Empresas de TI esbarram em falta de garantias para financiamento

Empresas do setor de TI têm esbarrado na falta de garantias para conseguirem financiamento junto a bancos. Nos processos para concessão de crédito, as instituições financeiras exigem garantias para cumprir normativas do Banco Central, como forma de reduzir o risco da operação.

São dois tipos de garantias: reais, que podem ser ser subdivididas em hipoteca, alienação fiduciária e penhor, além das pessoais, que são aval ou fiança. O índice de garantia real deve corresponder a, no mínimo, 130% do valor da operação de financiamento.

Esse é o ponto que as empresas de TI, sobretudo as que estão em estágios iniciais de suas operações, estão esbarrando. Afinal, não há faturamento e faltam recursos.

“Bancos tentam ajudar com fundos investidores etc, mas a garantia é sempre a pedra no sapato. Ela sempre vai ter de existir, porque nenhum fundo cobre 100% da garantia em um financiamento”, comenta Paulo Marques Ferreira, analista econômico-financeiro do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e presidente da associação dos profissionais do banco no Paraná, durante debate no Paraná TIC, evento promovido pela Assespro-PR nesta semana em Foz do Iguaçu (PR).

Estudo da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) junto a empresas do setor mostra que as principais restrições enfrentadas para ter acesso ao crédito em bancos comerciais são: alto custo dos juros bancários (61,33%) e exigência de garantias reais vem logo em seguida, com 56,6& das respostas.

Solução em parceria

Uma solução apontada por Márcio Girão, diretor de inovação da Finep, é buscar alianças com grandes empresas e, dessa forma, a garantia não vem do intangível, mas a partir do tangível dessas empresas consolidadas.

Girão comenta que a Finep, por exemplo, firmou recentemente um crédito de R$ 230 milhões para uma grande empresa, dos quais R$ 40 milhões serão destinados para o ecossistema de empresas de fora que vão cooperar com eles. “Várias empresas que nos procuram estão montando mecanismos similares. Isso gera garantia e a Finep dá essa garantia hoje. O problema é o match making, por isso é essencial que governos e entidades criem mecanismos para gerar essas ligações entre grandes e pequenas empresas.”

Luiz Renato Hauly, diretor de mercado e relações institucionais na Fomento Paraná, cita uma outra modalidade que vem sendo praticada no Estado do Paraná e que pode ser outra solução para companhias que enfrentem esse desafio.

Trata-se das SGC (sociedade garantidora de crédito), mecanismo que oferta uma carta de garantia para empreendedores que não contam com itens como imóvel ou carro para negociar. Segundo Hauly, já são sete sociedades espalhadas pelo estado.

“Temos empresas gigantes no Brasil e que precisam de inovações para seus serviços. Como um empreendedor do Paraná, por exemplo, bate na porta da Petrobras ou da Vale para oferecer um projeto? A garantia de fato é uma barreira, principalmente para startups”, destaca.

Capacitação

Ferreira comenta que outro ponto que tem colaborado negativamente para esse tipo de processo é a aproximação de empresários com instituições financeiras. “O que é mais complicado para o empresário é explicar duas coisas muito simples: quanto ele quer e para que ele quer”, diz.

Ferreira afirma que as empresas em geral não estão estruturadas para elaborar um projeto que consiga passar credibilidade aos bancos. “Meu recado é: procurem capacitação, conversem com órgãos como o Sebrae. Com essas questões estando ok, o processo de financiamento sai muito mais fácil. Pensem na parte de tecnologia, mas também na administrativa. Isso é muito importante”, conclui.

*O jornalista viajou a Foz do Iguaçu (PR) a convite da Assespro Paraná

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