Hospital reduz mortalidade em 50% com protocolo integrado ao prontuário eletrônico

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11:24 am - 30 de janeiro de 2015

A sepse, popularmente conhecida como infecção generalizada,
responde por 25% da ocupação de leitos de UTI no Brasil e é a principal causa
de morte nessas unidades, segundo o Instituto Latino Americano da Sepse (Ilas).
Não existe um levantamento específico sobre o impacto da infecção
especificamente nas crianças, mas o Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria,
de Joinville (SC), identificou o desfecho clínico como causa principal de
mortes da instituição, em torno de 35% do total de óbitos.

Diante desta constatação, evidenciada pela Comissão de
Óbitos do hospital, equipes de médicos, enfermeiros, farmacêuticos e
profissionais da TI se organizaram para a elaboração de um protocolo de sepse e
incorporação no
prontuário eletrônico do paciente (PEP).

O objetivo era detectar precocemente os pacientes de risco.
Para isso, os profissionais envolvidos diretamente na elaboração revisaram a
literatura existente e enviaram proposta à TI, que viabilizou o alerta
automático no PEP e SMS para supervisores de plantão quando algum sinal vital
compatível com o quadro séptico se alterasse. O protocolo, implantado em abril
de 2014, contempla sinais como frequência respiratória, cardíaca, oximetria,
temperatura axilar, pressão arterial e ainda resultados de exames
laboratoriais.

Depois do aviso em tempo real, checa-se novamente os sinais
vitais e, conforme a necessidade, é aberto um protocolo de sepse e todas as
medidas clínicas são imediatamente tomadas para prevenir a piora do paciente.

“Tínhamos em torno de 35% de óbitos por sepse, hoje estamos
com 18%. A taxa de mortalidade geral diminuiu em 50% para a sepse”, comemora o
diretor técnico do hospital, Tiago Neves Veras. Houve também diminuição do
tempo para o início do antibiótico e para expansão volumétrica em menos de uma
hora.

O Hospital Infantil, de 150 leitos e gerido pela Organização
Social Hospital Nossa Senhora das Graças de Curitiba, é um exemplo para o SUS,
pois tem seus processos informatizados tanto internos quanto externos. “A TI é
envolvida em todas as discussões de melhoria”, ressalta a diretora geral do
Hospital, Irmã Ivete Negreli.

“Para mim a TI é tão ou mais importante que os setores de
assistência, pois realiza uma gerência totalmente estratégica”, afirma Veras,
lembrando que hoje o departamento é composto por sete profissionais.

É comum o discurso de que o mais trabalhoso não é a questão
tecnológica, mas o engajamento das pessoas. Para Veras esse continua sendo o
maior desafio, fazer com que todos, das mais variadas formações e
características, entendam a importância deste novo processo.

A entidade gastou cerca de R$ 5 mil com o projeto, incluindo
campanhas de sensibilização e treinamento adaptado para cada setor.

 Atualmente a maior
demanda da instituição é via pronto-socorro, que mensalmente oferece
aproximadamente seis mil atendimentos, sendo referência para 25 municípios das
regiões norte e nordeste de Santa Catarina. Por isso já está em franca
aplicação um protocolo de urgência e emergência, também integrado ao PEP. 

*Essa reportagem faz parta da revista Saúde Business (dez/14), que traz o estudo completo “Referências da Saúde 2014”, CLIQUE AQUI 

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