Google quer despertar interesse de mulheres por tecnologia

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11:24 am - 16 de março de 2015
Google quer despertar interesse de mulheres por tecnologia
Não é novidade: as mulheres são minoria na TI, mas o Google quer mudar esse cenário e realiza periodicamente, em todo um mundo, uma série de iniciativas para despertar o interesse delas para programar, desenvolver e realizar outras funções na área de tecnologia. Uma das ações é o Women Techmakers, programa global mantido pela gigante de buscas com o intuito de gerar visibilidade, troca de experiências e recursos para mulheres no setor. 

No Brasil, o Women Techmakers aconteceu neste mês em Belo Horizonte e em São Paulo. Na capital paulista, o encontro foi realizado no último sábado (14/3) e reuniu dezenas de meninas interessadas no assunto, que fizeram inscrição prévia por meio do site do programa. Cheguei à sede do Google em São Paulo pontualmente às 10h30 para acompanhar a série de palestras sobre o tema e participar também de um laboratório de programação Android Wear, sistema operacional desenvolvido para dispositivos vestíveis. 

Para minha surpresa, ao entrar na empresa, encontrei alguns meninos. Felipe Toriumi, 21 anos, estudante de engenharia, era um deles. “Como o convite era aberto também para o público masculino, resolvi me inscrever”, justificou. “Foi uma experiência diferente, porque senti na pele como as mulheres se sentem em empresas de TI e em eventos”, observou. Em sua visão, iniciativas como a do Google são fundamentais para difundir a presença feminina no setor.

Renata Minna Carignani, 22 anos, publicitária, acredita que é possível ter mais mulheres em TI. “Gosto de ver mulheres no topo, de ter alguém para me espelhar”, disse, completando que é feminista de carteirinha e gosta muito de tecnologia apesar de não trabalhar na área. “Tenho um ‘pé’ em programação, estou fazendo um curso on-line sobre HTML CSS e considerando mudar de área”, contou.

Elas no Google
No Google, o tema não para no discurso. Prova disso é a quantidade de mulheres nos escritórios da empresa mundo afora, que vem crescendo ano a ano. A companhia não divulga dados sobre a presença de mulheres no Brasil, mas levantamento divulgado no ano passado indica que 30% da sua mão de obra é formada por mulheres nos Estados Unidos.

Em solo nacional, Talita Ferreira, gerente de parcerias estratégicas para Publishers & Desenvolvedores do Google Brasil, é um dos exemplos. Há quatro anos no Google, ela acredita que a formação de grupos mistos de trabalho, além de criar um ambiente inclusivo, promove mais inovações.

Ela, no entanto, acredita que o interesse de mulheres por tecnologia está caindo. “Para se ter uma ideia, cada vez menos meninas se inscrevem em cursos de TI em universidades como a USP”, apontou. “Por que isso está acontecendo? Faltam exemplos?”, questiona. 

A própria Talita tenta ser um deles. Ela dedica 20% do seu tempo para a iniciativa Women Meetup of Google for Entrepreneurs in Google Brazil, que capacita mulheres para usar os produtos do Google para promover o lançamento e o crescimento de negócios na web.

Como é trabalhar no Google?
Engenheira de software do Google em Belo Horizonte, Camila Matsubara trabalha na área de Qualidade de Buscas, que tem a missão de organizar a informação do mundo e disponibilizá-la on-line. “Dizem que uma invenção nunca está terminada. Sempre há algo para melhorar. É isso que fazemos”, assinalou. 

Parte do seu trabalho é aprimorar o motor de buscas do Google, que nos últimos anos passou por grandes transformações. No começo, era uma página simples que mostrava apenas dez resultados. Hoje, sugere termos, mostra imagens, notícias e outros itens. Seu desafio é enorme. “São 3 bilhões de buscas todo dia, sendo que 15% inéditas. Além disso, são informações de 20 bilhões de sites coletadas por dia”, enumerou.

Ela contou que atualmente seu trabalho e do time de Qualidade de Busca concentra-se em três áreas: responder, conversar e antecipar. “O item ‘antecipar’ vai revolucionar o mercado de buscas”, acredita. A ideia da antecipação é fazer com que o Google seja um verdadeiro assistente do usuário, notificando, por exemplo, quanto tempo antes de um voo uma pessoa tem de estar no aeroporto, com base em informações sobre clima e trânsito. Diversas ideias estão sendo testadas no momento.

Cultura da inovação
A geração constantes de ideias, inclusive, é algo bastante incentivado pelo Google e a empresa tem uma metodologia própria para ajudar os googlers, como são chamados os funcionários da empresa, a criar e a tirar ideias do papel. 

Batizado de Design Sprint, trata-se de um processo de cinco dias que busca compreender um problema, separar o que é relevante, decidir qual a melhor solução, prototipar e validar uma ideia.

Durante o Women Techmakers, os participantes foram separados em grupos e tinham de criar uma solução para o Android Wear com base no problema de um personagem. Primeiro, os times foram orientados a anotar cada ideia em um post-it. Depois, deveriam decidir em um gráfico a dificuldade técnica de cada uma delas e o valor para o usuário. 

Feito isso, foi necessário elencar o item mais importante para o usuário para ser desenvolvido. Em outro andar do Google, outro time colocava a mão na massa e escrevia o código para desenvolver uma aplicação para o relógio inteligente do Google.

#Curti, quero trabalhar no Google
Passar no processo seletivo do Google não é tarefa fácil, afinal é uma das empresas mais cobiçadas do mundo, mas não é missão impossível. Além de ter as características técnicas da vaga, o talento tem de falar inglês fluente e esse item é avaliado já no currículo, que não pode apresentar falhas no idioma.

O processo de recrutamento e seleção inclui procedimentos tradicionais como avaliação de currículo e entrevistas. O candidato é entrevistado pelo RH e por profissionais das áreas que estarão diretamente envolvidas com o cargo da vaga. A decisão tem de ser unânime e validada por um comitê independente de aprovação.

Mas o que fazer para conquistar os googlers? Ana Nogueira e Carolina Samel, ambas recrutadoras do Google, ensinam quatro quesitos que devem ser contemplados no processo:

1. Demonstrar capacidade geral cognitiva. É aqui que você deve mostrar que sabe solucionar problemas. Esse é o item mais importante da avaliação, segundo Carolina.
2. Liderança. É preciso mostrar liderança não só de equipes, mas em projetos.
3. Conhecimento específico da função, como habilidades técnicas em determinadas linguagens, por exemplo.
4. Googleyness. Aqui, você deve mostrar que se encaixa na cultura da empresa e muitas vezes desafia o status quo para fazer diferente e superar desafios de forma inusitada.

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