accenture, os voluntários configuraram uma IA existente da companhia que usa reconhecimento óptico de caracteres e tecnologia de machine learning. A ferramenta é usada para indexar documentos especialmente difíceis e tediosos de serem extraídos por humanos, como as listas de prisioneiros e de transferências dos documentos em questão.

Leia mais: Computação quântica é revolucionária, mas ‘não para qualquer coisa’

Mesmo que a inteligência artificial faça a maior parte do processo, a supervisão humana ainda é importante, não só para garantir a precisão, mas para manter o processo de aprendizagem da IA, ressalta a Accenture. Ao revisar e corrigir informações, voluntários “ensinam” a solução a reconhecer caracteres de caligrafia e abreviações típicos da época.

Desde que a Accenture implementou a solução de IA em dezembro de 2021, a solução indexou mais de 160 mil nomes de vítimas de perseguição nazistas, extraiu informações de mais de 18 mil documentos e agrupou mais de 60 mil documentos em grupos semelhantes para melhorar a identificação e análise. Mais de 950 funcionários da companhia já se voluntariaram para o projeto.

“Temos orgulho dos esforços dos nossos funcionários para ajudar a manter viva a memória daqueles que passaram por dor e sofrimento inimaginável. Isso é ainda mais importante em um momento em que o antissemitismo, o racismo e o ultranacionalismo voltam a dar as caras”, afirma David Metnick, diretor administrativo e patrocinador executivo do projeto na Accenture. “Nós identificamos um problema, e nele, uma oportunidade de praticar nossos valores e usar a tecnologia digital para o bem.”

“Estamos impressionados com a quantidade de voluntários que ajudam na digitalização do nosso arquivo”, disse Floriane Azoulay, diretora da Arolsen Archives. “A colaboração com o time da Accenture é um ponto alto. É incrível, agora temos uma solução digital capaz de capturar o conteúdo dos documentos com maior rapidez, deixando informações importantes acerca dos destinos de vítimas da perseguição nazista mais fáceis de serem encontradas em nosso arquivo online”.

Newsletter de tecnologia para você

Os melhores conteúdos do IT Forum na sua caixa de entrada.