Foco na experiência do usuário faz edge computing avançar

Na Schneider Electric, negócio já está entre os que mais cresce que deve ultrapassar faturamento com data center em conco anos

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11:19 am - 09 de abril de 2018

No mundo das diferentes ondas do mercado de TI, o edge computing, ou computação de borda, traduzindo para o português, parece ser o tópico que os gigantes da indústria escolheram para focar em seus discursos. Não por acaso. Se há 12 anos a computação em nuvem prometia um novo nível de eficiência à TI tradicional, o edge vem para refinar o modelo e deixar o mais próximo possível do usuário o processamento daquilo que é considerado crítico ou cuja aplicação rodando no modelo de cloud tradicional poderia perder em desempenho e prejudicar a experiência numa loja, por exemplo.

A crescente demanda por esse formato leva a Schneider Electric a prever que, em cinco anos, os negócios da empresa com edge computing serão maiores que os com data center, atualmente um segmento que representa mais de 1 bilhão de euros em vendas anuais.

“Trata-se de um negócio de nove dígitos e com grandes perspectivas de crescimento”, resume Dave Johnson, vice-presidente global da divisão de TI da Schneider Electric, em entrevista durante o Innovation Summit, realizado pela fabricante, em Paris. “Em cinco anos será maior que o negócio de data center para a Schneider. O termo cloud tem 12 anos e muita coisa aconteceu nos últimos anos, as empresas levaram muitas aplicações para esse ambiente, mas percebeu-se de muita coisa não faz sentido levar. Hoje, você tem IoT e as aplicações para esse segmento pedem um processamento diferente. Soluções 100% cloud já não atendem”, completou o executivo.

Embora entenda que o cenário de edge computing ainda esteja em formação, assim como aconteceu nos primórdios do conceito da computação em nuvem, o executivo se mostra bastante entusiasmado e afirma que diversos projetos têm surgido, sobretudo no varejo, e comprovado a eficácia do modelo híbrido, ou seja, boa parte da gestão rodando em nuvem e aplicações que influenciam ou interferem na experiência do usuário sendo processadas nas proximidades com o conceito edge.

“São muitas oportunidades e, no fundo, o que você tem são pequenas versões de data center, mas sem a necessidade de pessoal especializado em TI para operar. E em nossa avaliação, varejo hoje é o principal segmento a se beneficiar pela concorrência com sites de e-commerce como Amazon. A experiência numa loja física, fazendo uso de RFID, realidades aumentada e virtual, entre outros, demandam esse processamento local. A operação de uma loja nesse novo contexto ficou mais crítica”, explica Johnson.

Para o vice-presidente de inovação e CTO da divisão de TI da companhia, Kevin Brown, a necessidade do edge computing é latente e também representa uma forma de levar para alguns locais parte da governança e robustez de processamento que se atingiu nos data centers. Questionado se esse tipo de infraestrutura local não representaria uma volta a modelos do passado, ainda que com a eficiência da nuvem, ele refutou.

“Quando viajava no passado levava no máximo um laptop, hoje, além dele vou com iPhone, tablet, tudo o que tiver. E com edge eu vejo esse tipo de necessidade, é um conceito cada vez mais presente. As aplicações estão na nuvem, mas se descobriu que algumas coisas não faziam sentido no modelo cloud, alguns legados e algumas aplicações novas. Mas não vamos voltar ao passado, é como levar um pedaço da nuvem para perto, com intuito de garantir a melhor experiência do usuário.”

No Brasil, o cenário da empresa não difere muito. De acordo com Cleber Morais, presidente da subsidiária brasileira, as expectativas também são altas com edge computing no País e, seguindo o movimento global, varejo deve despontar como principal demandante, repetindo a tendência global.

A fabricante já conta, inclusive, com cases de uso em rede de lanchonetes. No Brasil e nos demais países da América do Sul, aliás, falando especificamente do caso da Schneider, as soluções edge devem ultrapassar as vendas de soluções de data center talvez antes dos cinco anos previstos em nível global, isso porque os grandes provedores de computação em nuvem mantêm suas infraestruturas nos Estados Unidos e Europa.

*O jornalista viajou à Paris a convite da Schneider Electric

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