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Hype Cycle do Gartner destaca novos ecossistemas digitais

Lidar com tecnologias emergentes é um desafio. É difícil
descobrir se determinado fenômeno tecnológico surgindo no horizonte é exagero,
tendência ou tsunami. As decisões de embarcar em uma tecnologia inovadora são
arriscadas e têm, inevitavelmente, uma alta margem de incertezas.

Por outro
lado, o cenário de negócios está cada vez mais complexo e ameaçador, e para
manterem-se vivas e relevantes, as empresas têm que inovar, continuamente. As
tecnologias emergentes representam o futuro de muitos setores de negócios, pois
têm potencial de criar e reestruturar indústrias em ritmo cada vez mais
acelerado. Tornam obsoletas práticas tradicionais e provocam o surgimento de
novas e melhores práticas, competências centrais e estratégias competitivas. É
um cenário que as empresas têm que enfrentar. Simplesmente não têm escolha, a
não ser se transformar em participantes ativas do ecossistema de tecnologias emergentes que
podem redefinir seu próprio futuro. Ou correrem o risco de perder relevância e
eventualmente desaparecerem.

Leiam _ e se assustem com _ o relatório “What
is the life expectancy of your company?
do World Economic Forum. Diz textualmente: “Almost 50% of the Fortune 500 from 1999 had disappeared
from the list just ten years later.”!

Adotar tecnologias que ainda não se consolidaram é um
desafio para qualquer empresa e seus executivos. Algumas questões básicas que elas
precisam responder para gerir sua adoção podem ser resumidas em:

1) Como as empresas devem avaliar, decidir e se
comprometer com tecnologias emergentes, em face da extrema incerteza de sua
viabilidade?

2) Como decidir se a adoção será agressiva ou se
adotam abordagem de observação e espera? Quais os riscos e recompensas dessas
estratégias?

3) Como as empresas devem lidar com as tecnologias
emergentes em seu mercado, pois muitas vezes essas criarão novos modelos de
negócio que baterão de frente com as atuais práticas e modelos adotados?

4)
Quais as estruturas organizacionais que serão
necessárias para desenvolver, usar e comercializar tecnologias emergentes?

Nesse contexto, torna-se necessário monitorar continuamente
as inovações que poderão mudar o futuro das organizações.

Várias fontes de
informação confiáveis mostram que o cenário de negócio está cada vez mais
turbulento e instável.  Podemos até criar
um acrônimo, CIVA, para exemplificar o cenário de negócio atual e futuro:
Complexidade, Incerteza, Volatilidade e Ambiguidade. Esses quatro fatores serão
pano de fundo do cenário em que as empresas passarão a operar no século 21.

Um documento
que mostra claramente que estamos próximo do “tipping point” de adoção de várias
tecnologias que mudarão de forma dramática o cenário de negócios nos próximos
10 a 15 anos é o “Deep
Shift Technology Tipping Points and Societal Impac
t
”, publicado pelo World
Economic Forum.

Aqui faço dois lembretes: “tipping point” ou ponto de inflexão
é aquele momento onde a tecnologia alcança massa crítica suficiente para se
disseminar pela sociedade e causar impactos. E esta disseminação é exponencial.
Infelizmente, o nosso pensar de forma linear, diante de uma evolução exponencial,
nos leva à terrível armadilha de subestimar o impacto das transformações.

Um
exemplo de como a mudança exponencial é subestimada foi o Human Genome Project. Foi lançado
em 1990, com estimativa de ser concluído em 15 anos, a um custo de US$ 6
bilhões. Em 1997, portanto na metade do prazo, apenas 1% do genoma humano tinha
sido sequenciado. Pelo planejamento linear que adotamos, considerando o ritmo
de 1% em 7 anos, levaríamos 700 anos para concluir o sequenciamento. É um
pensamento lógico não? A pressão para encerrar o projeto foi imensa, mas quando
levaram o desafio ao futurista Ray Kurzweil, ele disse “1% significa metade do
caminho. Vamos em frente!”. Ele pensou exponencialmente _ 1% dobrando a cada
ano significa chegar aos 100% em 7 anos! O projeto foi concluído em 2001,
quatro anos antes do planejado e custando muito menos dinheiro que o estimado.
O pensamento linear, tradicional, errou o alvo por 696 anos!

