GPTW TI 2022: indústria de tecnologia brasileira atinge nota recorde em clima organizacional

Divulgado com exclusividade pelo IT Forum nessa quinta-feira (10), o ranking de melhores empresas de tecnologia da informação para se trabalhar no Brasil em 2022 formulado pelo Great Place to Work chegou a 17ª edição. Isso em um momento no qual a mão de obra no setor de tecnologia – principalmente de profissionais técnicos – nunca foi tão grande.

Segundo dados da Brasscom amplamente conhecidos, as vagas em tecnologia não preenchidas no País em 2025 podem chegar a 800 mil.

Análise: Empresas GPTW TI de 2022 ainda carecem de diversidade

Para Caio Rodrigues, diretor regional do GPTW e um dos responsáveis pelo ranking das empresas de tecnologia, a busca agressiva por talentos de TI no mercado nacional reforça a necessidade de criar climas organizacionais melhores para prevenir a evasão. E por isso a nota média obtida pelas organizações do setor de TI nunca foi tão alta – saltou de 88 em 2019 para 94 em 2022.

“A lista está ficando cada vez mais desafiadora em termos de nota”, disse o especialista em entrevista ao IT Forum.

Confira a entrevista completa:

 

IT Forum: A competição por talentos na área de TI nunca foi tão grande, o que também pressiona as empresas a reterem esses profissionais. Como as organizações no ranking GPTW TI tem lidado com essa pressão?

Caio Rodrigues: O mercado de TI tem uma busca de talentos muito agressiva. Para capturar esses talentos não só a remuneração é uma grande ferramenta, mas principalmente o clima organizacional e as práticas. São ferramentas estratégicas das empresas de tecnologia para conseguir melhores talentos e, com isso, melhores resultados.

Hoje não só as notas delas são referência entre os setores, mas a régua também é mais alta. Para entregar a mesma satisfação, elas têm que fazer mais. Antigamente se pensava em atração somente pelo salário, e hoje a gente sabe que principalmente no setor de tecnologia e entre o público mais jovem o clima organizacional tem destaque cada vez maior.

 

IT Forum: Muitos gestores de TI reclamam dos salários inflados no setor.

Rodrigues: ‘Inflados’ não sei se é a palavra, porque dá a impressão de que estão acima do que deveriam. Mas não existe essa verdade absoluta. Em algumas áreas sim, existem níveis de salário bem altos, principalmente em áreas que precisam de desenvolvedores. As empresas de tecnologia empregam muita gente, mas é claro que os desenvolvedores são mais buscados.

 

IT Forum: E o que você destacaria na lista do Great Place to Work de 2022 no setor de tecnologia? O que te chamou a atenção?

Rodrigues: Primeiro que a lista está ficando cada vez mais desafiadora em termos de nota. O clima melhorou. Desde 2019 o índice de confiança da pesquisa geral era 88 pontos. Em 2020 passou para 89, e agora estamos falando de 94. Vai aumentando consistentemente. Está ficando cada vez mais difícil estar entre as premiadas.

Também que o público está ficando cada vez mais jovem. Passou de 61% de colaboradores com menos de 34 anos em 2019 para 68% hoje. Mais de dois terços dos funcionários nas premiadas são jovens. Ainda estão começando sua jornada. Quando a gene vai ver o oposto, só tem 3% tem mais de 55 anos. E isso é um ponto de preocupação, de alerta. Onde está o espaço de quem tem mais de 55 nesse setor?

O perfil do colaborador está ficando cada vez mais voltado para o crescimento. É uma característica mais comum nos jovens. 44% em 2020 falavam que o principal motivo era crescer e se desenvolver. 52% agora falam isso.

 

IT Forum: E o trabalho remoto, ou híbrido? Esse ano observamos, principalmente nos EUA, o movimento da “grande resignação”, como foi chamado. Parte dele costuma ser explicado pela tentativa das empresas de retomarem regimes de trabalho mais presenciais. O home office virou mesmo mandatório entre as empresas, inclusive brasileiras?

Rodrigues: Com certeza se tornou derradeiro. Muitas empresas estão migrando para modelos 100% remotos ou híbridos. Muitas adotaram esse formato híbrido. Sabemos que está havendo uma grande migração de colaboradores que colocam isso como essencial.

Existe risco de perda de talentos de acordo com o modelo escolhido. Mas, de novo, isso é em média. Cada empresa acaba achando sua estratégia.

Para as próprias empresas é muito vantajoso em termos de seleção de talentos. Com o trabalho remoto a gente consegue contratar colaboradores do Brasil inteiro, do mundo inteiro. Essa é uma ferramenta muito útil para grande base das empresas

 

IT Forum: Um mito bastante comum relacionado ao setor de tecnologia é que essas empresas sempre têm videogames, fliperamas e mesas de bilhar para os funcionários. Essa imagem caricata ainda existe? Se existe, ainda faz sentido?

Rodrigues: Se mantém. São coisas que são esperadas. Não é mais um diferencial tão grande quanto era no passado. Esse tipo de adaptação de ambiente de trabalho ganhou muito destaque. Hoje é muito comum não se diferencia tanto. Para o clima organizacional de excelência ações como essa podem ajudar, mas a base é uma cultura de confiança. Pode ter puff, pista de skate, mas sem essa relação entre líder e liderado, dificilmente o colaborador vai se sentir em um lugar bom para se trabalhar.

 

IT Forum: O setor de tecnologia tradicionalmente é bastante desigual. Como está o cenário atualmente?

Rodrigues: Sabemos que é um problema histórico. No caso de gênero temos menos mulheres, principalmente em desenvolvedores. No geral a gente tem 43% de mulheres trabalhando no setor. Quando se vai para cargos de alta liderança já reduz para 23%. Menos de um quarto. É um ponto de atenção. Quando vai para o CEO é 7%. Quanto mais a gente sobe [na hierarquia], infelizmente vê uma redução.

No que as melhores empresas estão se diferenciando? Há poucas mulheres preparadas para cargos de desenvolvimento, então muitas companhias investem em formação de base. Cursos extracurriculares para que mulheres sejam contratadas. Colocando metas agressivas para contratação de mulheres.

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