Vivemos em um país de escala continental, atualmente com pouco mais de 210 milhões de habitantes e desafios proporcionais ao seu tamanho em diversos setores sociais e de infraestrutura. Neste sentido, devido à grande possibilidade e necessidade de melhorias, o setor de saúde brasileiro tem atraído a atenção e o investimento dos empreendedores há algum tempo.
Dentre as deficiências mais evidentes desse setor temos:
Hoje, segundo dados da ANS (Agência Nacional de Saúde), 75% da população depende do sistema público de saúde. Sistema esse que, apesar de ser um dos mais bem estruturados do mundo, está longe de ser o mais eficiente.
No entanto, se há tantos problemas, há também muitas oportunidades. E devido a isso, as startups da área da saúde nasceram.
As healthtechs possuem a missão de oferecer soluções variadas, unindo saúde e tecnologia, com o objetivo de melhorar as experiências e a participação dos clientes nas rotinas médicas, ampliar o acesso à saúde de qualidade, além de ajudar hospitais, clínicas e laboratórios a melhorarem seus serviços.
São mais de 380 healthtechs mapeadas, segundo o relatório de 2019 da Distrito. Há dez anos eram apenas 50 e isso nos mostra o rápido crescimento desse setor, principalmente nas regiões sul e sudeste, onde concentra-se 88% delas.
Essas startups oferecem uma quantidade bem diversificada de produtos e serviços, contemplando as seguintes áreas:
Questões de regulamentação são um desafio para todos os setores em nosso país e não seria diferente para esse segmento. Como exemplo, temos a Resolução 2.227/18 do Conselho Federal de Medicina que permite o atendimento à distância dos médicos, dando espaço para a telemedicina no país, mas que foi revogada em fevereiro de 2019.
Outro ponto desafiador para essas startups é o mindset do brasileiro. Ainda existe muito apego ao modelo tradicional de planos de saúde, por exemplo. Além disso, se considerarmos as healthechs voltadas ao diagnóstico, há também resistência por parte de hospitais e laboratórios para utilizarem suas soluções com confiança. Esse é um ponto bastante crítico e que exige que elas tenham credibilidade no mercado.
A atração de investidores do mercado de capitais e a consolidação de parcerias com as empresas tradicionais também são outros fatores críticos.
Médicos, por exemplo, possuem sua grande maioria ainda presa ao modelo tradicional de medicina, no entanto a nova geração começa a se mostrar mais aberta às novas tecnologias e aos novos modelos de atendimento e diagnóstico.
Quando o modelo de negócios depende de uma mudança cultural e de mindset, sua evolução pode ser mais lenta, porém possível e necessária. Isso significa que, como em tudo que é disruptivo, é preciso dar tempo ao tempo.
*Por Estela Teodoro, analista de inteligência comercial na DB1 Global Software*
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