Game over para doenças: como videogames podem ajudar na cura
Rhiju Das é bioquímico na Universidade de Medicina de Stanford, nos Estados Unidos, vê os videogames como além de um jogo de entretenimento. Em seu laboratório, o especialista está recrutando milhares de gamers para ajudá-lo a desenvolver melhores testes para identificar doenças como tuberculose – infecção que ataca os pulmões e atinge um terço da população mundial.
Tudo o que esses viciados em jogos têm de fazer é desenhar uma molécula que possa diagnosticar uma doença na corrente sanguínea de pacientes de forma rápida, simples e barata – coisa que especialistas em saúde ainda não conseguiram realizar.
Para incentivá-los, Das lançou colegas lançou o desafio OpenTB baseado em um videogame on-line chamado Eterna. “Os jogadores serão os inventores”, explica Das em entrevista ao Wall Street Journal. “Qualquer molécula que um player principal possa desenvolver no game, a testaremos no laboratório.”
O projeto é o último de uma série de esforços em pesquisas realizadas por meio de crowdsourcing. A ideia principal por trás do jogo é que ciência é um game que qualquer pessoa pode jogar.
Na última contagem, 1,2 milhão de pessoas de 140 países já participaram de jogos de pesquisa on-line que envolvem física quântica, análise de estruturas protéicas, tester para identificar câncer de mama ou mesmo doenças genéticas.
Com o entusiasmo de jogadores do World of Warcraft ou Doom, os 220 mil usuários registrados no EyeWire, um jogo de ciência desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e pela Universidade de Princeton, mapeiam o labirinto de conexões neurais da retina do olho do mouse.
No Phylo, desenvolvido na MacGrill University, por exemplo, 300 mil jogadores conseguiram indexar cruzamentos de doenças relacionadas a sequências de DNA de dezenas de espécies. Já em Quantum Moves, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, 10 mil players estão aplicando difíceis leis da mecânica quântica para implementar design de computação.
O número de iniciativas do tipo explodiu nos últimos anos e, apesar das dúvidas iniciais sobre a precisão das pesquisas via crowdsourcing, os jogadores têm produzido resultados confiáveis ??e uma dúzia de trabalhos de pesquisa.
As iniciativas unem o melhor dos dois mundos: jogadores que não necessariamente são especialistas em ciências ou medicina, mas que querem empregar seu tempo livre em algo útil e que consideram os jogos um desafio estimulante; e pesquisadores que conseguem reunir uma porção de dados que não conseguiriam de outra forma com a mesma rapidez.