Desenvolvimento ágil está na mira de provedores, atesta pesquisa

Apesar da evolução, relatório da ISG indica que 70% da receita das empresas do setor no Brasil ainda vêm dos modelos tradicionais de entrega

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11:08 am - 06 de novembro de 2018

Os serviços de desenvolvimento e manutenção de sistemas (ADM) no Brasil já ingressaram na era do desenvolvimento ágil, mas a maioria das empresas desse setor depende de abordagens usadas há anos e 70% das receitas ainda são provenientes do desenvolvimento tradicional. É o que mostra pesquisa realizada com 33 provedores do segmento pela Information Services Group (ISG).

O levantamento mostra que o desafio das companhias que atuam no setor é adaptar sistemas de gestão (ERP) e legados para o desenvolvimento ágil. “Há, portanto, bastante espaço para a metodologia crescer”, sintetiza Pedro Bicudo, autor do estudo e sócio da TGT Consult, que atua como parceiro do ISG em solo nacional.

Segundo ele, o levantamento evidencia que há uma grande demanda por serviços de testes e DevOps, com o Brasil mais lento do que as empresas globais. O mercado brasileiro de serviços de ADM para os participantes do estudo cresce cerca de 11% ao ano. Entre os dez melhores provedores em desempenho, no entanto, viram suas receitas saltarem em média 31%. Cinco deles fizeram melhorias significativas em suas ofertas ágeis.

Coletivamente, essas organizações dedicam mais de 70 milhões de horas por ano para mudar ou adicionar novos códigos de aplicativos para empresas brasileiras, de acordo com Esteban Herrera, sócio e líder global da ISG Research. “Ainda assim, eles reconhecem que precisam lidar com a necessidade de velocidade e adotar cada vez mais abordagens ágeis e automatizadas para serviços de ADM.”

Inteligência artificial é tendência

O estudo mostra que a inteligência artificial (AI, na sigla em inglês) é, cada vez mais, usada na manutenção de sistemas. As plataformas de manutenção lançam mão das inteligências artificial e cognitiva para automatizar a classificação de tickets, executar scripts que automatizam a entrega de serviços e aplicam procedimentos de solução de problemas.

Além disso, os provedores estão investindo em plataformas que aceleram o desenvolvimento por meio de bibliotecas, microsserviços, nuvem, programação low code, automação de testes e robôs para escrita de scripts.

Homem/hora

Com um foco maior no desenvolvimento ágil, a maioria dos provedores no relatório agora pode entregar novos releases em até um mês. Os projetos ágeis normalmente têm de oito a dez desenvolvedores trabalhando neles, mas o escalonamento para centenas de desenvolvedores ainda é um desafio. Vários provedores estão usando o Scaled Agile Framework (SAFe), envolvendo dezenas de equipes ágeis dentro do ambiente do cliente, para ajudar a entregar projetos em escala.

“O desenvolvimento ágil deixou para trás o formato de desenvolvimento homem/hora. O trabalho de baixo valor passou a ser automatizado e agora o mercado demanda talentos que criam e não apenas repetem padrões”, analisa Bicudo. “DevOps usa teste contínuo, evita problemas no meio do percurso e ainda reduz o custo do projeto”, completa.

Verticais

O relatório do ISG também examinou as tendências da ADM nas verticais de bancos, serviços financeiros e seguros (BFSI) e manufatura do Brasil. A automação de processos robóticos é agora um componente do desenvolvimento de aplicativos no setor de BFSI, e bancos abertos, micros-serviços, plataformas e Blockchain também são considerações importantes.

Na manufatura, os provedores ainda estão amplamente focados em atualizar os sistemas SAP-ECC legados para o SAP S/4Hana e migrá-los para a nuvem. A maioria das empresas de manufatura no Brasil ainda está em busca dos caminhos para tirar vantagem de avanços como nuvem, internet das coisas e integração da cadeia de suprimentos, aponta o estudo.

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