Recentemente o Gartner liberou seu “Hype Cycle for Emergent
Technologies
” com sua visão das principais tendências tecnológicas para os
próximos anos. Esta visão gráfica proposta pelo Gartner é interessante por
combinar duas curvas que se complementam. A primeira, em formato de sino,
descreve esperanças e expectativas, e a frequente desilusão que
acontece com muitas tecnologias. É o lado emotivo, que enfatiza o entusiasmo e
exacerba a frustração. A segunda curva, mais racional, é a que descreve a
adoção de tecnologias e tem um formato de um “S” deitado. É aí que as tecnologias
realmente se consolidam e se disseminam pela sociedade. De forma similar vemos
este fenômeno ocorrendo na mídia. Quando a tecnologia está na fase do
entusiasmo ou mesmo frustração, aparece em reportagens como casos de sucesso ou
fracasso. Quando ela passa a ser adotada, se tornando mainstream, simplesmente
some das manchetes.

 

O Gartner alerta que “To thrive in the digital
economy, enterprise architects must continue to work with their CIOs and
business leaders to proactively discover emerging technologies that will enable
transformational business models for competitive advantage, maximize value
through reduction of operating costs, and overcome legal and regulatory
hurdles
“. O interessante do relatório é que ele agrupa as diversas
tecnologias em três macrotendências que sintetizam o caminho da evolução
tecnológica para os próximos anos.

Essas três macrotendências são:

1) Experiências imersivas (Gartner chamou de “transparently
immersive experiences”)
É o conjunto de
tecnologias que estão se tornando mais “human-centric” e com isso, cada vez mais invisíveis, fluídas e contextuais em suas relações com as
pessoas, objetos e empresas. Entre elas estão a Realidade Virtual e a Realidade Aumentada. O caso do Pokémon Go mostrou, na prática, que realidade aumentada já é
realidade. Vale a pena ler “Pokémon
Go Brings Augmented Reality to a Mass Audience”
. Também começam a aparecer
evoluções de tecnologias que já têm 30 anos, mas ainda pouco usadas aqui no
Brasil como as impressoras 3D. Já vemos as impressoras 4D despontando. Vale a
pena dar uma olhada em “Explainer:
what is 4D printing?
. E também tecnologias novas como Brain-Computer Interface, Human Augmentation, Volumetric Displays, Affective Computing, Nanotube Electronics e Gesture Control Devices.

2) Máquinas inteligentes (The perceptual smart
machine age)

Máquinas inteligentes, ocultas em assistentes pessoais como
Google Now, veículos autônomos e robôs, suportados por algoritmos sofisticados,
machine learning e técnicas de linguagem natural serão todas lugar comum.

Algoritmos
inteligentes já estão inseridos nas nossas atividades diárias e nem percebemos
disso. Quando vemos um filme no Netflix ou encomendamos um livro na Amazon, por
trás dessa escolha está a influência de algoritmos de recomendação. A sugestão
de caminho proposto pelo Waze ou a precificação de uma corrida pelo Uber também
são baseados em algoritmos. Aprovação ou negação de créditos são baseados em
algoritmos. Preços dinâmicos para passagens aéreas são estipulados por algoritmos.

A onipresente busca que fazemos no motor de busca do Google é um sistema de IA.
Mais da metade das ações em bolsa transacionadas nos EUA já são comandadas por
algoritmos. Pesquisadores já apontam que uma máquina HLMI (Human-level machine
intelligence), que pode ser definida como um computador capaz de efetuar a
maioria das profissões humanas ao menos tão bem quanto um ser humano, tem 50%
de chance de ser alcançada em torno de 2050. E que de lá para uma máquina
superinteligente o passo seria de poucas décadas. A definição desta máquina
superinteligente seria algo como “um intelecto que excederá largamente o
desempenho cognitivo de humanos em virtualmente todos domínios de
conhecimento”.

3) 
Revolução das plataformas (Platform revolution)

O deslocamento da infraestrutura tecnológica para ecossistemas (que começou
primitivamente com cloud computing) e irá se aprofundar com tecnologias como blockchain
e SoftwareDefined
Anything
(SDx) vai criar as fundações para criação de novos modelos de
negócio, criando uma ponte invisível e intuitiva entre nós e as tecnologias.

É um fato, não uma opinião. As mudanças estão acontecendo em
ritmo acelerado, e exponencialmente! Seu poder de transformação da sociedade e
empresas não pode ser ignorado. Os executivos das empresas, sejam CEOs ou CIOs
devem estar antenados com estas mudanças, que já estão no cenário estratégico
de curto a médio prazo, e que mudarão de forma significativa as estruturas
sociais, empresariais e, consequentemente, modelos de negócio. Os bilhetes para
o trem estão se esgotando e se não corrermos, vamos perdê-lo. Como disse o CEO
da Disney, Bob Iger “The riskiest thing we can do is just maintain the status
quo
.”

 


(*) Cezar Taurion 
é CEO da Litteris Consulting, autor de seis livros sobre Open Source, Inovação, Cloud Computing e Big Data

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