Data Center Digital: conceito da nova era

Esta é a primeira reportagem da série Data Center Digital, que colocará no ar mais dois episódios (nesta e na próxima semana). Participaram deste especial executivos de dez data centers com importantes atuações no País – Algar, Ascenty, Embratel, Equinix, IBM, Level 3, Locaweb, Sonda, Tivit e T-Systems. Eles desenharam o novo perfil dos data centers, alinhados aos rigores da era digital.

O digital quebrou paradigmas, transformou hábitos, modelos de negócios, mudou o mundo. Para atender às exigências dessa nova era, os centros de dados do planeta estão revendo seus perfis de atuação para estarem em linha com mais essa revolução tecnológica.

O data center da era digital deve ser inteligente, desafiar o tradicional, pensar além, alocar recursos suficientes, desenvolver produtos e serviços digitais e estar preparado para correr riscos maiores. É como Edilson Rodrigues Braga, coordenador de Data Center e Cloud da Algar Tech, descreve o atual perfil desse negócio.

Segundo ele, o coração desse renovado centro de dados é o software. “Tudo é baseado em software e eles são solidamente integrados, descentralizados, resilientes e necessitam minimamente de interações humanas, aumentando a agilidade e proporcionando aos clientes novos patamares de experiência”, avalia.

Com a adoção de conceitos open source, prossegue o executivo, o hardware passa a assumir uma posição coadjuvante nesse cenário e com a evolução dos softwares.

Para Rodrigo Schiavon, líder de Serviços de Infraestrutura IBM América Latina, a crescente demanda de clientes e usuários, novos tipos de cargas de trabalho (vídeos, fotos, imensidão de dados) e tecnologias como analytics, IoT e mobility estão exigindo mais dos data centers.

“Por isso, há necessidade de uma nova arquitetura, pronta para a computação em nuvem e para a expansão, capaz de oferecer economia de custos. O data center da era digital tem de estar apto a operar em um ambiente híbrido, convergindo infraestrutura e soluções dos sistemas legados com plataformas em nuvem privada ou pública”, diz.

Schiavon defende ainda que o data center hoje deve atender rapidamente às demandas de novos aplicativos e picos de negócios. Ele precisa estar sempre disponível (always-on) e garantir a continuidade do negócio, oferecendo contínua performance dos aplicativos para uma melhor experiência do usuário final/cliente.

E acrescenta: “O data center deve ser seguro, tanto fisicamente (estrutura dos servidores) quanto digitalmente (segurança de acessos de dados e a própria segurança de dados). Além disso, tem de ser flexível e elástico, com um modelo de consumo sob demanda (as a service).”

O novo centro de dados deve oferecer redundância e segurança necessárias para garantir alta disponibilidade das operações, avalia Ivan Tancler, gerente de Data Center da Locaweb.

André Magno, diretor de Data Center, Nuvem e Segurança da Level 3 conceitua o centro de dados do futuro como um ambiente ambidestro. “Ao mesmo tempo em que respeita padrões rigorosos para funcionar em missão crítica, também deve ser é ágil, flexível e escalável para habilitar inovações.”

Além disso, ressalta, esses centros devem estar preparados para receber, processar e armazenar enormes quantidades de dados proveniente das mais diversas aplicações de negócios e tecnologias.

Bruno Faustino, diretor-geral de Data Center e Cloud Computing da Sonda, acredita que o data center da era digital é definido por três principais pilares: agilidade, dinamismo e integração.

“A estratégia de infraestrutura deve ser orientada ao negócio e não mais à tecnologia. Hoje, cada vez mais as áreas de negócio e as aplicações se utilizam de metodologias ágeis, antecipando lançamentos de produtos. Assim, a infraestrutura de data center precisa acompanhar esse novo modelo”, diz.

Uma abordagem de interconexão. “É essencial para que as empresas consigam integrar todos os parceiros e necessidades, ao mesmo tempo em que a segurança se torna ainda mais primordial”, destaca Eduardo Carvalho, presidente da Equinix no Brasil.

No novo conceito de data centers, disponibilidade é a principal bandeira, na avaliação de Marcos Siqueira, diretor de Serviços Gerenciados da Ascenty. “ É preciso oferecer 100% de disponibilidade, garantindo aos clientes segurança e conexão. Além de um atendimento qualificado”, diz.

Profissionais 4.0
Nem só de tecnologias de ponta e equipamentos de última geração vivem os data centers do futuro. É preciso aliar um ingrediente vital para garantir altos níveis de eficiência: profissionais 4.0, prontos para operar esses centros repaginados.

Magno, da Level 3, acredita em profissionais com visão holística, capazes de trabalhar em equipes que sejam adaptáveis, para compor times da nova era. “A segregação entre times de “software e hardware” ou “desenvolvimento e infraestrutura” não são mais aplicáveis. Todos devem trabalhar no modelo de colaboração. A única certeza é que algo mudará e o time deve ser o principal agente para fazer das mudanças um sucesso”, destaca.

Os profissionais fundamentais, na avaliação de Armando Amaral, CTO da Tivit, são aqueles especializados nas tecnologias que vão definir essa nova era, como GED, IoT, Analytics e Nuvem (IaaS, PaaS e SaaS). “Outro profissional em alta é o engenheiro de sustentabilidade, que vai auxiliar na otimização das operações do ponto de vista ambiental.”

Para Rachid, da Embratel, os profissionais que atuam em data center devem possuir, cada vez mais, além da visão técnica natural e inerente, uma visão de negócios. “Valorizamos muito os profissionais com a capacidade de ir além da visão puramente técnica”, revela Rachid que também diz ser importante que o profissional proponha soluções de melhoria com visão no negócio, com base nas experiências técnicas.

Carvalho, da Equinix, afirma que o fundamental, hoje, é que os profissionais sejam cada vez mais multidisciplinares. “Ou seja, eles precisam ter a capacidade de adaptação constante sobre as novas tecnologias e metodologias no mercado de data center.”

Além disso, ele prossegue, esse profissional deve colocar o cliente no centro de todas as suas ações, criando possibilidade de evolução dos processos e produtos a todo momento. Os times que trabalham com data centers, afirma, devem ter sempre como objetivo ajudar e suportar as empresas em seu crescimento.

É mandatório ter times com pessoas especializadas e certificadas em segurança física, lógica e em infraestrutura, ressalta Guilherme Barreiro, head de Serviços IoT da T-Systems. “A certificação ATS do Uptime Institute é um exemplo. Ela garante que as pessoas que administram o data center estão habilitadas para tal atividade”, diz.

Cada vez mais os profissionais de data center digital migram de uma orientação a infraestrutura, como servidores, storage e rede, para habilidade de desenvolvedores. É o que afirma Faustino, da Sonda. O executivo acrescenta que os principais profissionais hoje devem ter conhecimentos em DevOps, automação, cloud pública, SDx, redes, virtualização e equipes de arquitetura orientadas à visão financeira e de negócios contra uma visão mais técnica.

No próximo episódio, os executivos vão mostrar arquitetura, tecnologias e serviços que consideram vitais para compor o Data Center Digital.

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