Fraudes bancárias estão mais complexas, mas IA generativa ainda não é solução

Especialistas da Fico dão detalhes sobre complexidade de sistemas financeiros durante o Febraban Tech 2024

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5:30 pm - 28 de junho de 2024
Debbie Cobb, vice-presidente de Gerenciamento de Produtos da Fico e Daniel Arraes, consultor sênior de Negócios Globais da Fico Imagens: Divulgação

As fraudes contra instituições financeiras, tradicionalmente, acontecem quando um terceiro não autorizado assume o controle da conta e rouba as informações. Mas o desafio agora está mais complexo, de acordo com Debbie Cobb, vice-presidente de Gerenciamento de Produtos da Fico, uma vez que existem ameaças mais recentes em que as pessoas estão coagindo e enganando clientes reais para fraudá-los, criando involuntariamente uma transação que eles próprios fizeram, mas que, em última análise, ainda é uma forma de fraude.

“Portanto, existem vários desafios que os bancos têm de enfrentar. E essas estratégias podem diferir um pouco, mas ainda assim, em última análise, voltam a ter ferramentas, modelos e análises de regras e estratégias, para identificar as probabilidades de uma transação ser legítima ou não”, alerta ela.

Para entender esses consumidores, diz a especialista, são usados recursos de análise e aprendizado de máquina para identificar os dois tipos de ameaças. Em resumo, há modelos que identificam fraudes não autorizadas e modelos de análise específicos para golpes.

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Pergunto sobre os desafios em torno da Inteligência Artificial e Debbie brinca que tem uma piada que diz as organizações criminosas têm os mesmos casos de negócios que os das empresas para implementar tecnologia.

“Eles podem usar o ChatGPT para criar uma carta fraudulenta ou comunicação de phishing mais atraente, para que pareça mais eloquente e legítima. É certamente uma ameaça e os bancos precisam ter em mente que, para continuarem um passo à frente, precisam educar os clientes sobre ameaças potenciais que estão por aí e como elas podem se proteger”, revela ela.

A educação cabe tanto aos bancos quanto aos consumidores, de acordo com a especialista. Os bancos precisam, se estiverem monitorando as transações e pensarem que algo pode ser uma fraude, alertar esses clientes para fazê-los repensar. E os  consumidores precisam estar cientes das tendências que estão acontecendo.

IA generativa ainda não está pronta contra fraudes

Ainda assim, a Fico não usa atualmente IA generativa em seus modelos antifraude. Daniel Arraes, consultor sênior de Negócios Globais da empresa, explica que estão estudando a tecnologia e ela vira como uma evolução natural. “Mas a gente trabalha em um mercado muito regulamentado, e nesse mercado, há uma necessidade muito grande de explicar as decisões.”

Essa facilidade de explicar ainda não está desenvolvida muito bem dentro do universo de IA generativa. “Faz todo sentido usá-la, vai ter um ganho de produtividade enorme para as empresas, mas nesse mercado regulamentado a gente tem outros métodos que ainda geram muito valor para as empresas baseado e Machine Learning e tem a vantagem da explicação”, pondera ele.

Para tomar as decisões de forma responsável, você passa pela explicabilidade e por critérios éticos aplicados e hoje a genAI é muito poderosa, mas é tão poderosa que não necessariamente essas barreiras são seladas. “É preciso ainda que a gente tenha mecanismos quando você tem efetivamente um problema nessa tomada de decisão, que ela faz sentido do ponto de vista ético e legal”, comenta Arraes.

Segundo o executivo, há outro ponto de atenção. Os modelos de IA generativa são custosos e pesados para treiná-los. “Vale a pena ter esse modelo? Vale não necessariamente ter um ganho tão grande para essa área? Logico que existem outras N áreas que faz sentido usar genAI, como atendimento ao cliente ou desenvolvimento de código (apesar de ser algo que tem seu risco)”, indaga ele.

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Laura Martins

Editora do IT Forum. Jornalista com mais de dez anos de atuação na cobertura de tecnologia. É a quarta jornalista de tecnologia mais admirada no Brasil, pelo prêmio “Os +Admirados da Imprensa de Tecnologia 2022” e tem a experiência de contribuições para o The Verge.

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