Ford, Intel e Flex falam sobre impacto inovações na sociedade

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3:51 pm - 08 de janeiro de 2017
Ford

Na maior feira de tecnologia do mundo, gadgets e outros aparatos não reinam absoluto. Em meio a milhares de expositores e demonstrações sobre o futuro de uma sociedade altamente conectada e operada por serviços autônomos, diversos painéis discutiram na CES 2017 o impacto dessas tendências nas pessoas. Qual será o futuro do trabalho? A globalização está ameaçada ou ainda tem espaço para consolidação e essas tecnologias contribuirão para o processo? Inteligência artificial vai nos criar um problema muito grande à frente a ponto de não gerenciarmos a perda de emprego que será gerada por ela? A inovação constante de todas as indústrias – levando em consideração que toda empresa será uma companhia de software – trará oportunidades que suplantarão medos e desafios? Executivos gabaritados passaram os últimos dias tentando responder a esses questionamentos. As certezas, obviamente, inexistem. Mas em alguns casos, as posições ajudam a pelo menos vislumbrar um futuro menos assustador. E dessas projeções, a que mais chamou a atenção na cobertura do IT Forum 365 veio de um painel que contou com as participações dos CEOs da Ford, Mark Fields, da Intel, Brian Krzanich, e da Flex, Mike McNamara.

Ao longo de uma hora os executivos foram provocados a comentar as ondas políticas que buscam frear o processo de globalização, mas também a elucidar o que eles entendem que teremos de tecnologia consolidada nos próximos anos e qual o impacto disso numa sociedade problemática, já que o mundo está organizado em ilhas de excelência e continentes de carências. Mark Fields, da Ford, foi o primeiro a falar da globalização, que, na visão dele, acelerou os processos de inovação. Ao se referir as recentes declarações do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de querer inibir a fuga de fábricas ou mesmo investimentos de companhias norte-americanas em outros países, o CEO afirmou que não é porque um presidente pede para não abrir uma fábrica que o processo de globalização acabou. “Toda informação hoje é global por conta da internet. Por que as pessoas ainda questionam? Porque os benefícios foram materializados, mas nem em todas as partes”

Na mesma toada, o CEO da Flex, Mike McNamara defendeu a globalização como sendo uma poderosa força de transformação do mundo. “E ainda temos muita coisa para acontecer nos mercados emergentes e há muito a ser efeito em termos de eficiência”, pontuou, para completar: “E isso não vai parar ainda que alguns governantes contrários alcem o poder. Não se pode forçar uma companhia a não ser competitiva por uma questão política. A indústria já tem produção distribuída e está organizada assim.”

Falando sobre inovação e o que deve acontecer nos próximos anos, já que a própria indústria vende que os ciclos estão cada vez mais curtos e, do outro lado do balcão, CIOs e outros líderes que compram tecnologia não conseguem acompanhar tal velocidade, haverá um momento de parada? Até onde iremos com isso? “Existe muita coisa pra acontecer e não vejo um fim”, disparou o CEO da Intel Brian Krzanich, ao comentar inclusive os avanços em processadores. “Quando estamos perto de um fim, a engenharia vem com alguma tecnologia que muda tudo de novo”, complementou. Mas se a inovação não tem fim e, ao mesmo tempo, ela é associada ao bem estar econômico e social, o que acontece com o mundo atual? 

“As economias não estão crescendo e isso é uma peça que precisa se pensar. Mas inovação transforma sim negócios e, no nosso caso, tem liderado o mercado a crescer rapidamente dentro das possibilidades”, relatou o CEO da Ford. “Tecnologia e inovação lideram transformação e criam empregos, não apenas eliminam postos de trabalho. Se você olhar para sua história de vida, havia pessoas dedicadas apenas a tirar cópias, as coisas mudam e as mudanças estão rápidas, o que torna a adaptação a um novo trabalho mais complicada. Basta avaliar a história para ver que sempre existiram momentos de transição como o atual”, adicionou Krzanich, da Intel.

Inteligência e conexão

Olhando para inovações específicas como inteligência artificial e realidades aumentada e virtual, o CEO da Ford conta que por meio de AR e VR conseguiu melhorar na companhia o design e modelagem de várias coisas, algo que levada muito mais tempo contanto apenas com as capacidades dos profissionais. Voltando ao mercado em geral, Fields entende que AI, aliada à conectividade, transformará a indústria automotiva. “Assim como a indústria automotiva mudou nossas vidas há décadas, veículos autônomos e conectividade vão transformar nossas vidas e torna-las muito melhor”, acredita. 

Na mesma linha, o CEO da Intel vislumbra diversas aplicações para AI e entende que, em três anos, a tecnologia será a vedete para que as empresas possam avaliar e extrair valor do amontoado de dados que é gerado. Para os próximos dez anos, o executivo prevê a tecnologia chegando a um ponto de maturidade onde praticamente tudo poderá ser convertido em processo autônomo. Será que com todo esse potencial é preciso ter medo da inteligência artificial? “Não temo muito quando falo de AI porque há tanta coisa boa que pode vir a partir disso em saúde, em mobilidade, em segurança, as coisas se tornam mais acuradas. AI fará e já faz tão bem à sociedade que não temo tanto. Obviamente, observamos tudo com muito cuidado, em carros autônomos, quanto temos que testar? São N simulações até que estejamos 100% seguros. Sempre existe um risco, mas os benefícios são maiores que o medo”, argumentou. 

“São tantos benefícios e aplicações que podem ser criadas que não se pode fugir. AI tem potencial de criar uma economia nova e interessante”, completou Mike McNamara, concordando com o executivo da Intel. Os três concordaram que não há nada a temer e que na próxima década o mundo será transformado completamente por essas tecnologias. Igualmente, ressaltaram a necessidade de inúmeros testes antes de levar serviços autônomos para o dia a dia das pessoas e da necessidade de começar hoje a treinar as pessoas para os trabalhos do amanhã, sobretudo aquelas não envolvidas nessas transformações em curso ou com baixa qualificação e ocupando posições já ameaçadas com o nível de automação atual.

*O IT Forum 365 viajou a Las Vegas a convite da CTA, organizadora da CES

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