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Governança e segurança desafiam iniciativas de automação da indústria 4.0

A urgência pelo uso de tecnologia da informação no ‘chão de fábrica’, acelerado pela pandemia, trouxe ganhos ainda maiores para as linhas de produção da indústria 4.0. Mas também tem desafiado CIOs sobre como mensurar inciativas, demonstrar retorno aos boards e controlar a segurança da informação – além da inusitada tarefa de governar oi desenvolvimento de soluções próprias por parte das várias áreas da companhia, que agora podem ‘codar’ e automatizar seus próprios processos sem passar pela TI.

Esse é um resumo do que foi debatido na quinta (21) na sala Automação: olhos voltados à produtividade, durante o IT Forum Trancoso 2022.

“Eu vou na linha de que o desenvolvimento de automação nas ‘pontas’ é inevitável”, disse Paulo Sérgio dos Santos, diretor de tecnologia da informação da catarinense WEG. “As pessoas hoje saem da faculdade programando. Ele não está atuando na TI, mas esse profissional pode ser decisivo no processo de automação do departamento em que ele trabalha.”

Leia também: Microsoft: estratégias de segurança e de negócio precisam estar conectadas

Para o executivo, é preciso dar a infraestrutura necessária e o ambiente de desenvolvimento para que essa pessoa encontre alternativas produtivas em seus processos de área (ou até individuais). No entanto, aí vem a “importância da governança na TI”.

Mauricio Mazza, CIO da Mercedes-Benz do Brasil, concorda. Para ele “a TI não consegue controlar” nem tem força de trabalho suficiente para impedir o surgimento de processos automatizados em todas as outras áreas da empresa. “Precisamos dar autonomia para cada área, mas também precisamos acompanhar”, disse.

A grande preocupação elencada pelo CIO da montadora alemã são os ataques cibernéticos. Afinal, o desenvolvimento de códigos feitos fora das regras de governança e controle da TI pode abrir portas para invasores. No entanto isso não é argumento suficiente para impedir esse processo colaborativo.

“Nenhum board quer assumir que está vulnerável a ataques cibernéticos”, lembrou Mazza, mas ressaltou que “não adianta achar que fazendo investimento em segurança da informação acabaram os problemas, a gente gerencia riscos”.

Grandes projetos

Maurício e Paulo apresentaram durante o painel algumas iniciativas de automação de suas companhias. O CIO da Mercedes-Benz, por exemplo, destacou que as diretrizes para a indústria 4.0 são uma prioridade da matriz alemã e da brasileira. Por isso saiu-se de uma linha de produção para outra mais flexível, com uso massivo de TI e 15% mais eficiente.

“A automação é um caminho que não tem volta. Além de não deixar o sistema cair, nosso desafio é montar um suporte que permita que volte a operar rapidamente, caso tenha interrupção na produção”, ressaltou. “Conseguir descobrir onde está o problema o mais rápido possível. A gente só consegue fazer tudo isso por causa de TI.”

Mesmo com esses resultados, Mazza ainda se sente desafiado a “mostrar o valor que a TI gera para a empresa e não o custo”, e que a cultura corporativa ainda é um obstáculo em certas ocasiões. No entanto a pandemia deu não só impulso, mas foco para priorizar projetos e chegar a resultados mais rapidamente.

“Por outro lado, se para a TI, para tudo”, disse, lembrando a criticidade que a tecnologia da informação ganha na indústria 4.0.

Já na WEG, que atualmente tem a “maior planta do mundo de motores elétricos”, segundo Santos, com 48 fábricas em 13 países, com 50% dos processos feitos por computadores. Atualmente há uma equipe da TI no chão de fábrica dedicada a entender problemas e dificuldades.

“Essa interlocução com o chão de fábrica para prestar melhor atendimento já está dando bons resultados”, disse o diretor de TI, que durante a pandemia apostou em uma plataforma para automatizar vistorias de produtos de forma virtual. “Instalamos câmeras de todos os ângulos nos nossos laboratórios, geramos relatórios e isso traz economia aos clientes.”

Mesmo com o arrefecimento da pandemia e a volta da possibilidade de os inspetores viajarem até as plantas da WEG, as vistorias virtuais continuam no mesmo ritmo e volume. “Essa ideia não teria dado certo antes da pandemia. O cliente iria preferir o olho a olho”, ponderou.

Atualmente a empresa tem como objetivo ser protagonista na indústria 4.0 no Brasil.

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