Esports: gerando empregos e se tornando uma indústria gigante

Em entrevista, Leo De Biase, CEO da ESL Brasil e sócio fundador da BBL, mostra como os esports se tornaram gigantes.

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6:49 pm - 04 de setembro de 2019
Games no Brasil

Olhando para o contexto atual, os games se tornaram algo muito maior e mais colaborativo. Coisa que não víamos no início dos anos 2000, pelo menos não com a mesma intensidade.

Um exemplo bem claro foi a Copa Mundial de Fortnite. Um jovem de 16 anos levou para casa US$ 3 milhões após derrotar 99 outros jogadores. E, vamos concordar, ganhar US$ 3 milhões em uma competição não é algo que acontece todos os dias.

Para nos ajudar a entender esse fenômeno e também como os esports têm se engrandecido, batemos um papo com Leo De Biase. Ele é sócio e fundador da BBL e CEO da ESL Brasil.

Inclusive, ele também participará do IT Forum X no painel “From zero to hero – como fazer carreira nos esports“.

Além dos jogadores, hoje os esports movimentam uma série de outros empregos. “Narradores, apresentadores, organizadores de eventos, administradores, marketing” são algumas carreiras citadas por ele.

Para fazer o mercado de esports crescer no Brasil, “todas essas áreas estão envolvidas e trabalhando”, mas ele também concorda que “precisa-se de mão de obra competente para fazer o segmento ir adiante.”

“O conceito das lan houses acabou”

Leo começou cedo a ter seus primeiros contatos com o mundo dos games. Aliás, ele foi um dos pioneiros no segmento de lan houses no Brasil.

Elas eram muito famosas porque serviam “de ponto de encontro, todo mundo ia pra lá, era onde criavam-se amizades e até equipes (que hoje se tornaram as grandes equipes)”, explica.

Com as mudanças de mercado e necessidades dos jogadores, as coisas foram mudando. “Na época [as lan houses], existiam porque era muito difícil o acesso a computadores de alta performance”, diz Leo.

Um outro ponto que dificultava a propagação dos games, ao menos nesse ponto de vista, era a internet. Ele lembra que “a gente tinha internet discada, e pra ter um link dedicado era preciso pagar um valor muito alto”. Daí as lan houses acabavam concentrando essa força de: 1) computadores bons e 2) internet boa.

Mas, obviamente um PC gamer está muito mais acessível hoje em dia. As peças também, a representatividade das mercas no país. Tudo isso foi colaborando para a massificação, e “o conceito das lan houses foi se acabando.”

Dá pra fazer carreira nos esports?

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A resposta mais curta para essa pergunta, é: sim, dá!

Também fizemos essa pergunta para o executivo, claro. Eles nos contou que os esports partem para um segmento ainda “em ascensão e que chamam a atenção dos gamers“. E o motivo é que eles “veem na carreira de ciberatleta uma chance de trabalhar com seu hobby”.

Mas, ele ressalta que “além de treinar e estudar muito para conseguir viver do seu game favorito”, algumas coisas precisam ser seguidas. Como, por exemplo:

  • Fazer um bom trabalho de marketing administrando redes sociais;
  • Fazendo transmissões de partidas regularmente;
  • Conversando e interagindo com fãs;
  • Tendo participação ativa na comunidade do game escolhido.

“Um ecossistema”

“Mas não é só do ciberatleta que vive o mercado.”

É importante levantar esse ponto. Já citamos que os games geram dezenas de carreiras. E os esports ajudam a criar mais algumas. “Hoje, a gente tá falando de um mercado de R$ 1.5 bilhão aqui no Brasil”, diz Leo.

Ele reforça ainda que tanto a organização quanto os times “precisam montar toda uma estrutura para fazer isso funcionar” e ter “alguma chance de performar bem nos campeonatos.”

“Claro, se formou todo um ecossistema em volta disso [dos esports]”, relaciona o executivo. Leo explica que, além dos times, hoje existem empresas “que cuidam de talentos e produzem todo esse conteúdo [de mídia, direitos autorais e divulgação]”.

Desta forma, como ele acrescenta, os esports partiram de uma indústria de nicho, “que todo mundo via como pequeno, e hoje é um movimento 100% oficial”. “Eu gosto de dizer que hoje nós somos uma indústria tradicional”, acrescenta.

Mas, embora já seja considerada uma indústria grande e que movimenta muita grana, “ainda há um certo preconceito, resistência da família”, diz Leo.

Para ele, hoje a imprensa tem um papel fundamental para propagar o assunto. “Isso ajuda a desmistificar e mostrar para as famílias e marcas que há uma super carreira aí no meio [do segmento]”, completa.

Esports + esportes

Perguntamos como anda a relação dos esports como os esportes. Mais especificamente, falando sobre jogos de futebol; num futuro distópico, imagine se os jogadores de futebol… não estejam mais no estádio, no campo? Bizarro, a gente sabe.

Mas, no cenário atual, as coisas estão confortáveis. Tem muito jogador de futebol que, nitidamente, curte jogar um game. Entre os atletas das duas modalidades, Leo enxerga que “hoje em dia eles têm muitas semelhanças. Alguns deles [jogadores de futebol] são até donos de equipes [de esports]”, finaliza.

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