Escassez de semicondutores na indústria automobilística pode se normalizar no segundo semestre de 2022

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12:00 pm - 21 de dezembro de 2021
chip automotivo

A escassez da cadeia global de semicondutores que atinge a indústria automobilística deve começar a se normalizar a partir do segundo semestre de 2022. A estimativa foi divulgada pela consultoria Bain & Company, que realizou estudo sobre o cenário de componentes global.

Segundo Carlos Libera, sócio da companhia, dado um cenário futuro de aumento de capacidade na produção de semicondutores, é esperado que a situação para as montadoras volte a um ritmo de normalidade a partir da segunda metade do próximo ano.

“A indústria automotiva representa uma parcela menor na demanda por semicondutores, sendo responsável por apenas 10% da receita dos fabricantes de chips. Logo, espera-se que a alocação de capacidade se normalize com mais velocidade em relação a outros setores”, afirma.

Esse é o “cenário base” visto pela empresa, em que a demanda por chips permanece alta por indústrias não-automotivas. Isso, diz a consultoria, deve atrasar a transição da capacidade de fornecimento de semicondutores para a indústria automobilística até o segundo trimestre de 2022

A empresa, no entanto, ressalta problemas estruturais que existem dentro da fabricação de semicondutores e aponta gargalos sensíveis ao longo de toda a sua cadeia. Por conta disso, novos efeitos de escassez podem ocorrer no futuro.

“É importante que a indústria automobilística se antecipe a eventuais rupturas no futuro, sobretudo na maneira como ocorre o planejamento na sua cadeia de suprimentos – seja do ponto de vista de armazenagem de estoques ou de maior aproximação com os fornecedores”, destaca Libera.

Pressão da indústria de consumo

Ainda de acordo com o levantamento, o setor automotivo deve sofrer perdas de receita na ordem de US$ 60 bilhões até o fim deste ano em razão da falta de componentes no processo de produção.

O mercado global de semicondutores movimentou mais de US$ 450 bilhões em 2020, diz a consultoria, sendo que 70% desse montante foi originado da indústria eletroeletrônica, na produção de dispositivos como computadores e smartphones. A indústria automobilística, por sua vez, foi responsável por apenas 10%.

As cadeias de suprimentos de computadores pessoais (PCs) têm encontrado dificuldades para atender a demanda gerada pela crise da Covid-19. A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), empresa que fabrica semicondutores, e a Intel, estão operando no máximo de suas capacidades. Já fabricantes como AMD e Nvidia, estão se deparando com falta substancial de componentes. Demanda por computadores para uso pessoal, em razão do trabalho remoto, crescimento da computação em nuvem e de dispositivos móveis de quinta geração (5G) são motores que aceleram a demanda.

Além disso, há riscos geopolíticos que atrapalham a equação, segundo a consultoria. Os semicondutores são grandes impulsionadores de superávits e déficits comerciais, além de fundamentais para a segurança nacional de países. Isso aumenta o risco de novas intervenções em mercados e cadeias de abastecimento ocidentais e orientais.

Exemplo, diz a Bain, são o apoio do governo chinês às indústrias locais; ameaças comerciais com países como Coreia e Japão; risco de metais provenientes de terras raras na China; e regulamentação do uso de bifenilas policloradas (PCB) pelo governo dos Estados Unidos.

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